Em situações de medo, surpresa ou expectativa intensa, muitas pessoas relatam sentir um frio na barriga, como se o estômago tivesse “virado”. Essa sensação é comum e está diretamente ligada à forma como o corpo reage ao estresse agudo, envolvendo a ação coordenada de hormônios, do sistema nervoso autônomo e de mudanças rápidas na circulação sanguínea, sem que isso represente, na maioria das vezes, um problema de saúde grave.
O que é a adrenalina e por que ela é liberada pelo corpo
A adrenalina, também chamada de epinefrina, é um hormônio e neurotransmissor produzido principalmente pelas glândulas suprarrenais, localizadas acima dos rins. Ela é liberada em maior quantidade quando o corpo percebe uma situação de estresse, perigo ou forte emoção, ativando a clássica resposta de “luta ou fuga”, como explica a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Quando o cérebro identifica um estímulo ameaçador ou muito intenso, regiões como o hipotálamo acionam o sistema nervoso autônomo. Em seguida, as glândulas suprarrenais liberam adrenalina na corrente sanguínea, que age em vários órgãos ao mesmo tempo, aumentando a frequência cardíaca, elevando a pressão arterial e alterando o fluxo de sangue para músculos e órgãos internos.
Por que sentimos frio na barriga e qual o papel do sistema nervoso autônomo
O sistema nervoso autônomo controla funções involuntárias do corpo, como batimentos do coração, respiração, digestão e diâmetro dos vasos sanguíneos. Ele é dividido em sistema simpático e parassimpático, sendo que a adrenalina atua principalmente sobre o simpático, ligado às respostas de alerta e preparação rápida do organismo.
Quando a adrenalina entra em ação, o sistema simpático redireciona o sangue para os músculos esqueléticos e para o coração, reduzindo o fluxo para o trato gastrointestinal. Essa redistribuição provoca uma queda temporária da atividade digestiva e pode gerar a sensação de vazio, peso ou frio na barriga, muitas vezes descrita como um estômago que “gela” ou “aperta”.
Para aprofundarmos no tema, trouxemos o vídeo do Professor Paulo Jubilut:
@paulojubilut Por que a gente sente frio na barriga? #aprendanotiktok #TokDoEnem #biologia #frionabarriga ♬ som original – jubilut
Como o sistema nervoso entérico se relaciona com o frio na barriga
O intestino possui uma rede extensa de neurônios, chamada de sistema nervoso entérico, frequentemente apelidada de “segundo cérebro”. Esse conjunto de células nervosas se comunica ativamente com o cérebro por meio de vias complexas, formando o chamado eixo intestino-cérebro, muito estudado em contextos de estresse e ansiedade.
Alterações súbitas no tônus dos vasos sanguíneos e na motilidade intestinal, estimuladas pela adrenalina, podem gerar movimentos diferentes da rotina digestiva. Isso contribui para a impressão de que o estômago “vira”, produzindo não só o frio na barriga como também, em algumas pessoas, cólicas leves, vontade de ir ao banheiro ou sensação de desconforto abdominal passageiro.
Como a adrenalina age em diferentes partes do corpo
A ação da adrenalina não se limita ao abdômen; ela desencadeia uma série de efeitos em cadeia para priorizar a sobrevivência e o desempenho físico imediato. Entidades como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia descrevem detalhadamente esses efeitos, que representam uma adaptação fisiológica ao estresse físico e emocional.
Entre as principais respostas observadas quando há uma descarga de adrenalina, destacam-se alterações em diversos órgãos e sistemas do corpo:
- Coração: aumento da frequência e da força dos batimentos, acelerando a circulação e levando mais oxigênio aos músculos.
- Pulmões: dilatação dos brônquios, facilitando a entrada de ar e melhorando a oxigenação do sangue.
- Músculos: maior aporte de sangue e energia, favorecendo movimentos rápidos e vigorosos.
- Pele: em algumas situações, palidez ou sudorese, devido à alteração do calibre dos vasos sanguíneos.
- Aparelho digestivo: redução temporária da motilidade e da secreção, o que ajuda a explicar o frio na barriga e a sensação de “nó” no estômago.
Qual é a relação entre frio na barriga, adrenalina e ansiedade
Em muitos casos, o frio na barriga está diretamente relacionado a quadros de ansiedade, especialmente quando o indivíduo antecipa um evento como ameaçador ou extremamente importante. Nessa situação, o corpo responde antes mesmo de o fato acontecer, liberando adrenalina de forma semelhante ao que ocorre em situações reais de perigo.
Alguns fatores frequentemente associados à ansiedade e à sensação de frio na barriga incluem preocupação excessiva com o futuro, tensão muscular constante, alterações intestinais, palpitações e respiração acelerada. Quando essa resposta se torna muito frequente ou intensa, o organismo permanece em estado de hipervigilância, o que pode prejudicar sono, concentração, humor e qualidade de vida.

Como lidar com o frio na barriga em situações de estresse
Embora o frio na barriga seja um fenômeno fisiológico esperado, algumas estratégias podem reduzir o desconforto em momentos de maior estresse. Técnicas de respiração lenta e profunda, relaxamento muscular e mindfulness ajudam a atenuar a resposta do sistema simpático, favorecendo a ação do sistema parassimpático, associado ao relaxamento e à retomada das funções digestivas.
Além disso, hábitos saudáveis como sono regular, alimentação equilibrada e prática de atividade física contribuem para um eixo hormonal mais estável e uma resposta ao estresse mais controlada. Quando o frio na barriga vem acompanhado de outros sintomas intensos de ansiedade ou interfere de forma significativa na rotina, é recomendado buscar avaliação profissional com endocrinologistas, psiquiatras ou psicólogos, que podem investigar transtornos associados e propor abordagens terapêuticas adequadas.







