REDES SOCIAIS

Polícia investiga publicações racistas atribuídas a professor do DF

Após publicações, alunos pedem saída de professor de espanhol que teria feito comentários racistas em rede social Secretaria de Educação apura o caso

Jaqueline Fonseca
postado em 21/08/2020 13:15 / atualizado em 21/08/2020 13:15
 (crédito: Reprodução Internet)
(crédito: Reprodução Internet)

Mesmo sem registro de ocorrência, a Delegacia de Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) vai investigar publicações de cunho racista reveladas em imagens divulgadas nas redes sociais. Alunos e ex-alunos do Centro de Ensino Médio (CEM) 804, no Recanto das Emas, denunciam um professor de espanhol do colégio e pedem o afastamento dele por meio de uma petição on-line, que soma mais de 2,5 mil assinaturas.

A delegada titular da Decrin, Ângela Maria, disse que o crime de racismo é de ação pública incondicionada; portanto, não depende do registro de ocorrência de qualquer vítima que tenha se sentido prejudicada. Provocada por coletivos que defendem os direitos humanos, a delegacia informou que vai iniciar uma investigação. "Precisamos analisar se o perfil (da rede social) é realmente do professor, para saber se não tem outra pessoa que usa o perfil para praticar racismo. Mas isso será apurado, investigado e se chegará à autoria. Os crimes da internet não ficam impunes", destacou Ângela Maria.

A Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) também se manifestou e disse que vai pedir apuração rigorosa sobre a postura do professor denunciado. Para a Comissão de Igualdade Racial, existem evidências de comportamento inapropriado que precisam ser apuradas e, se confirmadas, exigem a "devida responsabilização".

Os alunos afirmaram que o professor teria publicado no Facebook a imagem de uma mulher negra, acompanhada de comentários jocosos. A OAB-DF informou que, em uma rápida investigação, encontrou também comentários homofóbicos e que fazem alusão ao genocídio provocado pelo Holocausto.

A estudante Camila Loiola, 18 anos, está no 3° ano do ensino médio e achou a conduta do professor preconceituosa. "É muito triste saber que um homem com essa mentalidade trabalha na área da educação. Como aluna do CEM 804, eu me recuso a continuar tendo aulas com ele. A escola precisa ser um ambiente acolhedor e respeitável, o que se distancia totalmente de qualquer tipo de preconceito", disse a jovem.

A Secretaria de Educação do DF disse que apura o caso e que reafirma a missão educacional de assegurar o respeito à diversidade e à pluralidade na rede pública de ensino, contribuindo para que isso se propague em toda a sociedade.

O CEM 804 informou, pelas redes sociais, que a postura do professor confronta as ações desenvolvidas na instituição de ensino. "Essas declarações não refletem o pensamento da escola, que sempre prezou pela diversidade, pela pluralidade de ideias e (que) procurou sempre se pautar pelos princípios da liberdade, como escola formadora do pensamento crítico-reflexivo, independentemente de partidarismo político, ideologia, raça ou credo. O CEM 804 se orgulha também de ser formado por uma comunidade com imensa pluralidade racial", afirmou.

A reportagem tentou contato por telefone com o professor, mas ele não atendeu. O espaço segue aberto para manifestação.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação