Ao observar registros do século XIX e início do XX, uma dúvida comum surge imediatamente: por que quase ninguém aparece sorrindo? A resposta envolve fatores técnicos, culturais e sociais que moldaram a forma como as pessoas se apresentavam diante das primeiras câmeras.
Como as exposições longas dificultavam qualquer sorriso?
No início da fotografia, especialmente entre 1830 e 1890, as câmeras exigiam longos tempos de exposição de vários segundos a minutos. Para a imagem ficar nítida, o fotografado precisava permanecer completamente imóvel.
Manter um sorriso estático por tanto tempo era praticamente impossível. Qualquer movimento borrava a imagem e comprometia o trabalho do fotógrafo. Por isso, a expressão neutra se tornou a regra: era a mais fácil de manter sem tremer.
Confira abaixo o vídeo no canal do TikTok A Gula (@agulaoc), explicando e aprofundando o assunto sobre a da falta de sorrisos em fotos antigas.
Retratos seguiam a estética séria das pinturas clássicas
Antes da fotografia, o retrato mais comum era a pintura formal. Nela, figuras importantes posavam de maneira elegante, séria e composta. Essa estética foi levada naturalmente para as primeiras fotos, que eram vistas como eventos cerimoniais, dignos de sobriedade.
Sorrir, nesses contextos, era interpretado como falta de postura ou informalidade excessiva. O registro fotográfico era encarado como algo solene, muitas vezes pertencente à elite.
Problemas dentários eram comuns e influenciavam o retrato
Até o início do século XX, tratamentos odontológicos eram escassos, caros e pouco eficazes. Era comum que as pessoas tivessem dentes faltando, escurecidos ou desalinhados. Mostrar os dentes em uma foto não era socialmente desejável.
Assim, manter os lábios cerrados era uma prática social comum, tanto em retratos quanto no convívio diário.

Fotografias eram raras e associadas a momentos formais
Diferentemente de hoje, quando tirar uma foto é algo cotidiano, no passado o registro fotográfico era um evento raro e custoso. As pessoas se arrumavam especialmente para a ocasião, muitas vezes usando suas melhores roupas.
Esse caráter excepcional incentivava poses sérias e comportadas. Retratos de família, casamentos, formaturas e até fotografias póstumas eram encarados como momentos de respeito.
Leia também: Essa cidade de Santa Catarina está sendo apontada como uma das melhores do país.
A cultura do “sorria para a câmera” nasceu somente no século XX
A ideia moderna de sorrir em fotos começou a ganhar força entre as décadas de 1920 e 1950, impulsionada por:
- campanhas publicitárias de produtos de higiene dental,
- popularização do cinema e de celebridades sorridentes,
- câmeras mais rápidas e acessíveis,
- retratos casuais feitos em casa.
À medida que fotografar deixou de ser raro e passou a se tornar parte da rotina, o sorriso se transformou em sinônimo de simpatia, felicidade e naturalidade.










