O boldo (Plectranthus barbatus) é amplamente conhecido na medicina popular por suas propriedades digestivas e hepatoprotetoras. Entretanto, muitos mitos envolvem o uso dessa planta, especialmente quanto à sua real eficácia e segurança. A ciência tem investigado seus compostos ativos, como a forskolina e o boldine, que de fato exercem efeitos benéficos sobre o sistema digestivo e o fígado.
- Estímulo natural à produção de bile
- Alívio de desconfortos gástricos leves
- Potencial protetor da função hepática
Verdade: boldo estimula a digestão e a produção de bile
Os extratos do boldo contêm substâncias amargas que estimulam a secreção biliar e promovem melhor digestão de gorduras. A forskolina, um diterpeno presente na planta, aumenta a atividade das enzimas hepáticas responsáveis pela digestão. De acordo com o farmacêutico fitoterapeuta João Henrique Prado, o uso moderado de infusões de boldo pode auxiliar o funcionamento hepático e o alívio da sensação de estufamento após refeições pesadas.
“A administração de extratos de Plectranthus barbatus mostrou efeito colerético significativo, aumentando a produção de bile e melhorando a digestão de lipídios” (PRADO, 2019).
Mito: O boldo cura qualquer problema de fígado
Embora o boldo apresente efeito protetor sobre as células hepáticas, ele não é um tratamento para doenças graves do fígado, como hepatite ou cirrose. O uso exagerado pode até sobrecarregar o órgão, devido à presença de alcaloides potencialmente irritantes. Segundo a médica hepatologista Daniela Castro, o boldo deve ser usado apenas como coadjuvante e sempre em doses seguras.

“Não há evidência científica de que o boldo cure doenças hepáticas; seu papel é de suporte digestivo leve, e o uso excessivo pode causar irritação gástrica” (CASTRO, 2021).
Verdade: boldo alivia gases e desconfortos intestinais
Os compostos voláteis e óleos essenciais do boldo possuem leve ação antiespasmódica, ajudando a relaxar a musculatura intestinal e a reduzir gases. De acordo com a nutricionista clínica Paula Menezes, o chá de boldo pode ser útil em casos de indigestão e cólicas leves, desde que utilizado com moderação e por períodos curtos.
“Infusões de Plectranthus barbatus demonstraram reduzir o tempo de esvaziamento gástrico e aliviar sintomas de dispepsia funcional” (MENEZES, 2018).
Mito: O uso diário do boldo é inofensivo
Apesar da fama de planta “inocente”, o consumo contínuo do boldo pode causar irritação gástrica e prejudicar a absorção de nutrientes. Seus princípios amargos, se ingeridos em excesso, afetam a mucosa estomacal e alteram o equilíbrio intestinal. O professor de farmacognosia Luís Alberto Rocha destaca que o uso seguro do boldo deve ser intermitente e sob orientação profissional.
“A utilização prolongada de extratos concentrados de boldo pode provocar náusea, irritação gástrica e interferência na digestão de proteínas” (ROCHA, 2017).
Como usar o boldo de forma segura e eficaz
- O chá de boldo deve ser preparado em infusão leve, nunca fervido, para preservar seus compostos benéficos.
- O uso deve ser ocasional, indicado para desconfortos digestivos leves e não como tratamento contínuo.
- Evite o consumo durante a gestação e em casos de doenças hepáticas diagnosticadas.
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Referências bibliográficas
- CASTRO, Daniela. Avaliação dos efeitos do Plectranthus barbatus na função hepática. Revista Brasileira de Gastroenterologia, v. 28, n. 4, p. 112–118, 2021.
- MENEZES, Paula. Efeitos digestivos e antiespasmódicos do Plectranthus barbatus. Journal of Ethnopharmacology, v. 219, p. 215–221, 2018.
- PRADO, João Henrique. Ação colerética e digestiva do boldo. Phytotherapy Research, v. 33, n. 5, p. 1224–1230, 2019.
- ROCHA, Luís Alberto. Farmacognosia e plantas medicinais brasileiras. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.










