Aos 67 anos, o radialista Marcelo Ramos perdeu a vida devido ao novo coronavírus, nesta quinta-feira (20/8). A informação foi confirmada pelo filho dele, Vicente Ramos, que fez uma homenagem ao pai nas redes sociais. “Não quero acreditar que a vida se encerra e que, de repente, tudo muda. Não quero”, disse o jovem na publicação.
Nascido em Minas Gerais, Marcelo era conhecido como o repórter do povão. Atualmente, o mineiro apresentava o programa matinal O Povo e o Poder, transmitido pela Rádio Bandeirantes. O radialista ganhou visibilidade na carreira quando chegou ao Distrito Federal, em 1968. Amante da cobertura esportiva e política, ele trabalhou anos acompanhando a rotina do Palácio do Buriti.
“Como um pai que o senhor é e sempre será. Muitos conhecem o narrador do povão, o radialista. E apaixonaram-se pela pessoa incrível que ele é. Poucos conhecem o Marcelo Ramos pai, amigo e esposo. Mais incrível e apaixonante ainda”, disse Vicente, em homenagem ao pai.
Marcelo deixa cinco filhos, a esposa e cinco netos. O enterro será no Distrito Federal, entretanto, segundo a família, não haverá velório.
Por Adriana Bernardes:
Em Brasília, certamente não há um único jornalista, das antigas ou recém-formado, que tenha botado os pés no Palácio do Buriti e não conheça o radialista Marcelo Ramos. A voz grave, como as dos locutores da infância de boa parte de nós, enchia o ambiente nas cerimônias do Buriti.
O Repórter do Povão ou Locutor do Povão, como queiram, circulava pelo palácio como se fosse sua casa. A pasta e os equipamentos para as transmissões ao vivo, o acompanhavam diariamente. Tirava de letra os anúncios oficiais, ajudava os novatos que estivessem dispostos a se despir da vaidade e aprender com sua experiência.
Não raro, era encontrado numa salinha à direita da entrada principal do palácio, fechando seus textos. Certa vez, na cobertura de uma dessas agendas que a gente não dá nada por ela, fui surpreendida com um anúncio importante, do qual não me recordo agora.
Ainda não havia esses celulares modernos e eu precisa de um computador, e rápido, para enviar o texto por e-mail. Foi Marcelo quem me apresentou o espaço. O rei de Ceilândia me ajudou a ligar o computador e a inserir a senha de acesso. Matéria enviada, conversamos um pouco. Ele tirou da pasta que sempre o acompanhava dois jornais comunitários. Apontou para algumas matérias e sugeriu que eu fizesse para o Correio. “Esse projeto é muito bom e ajuda a muita gente”, disse.
Há muitos anos não cubro agendas no Palácio do Buriti. Mas a lembrança de Marcelo Ramos estará sempre na minha lembrança. Siga em paz, Marcelo!
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