Não é difícil encontrar alguém que tenha acessado links nas redes sociais com a promessa de promoções e descontos de produtos, mas, ao abrir, percebeu que o site era “malicioso”. O método, adotado por muitos cibercriminosos, tem se popularizado no Brasil. O último levantamento do Dfndr Lab, laboratório especializado em segurança digital da PSafe, sobre o panorama da cibersegurança no país apontou que os golpes do tipo phishing — quando um usuário é direcionado para páginas falsas a partir do uso de links falsos — fizeram 208 vítimas por minuto somente em junho deste ano, totalizando 9 milhões de pessoas atingidas por bandidos virtuais.
De acordo com o levantamento, a temática mais explorada por cibercriminosos nos ataques de phishing foram as “promoções”: 915 mil acessos e compartilhamentos de links maliciosos nas redes sociais utilizaram esse assunto. O especialista em cibersegurança e diretor do Dfndr Lab, Emilio Simoni, esclarece: “Esse assunto, geralmente atrai muito a atenção das vítimas. Para que os golpes ganhem ainda mais proporção, os golpistas costumam atrelar o suposto recebimento de um brinde ao compartilhamento desses links, pois, dessa forma, fazem com que as vítimas “trabalhem para eles” como um vetor de disseminação do golpe”, detalha.
Foi o caso da universitária Maria Clara Vieira, 20 anos, que recebeu de uma amiga uma suposta promoção. “O link dizia ser de uma das minhas lojas favoritas. A promoção tratava-se de um produto que eu estava esperando ser lançado há alguns dias; por isso, ela me enviou. Acessei, empolgada, imaginando que, finalmente, poderia adquirir o que queria, mas o meu celular bloqueou o link”, conta. “Eu instalei uma ferramenta de antivírus no celular há alguns meses. Achei melhor me preparar para o caso de receber algo não confiável”, revela.
Situação semelhante sofrida por conhecidos ajudou a estudante a se resguardar. “Uma amiga foi vítima de uma situação semelhante e me alertou. Percebo que criminosos têm adaptado a forma que trabalham. Da mesma forma que eles evoluem, nós precisamos estar atentos e evoluir junto, nos precavendo”, acredita. Segundo Maria Clara, o importante não é passar pela situação. “Precisamos compartilhar experiências e advertir outras pessoas”, completa.
De acordo com o delegado Dário Taciano de Freitas Júnior, da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), o número de golpes aumentou durante a pandemia. “Os criminosos aproveitam que as pessoas estão passando mais tempo on-line para aplicarem golpes. A mudança no comportamento de gastos do brasileiro fez com que os cibercriminosos se aproveitassem do momento”, relata.
Dário ressalta que os crimes virtuais ocorrem durante o ano todo, mas em datas comemorativas costumam intensificar-se. “Datas festivas, normalmente, são utilizadas por cibercriminosos para a obtenção de um número maior de vítimas em golpes digitais. Nelas, há aumento de vendas on-line, ocasião em que golpistas se aproveitam para aumentar suas ações”, adverte.
O delegado explica que, na maioria dos casos, os criminosos solicitam às vítimas informações aparentemente simples, como dados pessoais ou até mesmo bancários para aplicar o golpe. “Em outras, há o pedido de compartilhamento do link malicioso para um número mínimo de contatos — em média, 15 — para garantir o recebimento do ‘brinde’ da empresa”, relata Dário.
Recomendações
O especialista em segurança pública e privada Leonardo Sant’Anna reforça que o principal objetivo dos criminosos é recolher dados, senhas e autenticação. “Tudo isso para que ele ingresse no que é de interesse, como a clonagem do e-mail, para que possa enviar alteração de senha e, a partir daí, manusear todas as contas vinculadas a esse perfil”, explica.
Para evitar esse tipo de situação, Leonardo estabelece os cuidados que os consumidores devem ter: verificar links falsos; evitar postar informações pessoais; não instalar penduricalhos virtuais, como aplicativos; acessar sites ou jogos sem necessidade; acessar somente redes sociais conhecidas; e reeducar virtualmente crianças e idosos para que não caiam nos golpes. “É muito importante que haja a atualização de senhas e sistemas operacionais para que fique uma camada a mais de proteção ao usuário”, ressalta o especialista.
Caso o consumidor seja lesado, Leonardo diz que o usuário deve buscar a delegacia de crimes digitais e registrar ocorrência. “Outro ponto importante é entrar em contato com a sua instituição financeira, de maneira formal. É preciso ter algo em mãos, como e-mail ou algum documento que comprove que o consumidor não fez parte do golpe. Se isso acontece apenas com uma informação verbal, uma conversa, a pessoa não conseguirá, posteriormente, em uma ação judicial, reaver problemas ou valores que tenham sido retirados de sua conta. Isso precisa ser feito assim que toma conhecimento da fraude”, adverte.
* Estagiários sob a supervisão de Guilherme Goulart
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.