A diferença entre quem cresceu nas décadas de 1960 e 1970 e as crianças da geração Alfa não se resume apenas à idade. Trata-se de realidades cotidianas opostas: de um lado, uma infância marcada por brincadeiras na rua, tarefas domésticas e poucas distrações tecnológicas; de outro, um ambiente dominado por telas, conexões instantâneas e inteligência artificial.
Quais realidades marcam a geração de 1960 e 1970 e a geração Alfa hoje
Na geração que hoje está na faixa dos 50 e 60 anos, a rotina costumava ser mais lenta e exigente, com pouco acesso a bens de consumo e contatos sociais mais presenciais. O tempo livre era preenchido com atividades comunitárias, o que fortalecia um senso de autonomia, colaboração e pertencimento ao bairro e à família.
Já a geração Alfa, nascida entre aproximadamente 2010 e 2025, cresce em um contexto de abundância de estímulos digitais, acesso facilitado à informação e menor tolerância à espera. Esse ritmo acelerado ajuda a entender por que determinadas competências emocionais são mais evidentes em quem foi criança há meio século, enquanto as crianças atuais desenvolvem maior agilidade tecnológica e pensamento multitarefa.

Quais habilidades emocionais se destacam na geração de 1960 e 1970
Estudos em psicologia apontam que o estilo de vida simples e rigoroso das décadas de 1960 e 1970 favoreceu o desenvolvimento de habilidades emocionais hoje menos frequentes. A chamada tolerância à frustração se destacava, pois falhas em provas, conflitos na escola ou atrasos em pagamentos eram enfrentados com menos recursos tecnológicos e mais negociação direta.
Outro traço observado nessa geração é a paciência: quase tudo envolvia espera, como filas em bancos, cartas demoradas e atendimento presencial. Esse cenário fortalecia o contentamento com recursos limitados e estimulava decisões mais refletidas diante das dificuldades, ampliando a sensação de responsabilidade pessoal pelas próprias escolhas.
Por que a geração de 1960 e 1970 desenvolveu mais paciência no cotidiano
A palavra-chave central nesse debate é a paciência. A geração que cresceu sem internet, smartphones ou redes sociais experimentava um cotidiano em que poucas coisas eram instantâneas, como ligações em telefones fixos compartilhados. Para falar com alguém distante, era comum escrever cartas, o que exigia organização, espera e planejamento das conversas.
Além disso, a divisão de tarefas em casa surgia cedo, com crianças e adolescentes cuidando de irmãos, ajudando em reparos ou colaborando na renda familiar. Esse tipo de responsabilidade fortalecia a autonomia e a tolerância à incomodidade, pois nem sempre era possível escolher apenas o que era agradável, o que gerava um treino contínuo de disciplina, foco e persistência.
Como a tecnologia atual influencia o comportamento da geração Alfa
Enquanto as pessoas nascidas em 1960 e 1970 tiveram contato tardio com computadores e internet, a geração Alfa já nasce conectada a tablets, celulares e assistentes virtuais. Esses recursos favorecem competências como agilidade digital, acesso rápido à informação, habilidade em jogos complexos e familiaridade com ferramentas de inteligência artificial desde os primeiros anos de vida.
Esse ambiente, porém, pode impactar a concentração prolongada e a forma de lidar com o tédio, pois notificações e vídeos curtos competem pela atenção. Pesquisas como as de Carr (2010), Twenge (2017) e Odgers e Jensen (2020) mostram que contextos hiperconectados tendem a fragmentar o foco, aumentar a busca por recompensas imediatas e reduzir situações espontâneas em que a criança precisa aguardar, negociar ou resolver conflitos cara a cara.
- Menos tempo de espera em compras online, entregas rápidas e conteúdo sob demanda, reduzindo o treino de paciência;
- Conflitos mediados por telas, com discussões por mensagens, o que diminui o desenvolvimento do diálogo presencial;
- Recompensas imediatas em jogos e aplicativos, que oferecem prêmios rápidos e limitam a exposição à frustração prolongada.
Para aprofundar no tema, trouxemos o vídeo do Instituto Sergio Lima:
@institutosergiolima 📸 Geração Alfa: O Desafio da Conexão e do Foco 💡 A Geração Alfa nasceu com o smartphone na mão, e isso traz desafios enormes! A hiperconectividade pode levar a: Ansiedade e Impulsividade: O excesso de telas e a busca por recompensas instantâneas afetam a saúde mental. Dificuldade de Foco: A constante multitarefa e o imediatismo prejudicam a concentração e a paciência. Riscos Online: Exposição precoce a conteúdos inadequados, falta de privacidade e cyberbullying exigem atenção. É essencial mediar o uso da tecnologia para proteger o desenvolvimento da empatia, das habilidades sociais e do bem-estar emocional das nossas crianças. Como podemos ajudar a Geração Alfa a prosperar de forma equilibrada? Estabeleça Limites: Defina horários e zonas livres de tela. Incentive o Contato Físico: Priorize brincadeiras ao ar livre e interações presenciais. Ensine Cidadania Digital: Converse sobre segurança, privacidade e uso consciente da internet. Compartilhe sua opinião! Qual é o maior desafio que você vê na educação da Geração Alfa? 👇 #GeraçãoAlpha #EducaçãoDigital #ParentalidadeConsciente #SaúdeMentalInfantil #DesafiosDoFuturo ♬ som original – Instituto Sergio Lima
Quais são os principais traços emocionais da geração de 1960 e 1970
Especialistas em comportamento destacam um conjunto de características frequentemente associadas à geração nascida entre 1960 e 1970, marcadas por um contexto social e econômico mais simples. Essas tendências, porém, se combinam a fatores familiares e culturais que moldam a personalidade de cada indivíduo e influenciam como lidam com desafios, mudanças e novas tecnologias.
- Paciência desenvolvida em um cotidiano mais lento e com menos respostas imediatas.
- Tolerância à frustração pelo contato constante com dificuldades materiais e poucas recompensas instantâneas.
- Autonomia estimulada por responsabilidades domésticas e profissionais assumidas mais cedo.
- Regulação emocional associada à necessidade de administrar sentimentos com menos exposição pública.
- Satisfação com o que se tem em um cenário de consumo mais restrito e valorização do que é duradouro.
- Tolerância à incomodidade com maior aceitação de desconfortos físicos e emocionais cotidianos.
- Capacidade de concentração treinada em atividades analógicas longas, como leituras e trabalhos manuais.
Ainda que esses padrões sejam recorrentes, cada pessoa carrega uma história própria e única, independentemente da geração a que pertence. Há crianças da geração Alfa com alto nível de paciência e adultos das décadas de 1960 e 1970 com baixa tolerância à frustração. Em 2025, o desafio é integrar habilidades emocionais de contextos passados e presentes, usando a tecnologia de forma consciente e incentivando paciência, autonomia e foco em todas as idades.
Quais são as principais referências bibliográficas sobre gerações e tecnologia
CARR, N. The shallows: what the internet is doing to our brains. New York: W. W. Norton, 2010.
TWENGE, J. M. iGen: why today’s super-connected kids are growing up less rebellious, more tolerant, less happy—and completely unprepared for adulthood. New York: Atria Books, 2017.
ODGERS, C. L.; JENSEN, M. R. Adolescent mental health in the digital age: facts, fears, and future directions. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 61(3), 336–348, 2020.









