Zona Verde: líderes comunitários criticam estacionamento rotativo pago

Projeto prevê cobrança de quem utilizar vagas públicas, incluindo em quadras residenciais do Plano Piloto. Audiência pública, marcada para sexta-feira (31), discutirá a proposta. Semob recebe contribuições até as 12h do mesmo dia

Tainá Seixas
postado em 29/07/2020 22:21
 (crédito: Edilson Rodrigues/CB/D.A Press)
(crédito: Edilson Rodrigues/CB/D.A Press)

Lideranças comunitárias da Asa Sul e Asa Norte estão convocando moradores e prefeitos de quadras a pedirem alterações no projeto de estacionamento rotativo na região central de Brasília, que prevê a cobrança, por hora, pelo uso vagas de estacionamento, inclusive em áreas residenciais.

Representantes dos conselhos comunitários da Asa Sul e da Asa Norte são contra o projeto, denominado Zona Verde, e tecem críticas sobre a proposta. José Daldegan, 58 anos, presidente do Conselho Comunitário da Asa Sul, argumenta que privatizar os estacionamentos, sem um sistema de transporte público de qualidade no Distrito Federal, punirá o cidadão. “Você vai colocar um fardo muito grande nas costas do cidadão, sem uma contrapartida, de levá-lo onde ele quer. O governo está invertendo a situação. Primeiro, tem que investir no transporte coletivo para, depois, exigir que a gente use o transporte coletivo. As pessoas vão continuar obrigadas a usar o carro”, analisa.

Outra crítica dos representantes é de que o projeto privatizará os estacionamentos, bem como a fiscalização de veículos, atualmente função do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran/DF), uma autarquia do Estado. Para Sérgio Bueno, 62 anos, presidente do Conselho Comunitário da Asa Norte, o modelo de licitação acarretará em prejuízos para a união.

“A empresa que ganhar a licitação terá cerca de 90% dos lucros, sem ter a necessidade de investimento. As vias de circulação já existem, as áreas internas já existem, não tem nem como alterar, porque o Plano Piloto é tombado. E, além disso, vai ser dado para essa empresa concessionária o direito de fiscalizar e multar os infratores”, explica Bueno. Ele reclama da falta de transparência do Governo do Distrito Federal (GDF) sobre o projeto. “É um descalabro. Estavam fazendo essa audiência pública, praticamente, escondidos, e os documentos que divulgaram não dão transparência nenhuma. Não tem nada nesse projeto que atenda aos interesses da mobilidade do Distrito Federal. Quem é que ganha com isso?”, questiona.

Os líderes comunitários defendem a priorização de outras ações para a mobilidade urbana do Distrito Federal, antes da cobrança de estacionamentos públicos. Entre as medidas, pedem a ampliação do metrô até a Asa Norte; a implantação do VLT, na W3 e na L2 Sul; a construção de terminais de integração, entre os diferentes meios de transportes públicos; a integração das ciclovias e ciclofaixas e construção de bicicletários em praças e pontos de ônibus; e implantação de rede transversal de ônibus de vizinhança, interligando as quadras 800 às quadras 900.

A proposta do GDF é criar quatro zonas diferentes de cobrança pelo estacionamento público, diferindo em horário de funcionamento, tempo máximo de permanência e tarifas de estacionamento.

A Zona Ipê Amarelo abrangerá áreas onde há comércios e residências, como as quadras residenciais e comerciais do Plano Piloto. Nelas, moradores da quadra terão direito à isenção de pagamento de um carro estacionado em vaga pública. Se houver mais de um carro por moradia, será cobrado o estacionamento. O período máximo de permanência previsto é de duas horas, e a taxa será de R$ 2,00 por hora, para carros, e R$ 1,00, para motos.

A Zona Ipê Roxo é composto pelo Eixo Monumental e quadras próximas, como setores bancários e comercial norte e sul e o setor de rádio e televisão. Nele, a permanência máxima permitida será de 5h, e a taxa será de R$ 5 por hora, para carros, e a metade do valor, para motos.

A zona denominada Ipê Rosa será composta de bolsões de estacionamento próximos a autarquias e prédios públicos do Plano Piloto. O período máximo de permanência será de 12 horas, e os valores serão de R$ 5 por hora, para carros, e R$ 2,5, para motos.

Por fim, a Zona Ipê Branco compreenderá bolsões de estacionamentos próximos a transportes públicos e coletivos. O período máximo de permanência será de 18 horas, e o valor previsto é de R$ 0,50 por hora, para carros e motos.

A Secretaria de Mobilidade do Distrito Federal (Semob), responsável pelo projeto Zona Verde, agendou uma audiência pública para discussão da proposta. O encontro está marcado para 10h de sexta-feira (31/7), no auditório do Departamento de Estradas de Rodagem (DER).

Sugestões sobre o projeto podem ser feitas até as 12h do mesmo dia, pelos seguintes canais: endereço eletrônico consultazonaverde@semob.df.gov.br, ou por meio de correio, com aviso de recebimento, para o endereço: Setor de Áreas Isoladas Norte — SAIN — Estação Rodoferroviária Sobreloja Ala Sul — CEP 70631-900, Brasília/DF. No mesmo local, poderão ser entregues e protocoladas, em dias úteis, das 8h às 12h e das 13h às 18h, ou durante a audiência pública.

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