Que seria da arte sem a naturalidade da nudez, como retratam Michelangelo, Rodin ou Alfredo Ceschiatti? Obras de escultores e pintores que sensibilizam o mundo agora viraram pornografia. Enquanto o Musée d'Orsay, de Paris, faz campanha para que as crianças vejam nus, a Câmara Legislativa discute a proibição desse tipo de arte nas exposições públicas do Distrito Federal, sob pena de multa de R$ 5 mil.
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Base atendida
O líder do governo na Câmara Legislativa, Cláudio Abrantes (PDT), saiu de reunião no Buriti com um sorriso de orelha a orelha sob a máscara. O motivo foi o acerto feito com o governador Ibaneis Rocha e o secretário de Transporte e Mobilidade, Valter Casimiro, para a construção do Terminal Rodoviário do Arapoanga, bairro de Planaltina, sua base eleitoral. O local já foi definido, e a ideia é que o projeto e a licitação saiam o quanto antes.
Deputada testa positivo
Na Câmara Legislativa, o novo coronavírus já atingiu seis dos 24 deputados. Significa que a cada quatro deputados, um sofreu a infecção por covid-19. Ontem foi a vez da confirmação do teste positivo da deputada Jaqueline Silva (PTB). Ela está bem, apenas com alguns sintomas, como dor de cabeça e no corpo.
Viralizando
O deputado distrital Chico Vigilante (PT) fez cirurgia de catarata e está assistindo às sessões virtuais da Câmara Legislativa de óculos escuros. Foi o suficiente para sua foto virar meme. Momento de descontração.
Só papos
“É fundamental diferenciarmos o que é uma expressão artística daquela em que o sexo explícito e as diversas formas de parafilia (pedofilia, sadomasoquismo, zoofilia, etc.) são expostos, os quais se constituem em atos que ferem, que atentam contra valores arraigados da sociedade brasileira"
Presidente da Câmara Legislativa, Rafael Prudente (MDB), sobre projeto de sua autoria que proíbe nudez e símbolos religiosos em exposições
“Aquele projeto que fez Rodin e Michelangelo revirarem no túmulo. Por ser inconstitucional e autoritário, votei contra. Tempos sombrios”
Deputado Leandro Grass (Rede), que votou contra a proposta em análise em primeiro turno que terminou com sete votos favoráveis e seis contrários
À QUEIMA-ROUPA
Secretário de Cultura do DF, Bartolomeu Rodrigues
Projeto de lei aprovado pela Câmara Legislativa em primeiro turno proíbe expressões artísticas ou culturais com “teor pornográfico”, ou que atentem contra símbolos religiosos em espaços públicos do DF. Isto é censura?
Sim, não há outra forma de leitura. E, pior, censura com caráter religioso, que nos leva a caminhos perigosos, impensável num Estado laico. Tenho forte convicção de que é matéria inconstitucional.
Acredita que, se a Câmara Legislativa aprovar em segundo turno, o projeto será sancionado pelo governador Ibaneis Rocha?
Acredito no bom senso do governador.
Qual será a reação do setor cultural do DF?
O setor está perplexo. É um retrocesso numa cidade que surgiu na esteira de uma vanguarda cultural histórica, do Modernismo.
Uma proibição como essa levaria os artistas a optarem por expor suas obras em outra cidade?
A tradição da cultura local é de resistência. A prevalecer essa ideia, os artistas irão à luta.
Por que há esse repúdio à nudez por parte, especialmente, de deputados de base evangélica?
Acredito que seja de uma minoria que talvez não tenha recebido educação artística e de História. O nu está consagrado na arte desde a Era Clássica da Grécia e de Roma. A prevalecer posições dessa natureza, receio que, em breve, estejamos falando em arte degenerada, que serviu de pretexto para censurar Picasso, Matisse, dentre outros, numa época obscura não tão distante. Aí precisaremos repensar tudo.