Em momentos de susto intenso ou ameaça real, muitas pessoas relatam a sensação de “frio na espinha”, como se uma corrente gelada atravessasse as costas. Essa reação faz parte de um conjunto de respostas rápidas do corpo diante do medo, coordenadas principalmente pelo sistema nervoso autônomo e por hormônios como adrenalina e dopamina, ajudando a preparar o organismo para reagir em situações de possível perigo.
O que é exatamente o “frio na espinha” em situações de medo intenso
O chamado “frio na espinha” é uma sensação física que combina alterações na circulação sanguínea, na temperatura da pele e na atividade de músculos ao redor da coluna e da nuca. Quando o cérebro interpreta algo como ameaça, a divisão simpática do sistema nervoso autônomo é ativada quase instantaneamente, reorganizando o fluxo de sangue e priorizando órgãos vitais.
Nessa redistribuição, a pele – especialmente nas extremidades e costas – recebe menos sangue por alguns instantes, o que gera sensação de frio local e até palidez. Ao mesmo tempo, os músculos eretores dos pelos se contraem, produzindo o arrepio que pode se espalhar pela nuca, couro cabeludo e braços, semelhante ao que ocorre em ambientes frios, mas disparado aqui por um estímulo emocional.
Essa sensação também é comum nos casos de ansiedade, como explica o vídeo do perfil @banheira.de.curio:
@banheira.de.curio Por que sentimos um frio na barriga quando estamos ansiosos? #curiosidade #vocesabia #interessante #conhecimento ♬ som original – banheira de curiosidades
Como o sistema nervoso desencadeia a resposta de medo no organismo
O processo começa em regiões cerebrais que avaliam riscos, como a amígdala cerebral, responsável por identificar sons súbitos, imagens ameaçadoras ou situações de perigo potencial. Ao perceber uma ameaça, a amígdala envia sinais ao hipotálamo, que coordena o sistema nervoso autônomo e inicia a resposta de “luta ou fuga”.
Nesse estado, uma sequência de eventos acontece em frações de segundo, aumentando a prontidão física e mental. Essa integração entre cérebro, nervos e músculos explica por que o “frio na espinha” surge de forma tão imediata, sem depender de raciocínio consciente e funcionando como um reflexo de proteção.
- Ativação do sistema nervoso simpático, preparando o corpo para reação rápida;
- Aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial para levar mais oxigênio aos músculos;
- Desvio do fluxo sanguíneo da pele e do sistema digestivo para regiões essenciais;
- Estimulação dos músculos eretores dos pelos, contribuindo para o arrepio ao longo da coluna.
Qual é o papel da adrenalina no “frio na espinha” e na reação ao medo
A adrenalina, ou epinefrina, é um dos principais hormônios liberados em situações de medo intenso, produzida pelas glândulas suprarrenais. Ao cair na corrente sanguínea, ela amplifica a resposta iniciada pelo sistema nervoso, intensificando a sensação de alerta e contribuindo para a sensação de calafrio na coluna.
Entre seus efeitos, destacam-se a aceleração do coração, a dilatação das vias respiratórias e a contração de vasos na pele, o que colabora para o frio e a palidez. A adrenalina também eleva a tensão muscular, inclusive na nuca e nas costas, potencializando o arrepio em situações como uma freada brusca no trânsito ou um barulho inesperado à noite.

De que maneira a dopamina participa da resposta ao medo intenso
Enquanto a adrenalina está mais ligada à preparação imediata para a ação, a dopamina atua em circuitos de motivação, aprendizado e recompensa, mas também participa de respostas ao medo. Em contextos ameaçadores, ela ajuda o cérebro a registrar a experiência, modulando a forma como o evento é percebido e armazenado na memória.
No contexto do “frio na espinha”, a dopamina não é a principal responsável pela sensação física, mas influencia o estado de atenção e a lembrança de situações assustadoras. Em alguns casos, lembrar um episódio marcante pode reativar parte da resposta corporal, incluindo o calafrio na coluna, reforçando comportamentos de evitação de risco no futuro.
- A dopamina auxilia na formação de memórias ligadas a perigo e alerta;
- Contribui para um foco atencional intenso diante de sinais de ameaça;
- Reforça comportamentos de evitar situações que já causaram medo intenso.
Por que o “frio na espinha” continua útil na vida moderna
Mesmo em 2025, com a maior parte da população em ambientes urbanos e tecnológicos, o corpo mantém mecanismos herdados de ancestrais que lidavam com predadores e perigos físicos. O “frio na espinha” funciona como um sinal de alerta de alta intensidade, indicando que o cérebro detectou algo potencialmente ameaçador, seja um risco físico, emocional, social ou simbólico.
Essa resposta ajuda a direcionar a atenção, acelerar decisões e afastar a pessoa de cenários avaliados como inseguros, colaborando para a preservação da integridade física e emocional. Embora possa ser desconfortável, o arrepio na espinha mostra que os sistemas de defesa – nervos, hormônios e reflexos musculares – continuam trabalhando para manter o organismo preparado frente aos desafios da vida contemporânea.








