Investigação

Em mensagem, jovem acusado de tráfico diz que naja foi negociada por R$ 6 mil

O Correio teve acesso com exclusividade às mensagens, que mostram o diálogo entre Pedro Henrique Krambeck e o pai biológico. Na conversa, o suspeito de traficar animais afirma que tem a intenção de "reproduzir" as cobras

Darcianne Diogo
postado em 19/08/2020 22:01 / atualizado em 19/08/2020 22:24
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Em conversas por WhatsApp entre Pedro Henrique Krambeck Lehmukl, 22 anos, e o pai biológico, identificado como Eduardo, o acusado de traficar animais silvestres afirma que comprou a naja kaouthia que o picou por R$ 6 mil.

O Correio teve acesso com exclusividade às mensagens, que mostram o diálogo entre os dois. Primeiro, Pedro Henrique envia um vídeo da serpente ao pai. Em seguida, Eduardo questiona: “Ela é braba? É venenosa?”. O jovem confirma e diz que “é braba, sim, e tem veneno, sim”.

O pai demonstra preocupação, e pergunta: “Pedro, essa cobra não é perigosa? Fico preocupado. Você pagou quanto nela?”. O estudante afirma: “Está tudo sob controle. Ela custa R$ 6 mil, mas fiz um rolo com uns bichos que eu tinha”, responde.

Eduardo ainda o pergunta sobre a possibilidade de venda do animal, mas Pedro nega e deixa claro as intenções. “A princípio, não. Quero reproduzir”, acrescenta.

Segundo as investigações da 14ª Delegacia de Polícia (Gama), Pedro entrou para o mundo do tráfico de animais em 2017. O crime consistia na compra de serpentes, vindas de outros estados e trazidas para o DF. “Diálogos colhidos pela polícia o mostraram negociando a venda dessas espécies. Um dos negócios, inclusive, foi realizado no Gama; tratava-se de um filhote de uma cobra Nigritus, que custou R$ 500. Ele viu o quanto o negócio era rentável e embarcou. Cada ninhada, por exemplo, vinha com 20 filhotes”, detalhou o delegado à frente das investigações, Willian Andrade.

Pedro Henrique foi indiciado 23 vezes por tráfico de animais silvestres e maus-tratos, além de associação criminosa, mesmo indiciamento do padrasto e da mãe dele. O jovem picado pela naja também responderá pelo exercício ilegal da profissão de veterinário, uma vez que vídeos colhidos pelos policiais mostraram o jovem realizando uma cirurgia em uma cobra.

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