Ao abordar as causas do aumento da obesidade entre adultos em países desenvolvidos, pesquisadores destacam fatores que vão além da prática de atividades físicas. Diversos estudos, inclusive análises publicadas em 2025, apontam que a ingestão calórica é o principal motor da elevação do índice de massa corporal em larga escala. Alimentação inadequada, altos níveis de estresse, baixa massa muscular e o sedentarismo aparecem como elementos secundários, mas crescentes, na composição desse quadro.
Especialistas em nutrição analisam que, por mais que a redução da atividade física seja prejudicial à saúde, ela exerce papel muito menos relevante na gênese do excesso de peso em contraste com o padrão alimentar. Números recentes reforçam que a quantidade de calorias ingeridas no dia a dia ultrapassa, muitas vezes, a capacidade individual de gasto energético. Essa diferença pode explicar o aumento no número de casos de obesidade registrados em diversas gerações.
O que é a obesidade e por que ela preocupa?
A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, refletido geralmente em altos valores de índice de massa corporal (IMC). O problema é considerado grave pelas principais autoridades de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), pois está relacionado a doenças crônicas, entre elas diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e até certos tipos de câncer. O cenário atual evidencia que a prevalência da condição cresce tanto em países ricos quanto em nações em desenvolvimento, colocando pressão sobre sistemas de saúde e gerando impactos socioeconômicos significativos.
Alimentação ou sedentarismo: qual pesa mais no aumento da obesidade?
A discussão sobre os principais determinantes da obesidade tem se intensificado com a publicação de novos trabalhos científicos. Um estudo de abrangência internacional analisou os hábitos de mais de 4.000 adultos ao redor do mundo, comparando tanto rotinas de povos tradicionais quanto de trabalhadores urbanos. Os resultados revelaram que, mesmo em populações com diferentes graus de atividade física, o total de energia utilizada pelo corpo, uma vez ajustado para o peso, era bastante semelhante. Isso indica que a diferença mais notável está na quantidade de calorias ingeridas, e não tanto na redução de calorias gastas.
Com base nesses achados, os pesquisadores concluíram que a ingestão excessiva de calorias, especialmente na forma de alimentos ultraprocessados, é cerca de dez vezes mais impactante que a diminuição dos níveis de movimentação. Portanto, hábitos alimentares inadequados figuram como origem principal do avanço do excesso de peso em escala global.

Como os alimentos ultraprocessados contribuem para o excesso de peso?
O consumo de alimentos ultraprocessados é um vetor importante na epidemia de obesidade. Esses produtos, ricos em açúcares, gorduras, aditivos e sódio, costumam ser altamente palatáveis, o que pode favorecer o consumo exagerado. Além disso, sua alta densidade calórica faz com que pequenas porções tenham grande quantidade de energia, dificultando a percepção da saciedade durante a alimentação.
- Baixa saciedade: Alimentos ultraprocessados não promovem sensação de saciedade de forma efetiva, estimulando o consumo repetido.
- Alta absorção energética: A estrutura e textura desses produtos facilitam a absorção rápida pelo organismo, muitas vezes antes mesmo de ocorrer o sinal natural de saciedade.
- Alteração metabólica: Estudos sugerem que a composição desses itens pode influenciar negativamente o metabolismo, promovendo inflamação e maior tendência ao armazenamento de gordura corporal.
Diante desse quadro, as autoridades têm defendido políticas públicas para limitar o acesso a esses alimentos e estimular escolhas mais naturais e menos industrializadas. O desenvolvimento de habilidades culinárias simples e a preferência por itens frescos ou minimamente processados são recomendados como estratégias de enfrentamento.
Qual o papel do exercício físico na prevenção de doenças associadas à obesidade?
Embora a ingestão calórica seja o fator mais determinante para o ganho de peso, a prática de atividade física não deve ser subestimada. A movimentação regular contribui principalmente para melhores índices de saúde cardiovascular, além de favorecer a saúde mental e a longevidade. A manutenção ou o aumento da massa muscular, por exemplo, colabora para um metabolismo mais eficiente, facilitando a queima de gordura corporal.
Estratégias recomendadas por especialistas incluem a adoção de treinamentos progressivos, com ênfase em fortalecimento muscular. Essa abordagem pode ser combinada ao incentivo de ações cotidianas mais dinâmicas, como caminhadas, uso de escadas e práticas esportivas coletivas. A soma desses fatores potencializa o gasto calórico total, sem perder de vista os benefícios adicionais que vão além da balança.
Quais mudanças são indicadas para prevenir a obesidade?
A prevenção da obesidade passa, de acordo com a literatura especializada, por uma série de mudanças comportamentais sustentáveis, focadas principalmente na alimentação. O combate ao excesso de peso envolve não apenas cortar calorias indiscriminadamente, mas buscar substituições inteligentes e a compreensão dos impactos de cada escolha alimentar.
- Moderação calórica: Manter o equilíbrio entre o que se consome e o que se gasta diariamente.
- Limitação de alimentos ultraprocessados: Dar preferência para alimentos in natura, grãos integrais, frutas, legumes e proteínas magras.
- Promoção de atividades físicas regulares: Incorporar o movimento no cotidiano, respeitando as preferências individuais.
- Gerenciamento do estresse: Praticar técnicas como meditação, respiração e cuidados com o sono, visando evitar alterações metabólicas induzidas pelo estresse crônico.
- Acompanhamento profissional: Buscar apoio de nutricionistas e profissionais de saúde na individualização de estratégias.
Ao investir no controle da ingestão calórica, aliado a melhores escolhas nutricionais e a um estilo de vida menos sedentário, é possível enfrentar a obesidade e reduzir os riscos associados a doenças crônicas. Adotar uma alimentação equilibrada, com alimentos menos processados, surge como medida prioritária, reforçando a importância da educação alimentar desde a infância até a vida adulta.









