Justiça

Liberados em audiência de custódia

Acusado de xingar delegado de "macaco" paga fiança, de R$ 3.135, e deixa a prisão. Motorista embriagada envolvida em colisão que resultou na morte de motociclista, também, responderá em liberdade. Ambos terão que usar tornozeleira eletrônica

 DARCIANNE DIOGO
 SARAH PERES
postado em 09/08/2020 23:32 / atualizado em 09/08/2020 23:32
 (crédito: Gustavo Moreno/CB/D.A Press)
(crédito: Gustavo Moreno/CB/D.A Press)

O morador do Lago Sul de 34 anos acusado de xingar o delegado Ricardo Viana, chefe da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), de “macaco”, passou por audiência de custódia ontem e foi liberado. O ex-estudante de engenharia elétrica da Universidade de Brasília (UnB) ganhou o direito de responder ao processo em liberdade provisória, com o uso de tornozeleira eletrônica por 90 dias, após pagar fiança de R$ 3.135.

O mesmo ocorreu com uma motorista bêbada que atingiu e matou um motociclista de 24 anos, na noite de ontem, na Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB), na DF-075. A mulher, no entanto, não pagou fiança. Nos autos da audiência o juiz entendeu que “embora o grave crime imputado à autuada tenha pena máxima superior a quatro anos, não vislumbro, no caso, que a liberdade da autuada possa trazer, a princípio, qualquer risco aos valores previstos no Código de Processo Penal”.

O morador do Lago Sul Pedro Henrique Martins, acusado de proferir injúrias raciais contra o delegado Ricardo Viana, passou por audiência de custódia e foi liberado, após pagar fiança, mas terá de usar tornozeleira eletrônica. Ele estava detido desde sexta-feira, quando ocorreu o caso de racismo, em uma lanchonete da QI 23, no Lago Sul.

O juiz Guilherme Marra Toledo concedeu a liberdade ao acusado devido ao estado de calamidade pública causado pela pandemia da covid-19. “Embora haja notícia de que o autuado se encontra desempregado, ele é morador de bairro nobre, o que demonstra que não pode ser, a princípio, classificado como hipossuficiente financeiro. Se o autuado não trabalha e ainda assim tem um padrão de vida de alto conforto, a presunção é que, alguma renda possui, ainda que seja por meio de doação de seus pais”, salientou.

O acusado vai comparecer, hoje, ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (Cime). O suspeito fica, então, em recolhimento domiciliar. “Entendo ser necessário no caso dos autos, porque, segundo o depoimento do condutor do flagrante, Cabo Alexandre Silva Amorim, o autuado se encontrava com hálito etílico e voz arrastada. Além disso, os fatos ocorreram durante a noite”, analisou.

Pedro Henrique manifestou-se sobre o caso por meio do advogado de defesa. “Ao senhor Ricardo, à sua filha, aos familiares e a todos os seres humanos, peço perdão. O injustificável ato não é reflexo da educação, do amor e do respeito que recebi e que carrego como preceitos básicos. Solidarizo-me com a dor causada a todos e, mais uma vez, peço desculpas”, diz o texto, escrito pelo advogado Danilo Bomfim Soares.

Alcoolizada

A condutora de 55 anos dirigia um Renault Duster preto, quando colidiu com uma motocicleta Yamaha XTZ 150cc azul, pilotada por Lucas Ribeiro dos Reis. O acidente ocorreu em um cruzamento em frente a um semáforo próximo ao Bar Paraíba Carne de Sol, segundo informações do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBM-DF). Ela passou pelo teste de bafômetro e apresentou resultado positivo para o consumo de bebida alcoólica.

O jovem não resistiu aos ferimentos e morreu antes da chegada dos bombeiros. A mulher apresentou escoriações no corpo e estilhaços de vidro nos olhos. Ela foi transportada ao Hospital de Base e, em seguida, encaminhada para a 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), onde foi presa.

Restrições

Na audiência de custódia, a Justiça, também, determinou que a condutora seja monitorada, por meio de tornozeleira eletrônica. Ela deve comparecer ao Cime, hoje, a partir das 13h, para instalar o equipamento.
Segundo a decisão judicial, ela deverá comparecer a todos os atos do processo e está proibida de se ausentar do DF por mais de 30 dias. Além disso, a condutora não poderá mudar de endereço sem comunicar à Justiça e deverá permanecer em casa entre 6h e 20h, de terça-feira a sexta-feira e, aos sábados e domingos, em regime integral. O magistrado a proibiu, ainda, de dirigir e frequentar bares e locais que vendam bebidas alcoólicas. Ela tem permissão para se descolar para o trabalho, em Goiânia.

“Eu saí para ir a um aniversário, em um restaurante. Saí mais cedo com duas amigas e, no retorno, por volta de meia-noite, atravessei o cruzamento, como não vi nenhum carro. Mas, nesse momento, eu só ouvi uma batida e vidros voando. Depois que fui ver que era uma moto. Foi algo muito rápido. Ainda estou em estado de choque”, relatou a mulher, que pediu para não ter o nome divulgado.

À reportagem, o advogado da acusada, Fellippe Martins, afirmou que todo o procedimento em audiência ocorreu dentro do que prevê a legislação brasileira. “Ela está bastante abalada com toda a situação. Tudo irá se esclarecer quando da efetiva formação do processo, audiência de instrução, oitiva de testemunhas, eventuais perícias. Em outras palavras, ela pode não ter dado causa ao acidente que, infelizmente, vitimou uma pessoa”, finalizou.

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