A canela (Cinnamomum verum) é uma das especiarias mais antigas da história humana, utilizada há milênios tanto na culinária quanto na medicina tradicional. Extraída da casca de árvores do gênero Cinnamomum, essa planta apresenta compostos bioativos com importantes efeitos terapêuticos.
- Ação anti-inflamatória que contribui para o alívio de dores e processos inflamatórios crônicos
- Propriedade antioxidante com potencial para combater o envelhecimento celular
- Controle da glicemia, auxiliando no equilíbrio do açúcar no sangue
Propriedade Anti-inflamatória
Um dos benefícios mais relevantes da canela é sua ação anti-inflamatória, atribuída principalmente à presença de compostos como o cinamaldeído e os eugenóis. Esses fitoquímicos atuam inibindo enzimas pró-inflamatórias, como a ciclooxigenase-2 (COX-2), ajudando a aliviar dores e inflamações. Essa propriedade é amplamente reconhecida por pesquisadores em farmacognosia, como relatado por Matos.
“O óleo essencial de canela apresenta efeito anti-inflamatório relevante, sendo eficaz na inibição de processos inflamatórios graças ao cinamaldeído” (MATOS, 2009).
Ação Antioxidante
A canela é rica em flavonoides e polifenóis, como o ácido cinâmico, que neutralizam os radicais livres, protegendo as células contra o estresse oxidativo. Esse efeito contribui para a prevenção de doenças crônicas, como câncer e enfermidades cardiovasculares. Segundo Wagner e Bladt, esses compostos estão entre os principais responsáveis pela potente ação antioxidante da planta.
“Os extratos etanólicos de canela demonstraram elevada capacidade antioxidante, superior a 80% em testes laboratoriais, atribuída aos seus altos níveis de flavonoides” (WAGNER; BLADT, 2001).

Regulação da Glicemia
Estudos apontam que a canela pode auxiliar no controle da glicose sanguínea, especialmente em pessoas com resistência à insulina ou diabetes tipo 2. Compostos como o metil-hidroxichalcona parecem imitar a insulina, aumentando a captação de glicose pelas células. A ação hipoglicemiante da canela foi explorada em detalhes por Khan et al. em um estudo clínico publicado no Diabetes Care.
“A ingestão de 1 a 6g de canela por dia reduziu significativamente os níveis de glicose em jejum em pacientes com diabetes tipo 2, demonstrando sua eficácia como agente auxiliar no controle glicêmico” (KHAN et al., 2003).
Atividade Antimicrobiana
O óleo essencial da canela, rico em cinamaldeído, também possui potente ação antimicrobiana. Ele é capaz de inibir o crescimento de bactérias gram-positivas e gram-negativas, além de fungos como a Candida albicans. Esse efeito é especialmente útil na conservação de alimentos e no tratamento de infecções leves. Uma revisão publicada por Burt corrobora essa aplicação.
“O cinamaldeído presente no óleo de canela mostrou ampla atividade antimicrobiana contra diversos patógenos alimentares e microrganismos de interesse clínico” (BURT, 2004).
Estímulo à Digestão
Tradicionalmente, a canela é usada como digestivo natural. Seus óleos essenciais estimulam a secreção salivar e gástrica, facilitando a digestão e aliviando sintomas como inchaço e gases. Essa aplicação é reconhecida na fitoterapia e tem respaldo na obra de Carvalho.
“A canela atua como carminativa e digestiva, auxiliando no tratamento de dispepsias funcionais e flatulência, graças à presença de compostos aromáticos voláteis” (CARVALHO, 2004).

Como usar a canela no dia a dia com segurança
Para aproveitar os benefícios medicinais da canela, recomenda-se seu uso em preparações como:
- Chás digestivos com paus de canela fervidos por 5 a 10 minutos
- Adição de canela em pó sobre frutas, mingaus ou cafés
- Uso moderado de óleo essencial diluído (em difusores ou formulações tópicas específicas)
Apesar dos benefícios, o consumo excessivo da variedade canela-cássia (mais comum e barata) pode representar riscos devido ao alto teor de cumarina. Por isso, prefira a canela do tipo Ceylon (canela verdadeira) para uso medicinal.
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Canela é um potente aliado natural à saúde
- A canela possui ação anti-inflamatória, antioxidante, digestiva e antimicrobiana comprovada por estudos científicos
- O controle glicêmico é um dos efeitos mais estudados, com evidência de eficácia em pacientes com diabetes tipo 2
- Fontes acadêmicas como Matos, Wagner e Khan demonstram a segurança e o potencial terapêutico do uso moderado da planta
Referências Bibliográficas
- BURT, S. Essential oils: their antibacterial properties and potential applications in foods—a review. International Journal of Food Microbiology, v. 94, p. 223-253, 2004.
- CARVALHO, Paulo César. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. São Paulo: Instituto Plantarum, 2004.
- KHAN, Alam et al. Cinnamon improves glucose and lipids of people with type 2 diabetes. Diabetes Care, v. 26, n. 12, p. 3215-3218, 2003.
- MATOS, Francisco José de Abreu. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Fortaleza: UFC, 2009.
- WAGNER, Hildebert; BLADT, S. Plant Drug Analysis: A Thin Layer Chromatography Atlas. 2. ed. Berlin: Springer-Verlag, 2001.









