CASO NAJA

Exclusivo: advogado de picado por naja nega tráfico: "Era colecionador"

Advogado de estudante acusado de tráfico de animais fala com exclusividade ao Correio e alega inocência do jovem: "Nunca foi traficante e era apenas um colecionador, um criador apaixonado por animais"

Darcianne Diogo
postado em 16/08/2020 06:00
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A. Press - 31/7/20)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A. Press - 31/7/20)

Indiciado 23 vezes pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por tráfico de animais silvestres, associação criminosa, maus-tratos e exercício ilegal da profissão, o estudante de medicina veterinária picado por uma naja que criava ilegalmente em casa se manifestou para a imprensa pela primeira vez. O advogado criminalista Bruno Rodrigues, responsável pela defesa de Pedro Henrique Krambeck Lehmukl, 22 anos, concedeu entrevista ao Correio, e negou as acusações. Ele alega que o jovem nunca vendeu animais silvestres ou exóticos.

A polícia concluiu as investigações na última quinta-feira e o inquérito foi entregue à Justiça. Em mais de um mês de apuração, os investigadores da 14ª Delegacia de Polícia (Gama) concluíram que o suspeito comprava os animais de outras unidades da Federação e os revendia para ganhar dinheiro. De acordo com o advogado, no entanto, Pedro Henrique “nunca foi traficante e era apenas um colecionador, um criador apaixonado por animais”.

O advogado criminalista Bruno Rodrigues classifica como ‘absurda’ a acusação de maus-tratos. “A maioria das cobras foi adquirida de pessoas que pretendiam abandonar os animais por estarem doentes ou até pela perda de interesse em continuar criando. Pedro sempre cuidou muito bem dos animais, cada um recebeu até nome próprio e isso está provado no processo”, ressalta Bruno Rodrigues.

O jovem picado pela naja também responderá pelo exercício ilegal da profissão de veterinário, uma vez que vídeos colhidos pelos policiais o mostraram realizando uma cirurgia em uma cobra. O advogado também nega essa acusação e afirma que Pedro contratou equipes de veterinários, cirurgiões e anestesistas para a realização do procedimento cirúrgico, “para cuidar da saúde de uma das cobras que adquiriu já doente”.

Segundo o delegado à frente das investigações, Willian Andrade, alguns professores da Uniceplac, faculdade onde o rapaz estava matriculado sabiam da atividade ilícita e que a associação criminosa começou na própria instituição. O investigador afirmou que os estudantes chegavam a fazer rifas de cobras. “Ele (Pedro) jamais participou de rifas envolvendo animais. As acusações feitas pela polícia são desproporcionais aos fatos apurados, especialmente a imputação de organização criminosa. É uma ficção, afronta a boa técnica jurídica”, rebate a defesa.

Além do jovem, outros 10 foram indiciados no esquema de tráfico de animais, entre eles o padrasto de Pedro Henrique, o tenente-coronel da PMDF Clóvis Eduardo Condi; a mãe, a advogada Rose Meire dos Santos; o amigo Gabriel Ribeiro de Moura; o comandante do Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA), Joaquim Elias Costa Paulino; e a professora da Uniceplac Fabiana Sperb Volkweis — em troca de mensagens pelo WhatsApp, a docente sugere a um estudante que ele solte as cobras no mato.

A Uniceplac criou comissão interna criada para a análise do Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) dos envolvidos no caso da posse ilegal de animais silvestres e afirmou que “segue acompanhando o processo para tomar as medidas administrativas cabíveis”.

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