OBITUÁRIO

Luis Miúra, ex-diretor do Detran

Responsável por implementar uma série de políticas de segurança no trânsito, entre elas a faixa de pedestres, faleceu, ontem, aos 71 anos, vítima de câncer. Ele será cremado hoje

Jaqueline Fonseca
postado em 17/08/2020 20:44
 (crédito: Iano Andrade/CB/D.A Press - 30/7/10)
(crédito: Iano Andrade/CB/D.A Press - 30/7/10)

Morreu ontem, aos 71 anos, Luis Riogi Miúra, um dos mais importantes nomes na luta pelo trânsito seguro no Distrito Federal. O ex-diretor do Departamento de Trânsito do DF (Detran) batalhava contra um câncer há anos. O corpo dele será cremado, hoje, em Valparaíso (GO), em uma cerimônia reservada aos familiares. Ele era casado com Catharina Shisuka Fukushima e deixa três filhos.

Luís Miúra comandou o Detran entre 1995 e 1999, e estava aposentado desde fevereiro de 2000. Ele foi um dos responsáveis por implementar a política da travessia segura para pedestre, fiscalização eletrônica de velocidade em toda capital e criar, sistematizar, uma base de dados sobre os acidentes e mortes no trânsito do DF. Quando chegou à gestão da autarquia, cerca de 10% dos mortos na capital federal eram vítimas de acidentes de trânsito. Conforme narra o professor David Duarte, doutor em segurança de trânsito e coordenador do Fórum pela Paz no Trânsito, o número era alarmante e estava acima da média nacional — que na época era de 4,2%.

O pesquisador, que também se tornou amigo de Miúra, conta que conheceu o ex-diretor do Detran em 1995. Ele lembra que, nessa época, as dificuldades eram muitas; os servidores estavam em greve e os recursos eram escassos. Juntos, começaram a pensar como mudar a situação e, no ano seguinte, realizaram uma manifestação.

Nos anos 1990, o Correio fez parte da luta pela Paz no Trânsito ao lado de Miúra. O jornal adotou como linha editorial noticiar diariamente as mortes no trânsito até que o cenário mudasse. “O Miúra não teria conseguido implantar tudo isso sem o apoio do Correio Braziliense, que foi fundamental nessa conquista”, lembra o governador da época, Cristovam Buarque, hoje senador pelo Cidadania.

Cristovam frisou a importância da campanha na mídia e agradeceu o empenho e legado construído por Miúra. “Foi o maior educador que tivemos no Distrito Federal. Ele educou o trânsito, educou todo mundo. Miúra fez o que a palavra educação quer dizer, que é mudar a maneira das pessoas se comportarem”, destacou o senador.

Trabalho pioneiro

Além de não ter, à época, uma base de dados sobre os acidentes e vítimas, o Detran não dispunha de recursos sequer para pintar as faixas de pedestres. Mas, após o esforço do diretor e o remanejamento de recursos, foram pintadas as travessias e instalados pardais em toda a cidade. O trabalho pioneiro de respeito à faixa foi implantado durante a ação de Paz no Trânsito, em 1° de abril de 1997. Ao Correio, em entrevista concedida em 2015, Miúra revelou que não dormiu na noite que antecedeu a inauguração da faixa.

Cristovam Buarque recorda de quando Miúra apresentou a ideia da faixa de pedestre. “Muita gente do próprio governo foi radicalmente contra. Disseram que seríamos responsabilizados por mortes, que aquilo ia matar muita gente, que nem Brasília e nem o Brasil estavam preparados para esse tipo de comportamento”, lembra o senador.

Legado

O atual diretor-geral do Detran-DF, Zélio Maia, destacou, em nota, que Miúra deixa um legado inigualável para o trânsito do Distrito Federal. “Um dos grandes aprendizados que o Miúra nos deixa é que o trânsito precisa ser mais humano. Ele pensava muito na vida das pessoas no trânsito e atuava no sentido de protegê-las. Miúra sempre esteve à frente do seu tempo. Visionário e corajoso, ele criou, participou e apoiou ações extremamente importantes para a história do trânsito do DF e de outros estados. A ele, o nosso eterno muito obrigado”, disse.

Renys Nogueira

Morreu, aos 48 anos, por complicações de uma cirurgia para retirada de um tumor na cabeça, Renys Nogueira. Ele era radialista e repórter cinematográfico e passou por várias redações de Brasília. Por último, trabalhou em uma empresa terceirizada que presta serviço à CNN Brasil.

Renys tinha um tumor no cérebro, mas não sabia que estava doente. Na tarde do dia 5 de julho, ele passou mal enquanto trabalhava e foi para o hospital, onde ficou internado. “Foi no domingo mesmo. Ele sentiu muita dor, os colegas me falaram”, contou o cunhado Mauro Rodrigues de Farias, de 47 anos.

Renys passou pela RBS TV, TV Câmara, TV Senado, TV Manchete, TV Justiça, Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), TV Rio Vermelho, em Luziânia (GO), onde morava, entre outros. O corpo de Renys será velado, hoje, no cemitério do centro de Luziânia.

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