A jovem Paula Thais Gomes Oliveira, de 18 anos, segue internada em estado gravíssimo no Hospital de Base. A mulher está intubada na unidade de terapia intensiva (UTI) e impossibilitada de falar, conforme relato do companheiro dela, o motoboy Douglas Gonçalves dos Santos, 20. O casal foi atropelado na madrugada do último domingo (16/8), no radar de velocidade da QI 19 do Lago Sul, por um VW Up! branco. O suspeito fugiu e foi identificado posteriormente como o assessor parlamentar Caio Ericson Ferraz Pontes de Mello, 32. Ele pode ser autuado por tentativa de homicídio por dolo eventual.
Douglas conduzia uma motocicleta pela via, com Paula na garupa, quando foi atingido na traseira pelo automóvel. O homem parou embaixo do veículo, sendo que o condutor passou por cima das pernas dele para fugir do local. No capô estava a jovem, que tentou se segurar enquanto Caio Ericson acelerava. Apesar do esforço, a vítima teve a parte esquerda do corpo arrastada por quatro quilômetros, quando perdeu as forças e caiu ao chão. Ela perdeu uma mama e teve a mão esquerda amputada.
Dois amigos do casal, que os acompanhava no trajeto, presenciaram o momento do acidente. Eles são testemunhas do crime e já prestaram depoimento na 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), assim como Douglas. Agentes ainda não escutaram Paula, por conta do estado de saúde física e mental da jovem.
Investigação
Na quarta-feira (19/8), especialistas do Instituto de Medicina Legal (IML) estiveram no Hospital de Base, onde realizaram o exame de corpo de delito da vítima. A análise foi requisitada com caráter de urgência pela delegacia responsável pelo caso. Por isso, o laudo deve ser disponibilizado em menos de 30 dias.
Também foram solicitados perícia do local do acidente e do automóvel de Caio Ericson, encontrado em uma oficina do Guará, na terça (18/8). Os materiais realizados pelo Instituto de Criminalística (IC) poderão auxiliar os investigadores a entenderem a dinâmica do acidente. Para isso, policiais procuram imagens de câmeras de seguranças de todo o trajeto realizado pelo assessor parlamentar, desde a QI 19 à 23.
Em depoimento à 10ª DP, Caio Ericson alegou ter sofrido um "apagão" e não ter qualquer lembrança do acidente. Ele relatou que estava em um restaurante, próximo ao Lake Side, e negou ter ingerido bebida alcoólica ou drogas antes de dirigir. Ele também afirmou estar em depressão e tomando remédios para tratamento. A defesa do suspeito garante que entregará laudo psiquiátrico que comprove a doença, e as receitas dos medicamentos.
Bebida e direção
O morador do Jardim Botânico Caio Ericson tem histórico de infrações de trânsito, quase sempre cometidas durante a madrugada. Entre elas, há duas por dirigir alcoolizado e, pelo menos, 10 por excesso de velocidade. Conforme apurado pelo Correio, o primeiro flagrante por dirigir bêbado ocorreu em 1º de novembro de 2008, às 2h15, cinco meses após a Lei Seca começar a vigorar no Brasil. Ele transitava pela contramão da via, perto do Marina Hall.
Dois anos e um mês depois, à 1h10 de 21 de janeiro de 2010, Caio caiu novamente na blitz da lei seca, dessa vez, no Setor de Clubes Sul, próximo ao Pier 21. Além disso, o prontuário do acusado indica que, em 14 de maio, quatro meses após o último flagrante de alcoolemia, os radares flagraram três infrações por excesso de velocidade, todas por volta das 4h.
Ainda, há registro de multas por dirigir falando ao celular, estacionamento irregular e avanço de sinal vermelho. Não é possível confirmar que essas multas tenham sido cometidas por Caio. Entretanto, se outra pessoa dirigia o veículo, ele não procurou os órgãos de trânsito para transferir as multas que ainda constam no nome dele.
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