Confusão, gritaria e protesto marcaram o segundo dia das operações de derrubada no Assentamento 26 de Setembro, conduzidas pela DF Legal. Desde terça-feira, a secretaria trabalha na retirada de cercamentos e de novas construções que ocupam o terreno de forma irregular. Em nota, o órgão informou que fazia a retirada de obras em fase inicial e que, portanto, não haveria motivo para a resistência.
A vendedora Shirley da Silva, 41 anos, afirma que mora no local há mais de um ano. Na terça-feira, ela chegou a ser informada de que não teria a casa derrubada. Ontem, no entanto, por volta das 10h45, agentes da DF Legal e da Polícia Militar ordenaram que ela saísse da residência para prosseguirem com a operação. “Minha casa não é nova, tem mais de um ano que está aqui. Todo mundo aqui sabe”, contesta.
A Polícia Militar acompanhou as derrubadas e chegou a entrar em confronto com os moradores. Uma mulher, de 47 anos, foi atingida por estilhaços depois que os militares dispararam uma bomba de efeito moral. Ana Paula Barbosa de Oliveira, 37, mora no assentamento há três anos, com os dois filhos adolescentes. Ambos os jovens sofreram os efeitos da bomba de gás lacrimogêneo, utilizado para dispersar os manifestantes. A bomba caiu no quintal da casa deles.
Ana Paula conta que estava dentro de casa, mas que muitas pessoas estavam resistindo, na rua. “Quando a gente entrou, eles jogaram a bomba de efeito moral. Todo mundo ficou sufocado na mesma hora, e sem ter para onde sair. Temos apenas uma porta, então, não tem ventilação de ar”, reclamou.
O capitão Emerson Nilândio, subcomandante do 15º Batalhão da Polícia Militar da Estrutural, explica que a ação foi feita para conter moradores que lançaram pedras contra a tropa e utilizaram coquetéis molotov.
Na ação de ontem, a DF Legal derrubou seis casas, um galpão, duas cisternas, duas fossas, um barracão de madeira, uma caixa d’água, 110 metros lineares de muro e quatro pontos de energia.
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