Homem que chamou delegado de 'macaco' foi denunciado por xingar gari

O acusado cometeu o crime de injúria em novembro passado, enquanto a vítima trabalhava. O morador do Lago Sul humilhou o gari chamando-o de "neguinho" e "fedorento"

Sarah Peres
postado em 10/08/2020 14:40 / atualizado em 10/08/2020 14:40
O delegado Ricardo Viana foi alvo de ofensas racistas quando comprava um lanche. -  (crédito: Gustavo Moreno/CB/D.A Press)
O delegado Ricardo Viana foi alvo de ofensas racistas quando comprava um lanche. - (crédito: Gustavo Moreno/CB/D.A Press)

O morador do Lago Sul acusado de injúria racial por ter chamado o delegado Ricardo Viana de "macaco"  cometeu o mesmo crime há menos de um ano. À época, 15 de novembro de 2019, o suspeito usou termos racistas para humilhar um gari de 28 anos.

Segundo apurado pelo Correio, o ex-estudante de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) atacou o gari simplesmente porque os trabalhadores estavam "fazendo barulho". Em depoimento, alegou: "Os funcionários da empresa que recolhem o lixo causaram-lhe incômodo, fazendo barulho com as lixeiras e falando alto, gritando 'vai, vai motorista' (para o condutor do caminhão)."

Ele disse ainda que a situação aconteceu "em horário já avançado da noite, e que ficou nervoso. Mandou os trabalhadores falarem baixo e calar a boca, e que em determinado momento chamou um dos homens de 'neguinho' e, logo depois, foi chamado de 'branquelo' pelo mesmo indivíduo."

A vítima denunciou o crime na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul - Central de Flagrantes) e afirmou ter sido chamado por termos racistas e humilhantes como "macaco", "neguinho", "preto" e "fedorento" pelo morador do Lago Sul. O suspeito assinou um termo circunstanciado e foi liberado em seguida.

Racismo em fast food

O morador do Lago Sul foi preso em flagrante na última sexta-feira (7/8), após chamar o delegado Ricardo Viana, chefe da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), de "macaco" e "veado". Ele também ameaçou o investigador e arremessou um chinelo contra ele, no McDonald's da QI 23, no Lago Sul.

O acusado foi indiciado por injúria racial, vias de fato, ameaça, injúria e porte de drogas (pois estava na posse de dois cigarros de maconha). Ele passou por audiência de custódia no domingo (9/8) e foi liberado após pagar fiança. Ele será monitorado por meio de tornozeleira eletrônica por 90 dias.

Em nota oficial, o homem, por meio de advogado de defesa, se desculpou pelo caso. Apesar de não ter sido o primeiro episódio de racismo cometido, alega que "o injustificável ato não é reflexo da educação, do amor e do respeito que recebi e que carrego como preceitos básicos. Solidarizo-me com a dor causada a todos e, mais uma vez, peço desculpas!"

A reportagem questionou o advogado de defesa do suspeito, Danilo Bomfim, sobre o caso anterior de injúria racial, mas, até a mais recente atualização desta matéria, não obteve retorno.

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