A pesquisa feita no Distrito Federal que busca descobrir se a administração de plasma sanguíneo de pessoas já curadas da covid-19 ajuda na recuperação daqueles em fase inicial da mesma doença está travada na fase de testes. Isso acontece porque os pacientes chegam ao hospital em estágio mais avançado da doença ou por atraso nos exames que confirmam a covid-19.
“Para um paciente entrar no teste da nossa pesquisa ele precisa estar no hospital, com a doença moderada, e precisa ter um teste que confirme que ele tem realmente a covid-19”, explica o coordenador do projeto de pesquisa e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), André Nicola.
Segundo o professor, o problema é que ou as pessoas estão procurando o hospital muito tarde, ou tantas pessoas procuram o hospital que são hospitalizados somente aquelas com a doença em estado mais grave. “Tem algumas pessoas que entram quando a doença não está grave, mas não é mais do que 10 dias, então, também não são elegíveis”, disse o pesquisador.
Outro problema é o atraso nos exames que confirmam a presença do coronavírus nos pacientes. “Tem algumas pessoas que chegam ao hospital com a doença moderada, com menos de 10 dias, mas como a gente precisa de um exame confirmatório, elas fazem o exame e demora tanto tempo pra sair que não dá mais para entrar no estudo”, ponderou Nicola.
Para o pesquisador, a dificuldade no avanço desse estágio da pesquisa se deve justamente ao grande número de casos de coronavírus no DF. “Em tempos normais, fazer esse projeto de pesquisa já seria complexo, e fazer no meio da pandemia é muito pior”, afirmou. Para resolver o problema, os pesquisadores querem contratar um laboratório particular para realizar os testes de coronavírus para o estudo, aumentando a velocidade do processo.
“Os laboratórios, tanto públicos como privados, estão trabalhando muito, fazendo um trabalho excelente na resposta à pandemia, estão fazendo o melhor que eles podem fazer, mas o número de casos é tão grande que essa demora tem atrapalhado o nosso recrutamento”, concluiu.
Pesquisa começou em junho
O estudo que busca descobrir se a transferência de plasma sanguíneo de um paciente recuperado para alguém no estágio inicial de coronavírus começou em 2 de junho e é uma parceira da Universidade Brasília (UnB), do Hemocentro e da Secretaria de Saúde.
A primeira fase da pesquisa foi recrutar doadores de plasma, pessoas já recuperadas do coronavírus. Essa fase durou apenas 10 dias. Segundo o Hemocentro, os pesquisadores tem 450 doadores cadastrados, e 100 destes voluntários já foram avaliados. A segunda fase é administrar o plasma coletado em 200 pacientes em estágio moderado da doença, essa fase começou em 12 de junho e ainda não terminou.
Por ora, a equipe responsável pela pesquisa suspendeu o cadastro de novos voluntários, pois já excedeu o número necessário para o estudo. Até a última terça-feira (4/8), houve 25 doações, e seis transfusões de plasma convalescente foram realizadas – todas em pacientes internados no Hospital Regional da Asa Norte.
* Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer
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