Homem demora a ser internado em UTI e morre por covid-19

Eduardo Passos dos Santos, 41 anos, passou 10 dias no hospital e demorou mais de 12h para ser transferido para uma UTI

Samara Schwingel
postado em 10/08/2020 12:49 / atualizado em 10/08/2020 14:40
Eduardo Passos dos Santos demorou para ser transferido para a UPA do Núcleo Bandeirante -  (crédito: Antonio Cunha/Esp. CB)
Eduardo Passos dos Santos demorou para ser transferido para a UPA do Núcleo Bandeirante - (crédito: Antonio Cunha/Esp. CB)

Eduardo Passos dos Santos, 41 anos, foi mais uma vítima da covid-19 no Distrito Federal. O advogado estava há 10 dias internado no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) quando teve uma piora no quadro e precisou ser transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo a família, a vaga só foi liberada após algumas horas e a transferência ocorreu mais de 12 horas depois.

De acordo com a esposa de Eduardo, Luciana Lopes, 40, o quadro dele piorou ainda na tarde da última terça-feira (4/8). Porém, por falta de leitos no HRC, ele ficou aguardando uma vaga em outra unidade da rede pública de saúde. Por volta das 21h50, surgiu o espaço na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Núcleo Bandeirante. Apesar da urgência, Eduardo só foi transferido às 11h da manhã do dia seguinte.

"Tentei de tudo para realizar a transferência dele o mais rápido possível, liguei para colegas, conhecidos e hospitais de Brasília. Porém, não adiantou de nada", explica Luciana. Além disso, a mulher ainda reclama da falta de transparência em relação ao estado de saúde do marido. "Nós não conseguíamos saber o quadro dele, se estava melhorando ou piorando, foi uma confusão", diz.

Eduardo chegou a dar entrada na UPA do Núcleo Bandeirante, mas não resistiu às complicações da doença. Ele não tinha nenhuma comorbidade que pudesse ser agravante da covid-19. Segundo a família, não fumava, não bebia, não tinha diabetes, colesterol alto nem asma. Eduardo deixa a esposa, com quem era casado há nove anos e meio, e um filho de apenas um mês de idade.

Ao Correio, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF), responsável pela gestão dos leitos de UTI na capital federal, informou que Eduardo era obeso, hipertenso e diabético e chegou em estado grave a UPA do Núcleo Bandeirante. Segundo o órgão, ele recebeu toda a assistência médica com suporte necessário, mas após a solicitação de outra vaga de UTI com suporte dialítico, o paciente veio a óbito. 

Em nota, o Iges-DF disse que "a fila da regulação de leitos é controlada pela Secretaria de Saúde do DF, e atende de acordo com parâmetros técnicos de gravidade e tipo de leito. Os pacientes que chegam são devidamente classificados e atendidos."

Confira a nota do Iges-DF na íntegra:

"O IGESDF informa que E.P.S foi admitido em leito de UTI da UPA do Núcleo Bandeirante no dia 29/07/2020. O paciente de 41 anos, obeso, hipertenso e diabético chegou em estado geral grave e recebeu toda a assistência médica com suporte necessário. Em razão de resultado de exames laboratoriais, no dia 7/8/20, foi solicitada para a regulação de leitos da Secretaria de Saúde outra vaga de UTI com suporte dialítico. Infelizmente, no dia seguinte (8/8/20), o paciente foi a óbito.

Ressaltamos que a fila da regulação de leitos é controlada pela Secretaria de Saúde do DF, e atende de acordo com parâmetros técnicos de gravidade e tipo de leito.

Os pacientes que chegam são devidamente classificados e atendidos. Sobre a ocupação de leitos, a informação muda constantemente e pode ser consultada no site da Sala de Situação da Secretaria de Saúde do DF."


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