CASO NAJA

PM investiga tenente-coronel

Clóvis Eduardo Condi, padrasto de Pedro Henrique Lehmukhl, é alvo de inquérito policial militar. Após investigação da Polícia Civil, o servidor foi indiciado por tráfico de animais silvestres, maus-tratos, fraude processual e associação criminosa

Correio Braziliense
postado em 23/08/2020 23:43 / atualizado em 23/08/2020 23:44
 (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press - 16/7/20 )
(crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press - 16/7/20 )

» DARCIANNE DIOGO

Padrasto de Pedro Henrique Krambeck Lehmukhl, 22 anos, o tenente-coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Clóvis Eduardo Condi é alvo de um inquérito policial militar, instaurado pela corporação para investigar as condutas do servidor no caso da naja. Após investigação da Polícia Civil, ele foi indiciado 23 vezes por tráfico de animais silvestres, maus-tratos, fraude processual e associação criminosa, com pena de até 30 anos de prisão.
Condi está afastado das atividades externas e, atualmente, desenvolve funções internas no setor administrativo da corporação, segundo informou a PMDF. “A Polícia Militar instaurou inquérito policial militar para investigar o caso e adotará todas as medidas necessárias após análise dos fatos. A Corregedoria da PM conduzirá os trabalhos de investigação juntamente com o Ministério Público Militar”, esclareceu o órgão, por meio de nota oficial.
Segundo investigações conduzidas pela 14ª Delegacia de Polícia (Gama), no esquema de tráfico, o militar era responsável por ter dado suporte financeiro à atividade ilegal, além de ter fornecido material para que a residência servisse de cativeiro para as cobras. Câmeras de segurança do condomínio onde ele mora com a família, no Guará 2, registraram o momento em que Clóvis deixa o apartamento carregando diversas caixas de serpentes, logo após o enteado ser picado pela naja.

Envolvimento

Além do policial, a mulher dele e mãe de Pedro Henrique, Rose Meire dos Santos, também responderá por fraude processual, corrupção de menores, tráfico de animais, maus-tratos e associação criminosa. Embora a advogada tenha negado qualquer envolvimento no caso, a polícia concluiu que ela ficava encarregada de alimentar as cobras e de cuidar da reprodução dos animais.
O Correio teve acesso, com exclusividade, a conversas entre Rose e o filho, que revelam que ela era conivente com a atividade ilícita. Nas conversas, ficou comprovado que o acusado de traficar animais silvestres viajava para estados como São Paulo e Bahia na intenção de comprar serpentes e revendê-las em Brasília.
Os diálogos estavam armazenados na galeria do celular do estudante de medicina veterinária. Em uma das conversas, a mãe pergunta: “E aí? Tá por onde? Jantou? E as cobras?” Pedro responde em seguida: “Passando por Ibotirama (BA)”, e finaliza dizendo que as cobras estão bem. Em um outro diálogo, o indiciado manda uma foto da víbora-verde-de-vogel (cobra exótica, nativa da Ásia) para a mãe, e ela responde: “Rum. Isso não. Olha o tamanho desse bicho”. O jovem desconversa e diz: “Como estão meus ovos? Você tem olhado?”.
Pedro Henrique foi indiciado 23 vezes por tráfico de animais silvestres, maus-tratos e associação criminosa, podendo pegar até 30 anos de prisão. Ele também responderá pelo exercício ilegal da profissão. Vídeos colhidos pela PCDF mostraram o acusado realizando uma cirurgia em uma cobra. O Correio apurou que o procedimento cirúrgico foi feito no interior de um dos estabelecimentos de fast-food administrados pelo padrasto.

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