Maridos e companheiros são autores de 47% dos feminicídios no DF

Estudo da Secretaria de Segurança Pública mapeia crime que vitimou oito mulheres no primeiro semestre de 2020

Correio Braziliense
postado em 11/08/2020 13:45 / atualizado em 11/08/2020 13:45
Segundo o mapa, em 96,2% dos casos foi possível identificar o autor, sendo que, 71,3% deles estão presos -  (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
Segundo o mapa, em 96,2% dos casos foi possível identificar o autor, sendo que, 71,3% deles estão presos - (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)

Mais da metade (47,6%) dos feminicídios no Distrito Federal foram causados por maridos ou companheiros das vítimas. É o que mostra um estudo da Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídios e Feminicídios à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF), que mapeia os crimes registrados desde 2015.

No período, a pasta contabiliza 107 vítimas. O objetivo é direcionar gestores para a definição e adequação de ações e políticas públicas de forma integrada. A pesquisa mostra que a maioria das vítimas (59,8%) era parda. A mais nova sequer tinha completado 1 ano de vida e a mais velha, já idosa, tinha 69 anos.

Em 25,2% dos crimes consumados, a mulher havia registrado ocorrência de violência doméstica anteriormente. O perfil das vítimas mostra também o grau de escolaridade: 15,9% tinham ensino superior completo, 42% haviam terminado o Ensino Médio, 30% estudaram até o Ensino Fundamental e 5,6% não tinham instrução.

Estudo tem objetivo de direcionar ações e políticas públicas de forma integrada
(foto: Divulgação/SSP)

 

O perfil dos autores indica que 60,2% eram pardos, com idade média entre 19 e 29 anos, sendo que 40,7% concluíram o Ensino Fundamental. Em 71% dos casos, a motivação do crime teria sido sentimento de posse.

Segundo o mapa, em 96,2% dos casos foi possível identificar o autor, sendo que 71,3% deles estão presos e, em 44,15% dos casos, a sentença já transitou em julgado. Quatro casos estão sob investigação para identificar o responsável.

Turma da Mônica

A SSP fez uma parceria com a Organização das Nações Unidas (Onu) e a Maurício de Souza Produções, que elaborou vídeos com a Turma da Mônica e Turma da Mônica Jovem abordando temas como a igualdade de gênero e relacionamentos abusivos. As animações são voltadas aos estudantes de 7 a 17 anos da rede de ensino do DF.

*Com informações da SSP/DF

ONDE PEDIR AJUDA?

Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência — Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Telefone: 180 (disque-denúncia)

Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)
» De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
» Locais: 102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia, Planaltina

Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)
» Entrequadra 204/205 Sul - Asa Sul
(61) 3207-6172

Disque 100 — Ministério dos Direitos Humanos
Telefone: 100

Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar**
Telefones: (61) 3910-1349 / (61) 3910-1350

O QUE É FEMINICÍDIO?

Reconhecido como crime hediondo desde 2015, o feminicídio consiste no assassinato de mulheres por razão de gênero. Conhecer as nuances e as características que envolvem esse tipo de violação é fundamental para ter um enfrentamento efetivo e evitar novas vítimas.
Fonte: Agência Patrícia Galvão

VOCÊ SABE QUAIS SÃO OS TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER?

Nem todos sabem, mas a violência contra a mulher vai muito além de agressões, estupros e assassinatos. A Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, classifica em cinco categorias os tipos de abuso cometidos contra o sexo feminino. São eles: violência física, violência moral, violência sexual, violência patrimonial e violência psicológica.

Além das violências físicas mais conhecidas como as agressões, estão também enquadradas na primeira categoria ações como atirar objetos com a intenção de machucar a mulher, apertar os braços, sacudi-la e segurá-la com força.

A violência moral está atrelada ao constrangimento que o agressor pode causar à vítima como expor a vida íntima do casal para outras pessoas e o vazamento de fotos íntimas na internet. Calúnias, difamação ou injúria também fazem parte desse tipo de violência.

Diferentemente do que muitos podem pensar, a violência sexual não se resume a forçar uma relação íntima . Obrigar a mulher a fazer atos que causem desconforto, impedi-la de usar métodos contraceptivos ou obrigá-la a abortar também são consideradas formas de opressão.

Controlar os bens , guardar ou tirar dinheiro sem autorização da mesma e causar danos de propósito em objetos são alguns exemplos de violência patrimonial.

Por fim, a violência psicológica consiste em diminuir a autoestima da mulher, sendo com humilhações, xingamentos e desvalorização moral que implicam em violência emocional. Tirar direitos de decisão e restringir liberdade também fazem parte da última categoria.


Fonte: Agência Patrícia Galvão

 

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