Entre fraldas, reuniões de trabalho, tarefas escolares e noites maldormidas, muitas mães carregam pensamentos que raramente são compartilhados. São ideias silenciosas, nascidas do cansaço, da sobrecarga e da responsabilidade constante de cuidar de outra vida. Apesar de discretas, essas reflexões fazem parte da rotina de inúmeras mulheres ao redor do mundo e, quando são acolhidas, podem se transformar em ponto de partida para mais autocuidado, empatia e saúde emocional.
O que são as confissões secretas de mães
De forma geral, esse conjunto de pensamentos inclui dúvidas, frustrações e cansaços que entram em choque com a imagem idealizada da “mãe que dá conta de tudo”. Entre as confissões mais recorrentes estão o desejo de ter um dia inteiro só para descansar, o medo de estar errando na criação dos filhos e a saudade da vida antes da maternidade.
Psicólogos explicam que tais ideias não indicam falta de amor, mas sim os limites naturais de qualquer ser humano. Em meio a jornadas duplas ou triplas, mudanças no corpo e ajustes na vida social, é comum surgir a sensação de estar improvisando ou de ter perdido parte da própria identidade, o que pode aumentar o risco de ansiedade e exaustão emocional (Meeussen; Van Laar, 2018).
Esse debate tomou as redes sociais. Por isso, trouxemos o vídeo da pediatra Amanda Prado:
@ped.amandaprado Ser mãe é viver entre extremos, é sentir a culpa por desejar um tempo só, mas também saber que esse respiro é parte do cuidado consigo mesma. Mas tudo isso não diminui o amor, pelo contrário, faz parte da intensidade de ser mãe todos os dias. Ser real, com suas forças e fragilidades, também é uma forma de amar profundamente. Dra. Amanda Prado | Médica Pediatra CRM-SC 19653 | RQE 16235 Rua Jair Hamms, 241 Contato: (48) 99180-1122 Atendimento online para todo o Brasil #maternidade #pediatra #pediatria ♬ som original – ped.amandaprado
Quais são as confissões secretas de mães mais comuns
Embora cada história seja única, algumas verdades silenciosas da maternidade aparecem com frequência em relatos anônimos, grupos de apoio e consultórios de terapia. Essas experiências mostram que, por trás da imagem pública de organização e felicidade, muitas mães lidam com conflitos internos intensos.
Entre as confissões relatadas, estão pensamentos que vão do desejo de pausa até o medo de não ser boa o suficiente, como os exemplos a seguir:
- Dúvida constante: o pensamento recorrente de “e se estiver fazendo tudo errado?”.
- Vontade de fugir por um dia: não para abandonar a família, mas para descansar sem interrupções.
- Comparação com outras mães: a impressão de que todas as outras lidam melhor com os desafios diários.
- Saudade da vida antiga: lembrar com frequência das saídas espontâneas, do tempo livre e da autonomia.
- Cansaço emocional: sensação de esgotamento, mesmo amando profundamente os filhos.
Por que muitas mães escondem esses pensamentos
Uma das razões mais citadas é a expectativa social em torno da maternidade perfeita. Em muitas culturas, ainda se associa ser mãe à dedicação irrestrita, à abnegação e à paciência sem fim, o que faz com que qualquer desejo de descanso ou espaço próprio seja visto, injustamente, como egoísmo.
A construção desse ideal é reforçada por imagens editadas e relatos parciais nas redes sociais. Enquanto as dificuldades ficam nos bastidores, o que aparece são aniversários bem organizados, casas arrumadas e crianças sorridentes, alimentando a comparação constante e a necessidade de esconder cansaço e frustrações.
Como lidar de forma saudável com as confissões secretas
Profissionais de saúde recomendam encarar essas confissões como sinais de alerta de que algo precisa de atenção, não como falhas de caráter. Amar os filhos e, ao mesmo tempo, desejar descanso ou silêncio não são sentimentos incompatíveis, e reconhecer essa ambivalência já é um passo importante.
Algumas estratégias simples podem ajudar a diminuir a culpa, organizar melhor as demandas e construir uma rotina mais realista, que acolha tanto o amor quanto o cansaço do cuidado diário:
- Nomear o que sente: identificar se o que aparece é cansaço, medo, irritação ou sobrecarga ajuda a buscar soluções mais específicas.
- Compartilhar com pessoas de confiança: conversar com outras mães, com o parceiro ou com familiares pode diminuir a sensação de solidão.
- Buscar apoio profissional: psicoterapia ou grupos de apoio podem oferecer estratégias para lidar com a culpa, a ansiedade e a exaustão.
- Rever a divisão de tarefas: negociar responsabilidades dentro de casa contribui para aliviar a carga emocional e física.
- Reservar pequenos momentos pessoais: mesmo curtos, intervalos para descanso, lazer ou autocuidado têm efeito acumulativo importante.

Como resgatar a identidade para além da maternidade
Outra estratégia citada por especialistas é resgatar aspectos da identidade que vão além do papel de mãe. Atividades ligadas a estudos, trabalho, hobbies ou vida social fortalecem a autoestima e reduzem a sensação de que a pessoa “virou apenas mãe”.
Quando a mulher se reconhece também como profissional, amiga, parceira e indivíduo com desejos próprios, o cuidado com os filhos tende a se tornar mais sustentável. Esse equilíbrio ajuda a transformar a rotina em uma experiência menos solitária e mais alinhada aos próprios valores.
A maternidade precisa ser perfeita ou apenas suficientemente boa
Pesquisas em desenvolvimento infantil indicam que crianças não necessitam de perfeição, mas de um cuidado suficientemente bom: presença, afeto, limites razoáveis e disponibilidade para reparar erros. Essa noção reduz a exigência de acerto absoluto em todas as decisões.
Ao reconhecer que as confissões secretas de mães são experiências humanas comuns, a sociedade pode construir um ambiente mais acolhedor. Falar sobre esses temas com naturalidade ajuda a quebrar mitos, diminuir a culpa e abrir espaço para um cuidado mais realista, em que amor e cansaço coexistem sem que nenhum dos dois anule o outro.
Referências bibliográficas
- MEEUSSEN, Loes; VAN LAAR, Colette. Feeling Pressure to Be a Perfect Mother Relates to Parental Burnout and Career Ambitions. Front. Psychol., 04 November 2018 Sec. Human Developmental Psychology









