VIOLÊNCIA

Padrasto batia em bebê com chicote

Investigação da Polícia Civil apura, agora, se outras duas crianças que moravam na casa da família também sofriam espancamento e tortura. A mãe é suspeita de ser conivente com o crime, cometido em Planaltina e denunciado por parentes

Jaqueline Fonseca
postado em 24/08/2020 22:06
 (crédito: Polícia Civil/Divulgação)
(crédito: Polícia Civil/Divulgação)

Um jovem de 21 anos está preso acusado de torturar e bater em um bebê de 9 meses com um chicote. Ele foi denunciado pela tia-avó da criança e detido em flagrante no domingo à tarde pela Polícia Militar no Núcleo Rural Café Sem Troco, em Planaltina. O suspeito passará por audiência na manhã de hoje. Segundo a polícia, a vítima teria sido agredida logo depois do almoço de domingo, por estar agitado e não querer dormir.

A mãe do bebê, de 22 anos, tem outros dois filhos, uma menina de 5 anos e um menino de 3. As agressões foram reveladas pela criança mais velha, após passar um período na casa da tia-avó. Na hora de ir embora, ela teria relatado que não queria voltar, pois era agredida pelo padrasto com chicote, assim como as outras crianças. A parente, então, foi até a casa da filha, encontrou o bebê com marcas recentes e chamou a Polícia Militar.

O policial militar que atendeu à ocorrência disse ao Correio que questionou a mãe e o padrasto sobre a agressão, e eles confirmaram que o bebê tinha apanhado naquele dia. O soldado Welington Antonio da Silva Filho ergueu a blusinha para observar o corpo da criança e encontrou vários hematomas nas costas do bebê. A mãe teria tentado impedir que ele visse os outros machucados, mas o PM percebeu que ela escondia algo e viu marcas cicatrizadas na perna da criança. Segundo ele, os machucados foram feitos há pelo menos uma semana. “O tempo todo a gente percebeu que a mãe estava tentando acobertar o padastro. Dizia que ele não agrediu, que ele tava corrigindo. E ela estava se revoltando com os familiares, especialmente com a mãe afetiva dela. Ela dizia que a família dela era o companheiro”, relatou o soldado.

O jovem e a companheira foram encaminhados pela Polícia Militar à 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) para registro da ocorrência, com a criança e a tia-avó. Na unidade policial, o suspeito manteve-se calado. A mãe admitiu que o companheiro bateu no bebê e agredia as crianças. “Ela justificou as agressões, dizendo que era para corrigir as crianças”, disse a delegada-chefe da 6ª DP, Jane Klebia. Segundo a investigadora, a mãe sabia da violência. “Ficou configurado que ele agredia com a conivência da mãe com o fim de educar, o que se encaixa perfeitamente o crime de tortura”, explicou. Pelo flagrante da tortura contra o bebê de 9 meses, o acusado pode ficar até 8 anos preso. Agora, a Polícia Civil investiga as agressões contra as outras crianças e, a depender do encaminhamento, a pena pode ser agravada.

Coautoria

Ontem, a Polícia Civil encaminhou as outras duas crianças ao Instituto de Medicina Legal (IML) para que elas também passem por exame de corpo de delito. A delegada Jane Klebia ouvirá novamente a mãe e a avó das crianças e fará uma oitiva especial para que a menina de 5 anos conte o que viu e viveu dentro do lar com o agressor. A delegada informou à Justiça e ao Conselho Tutelar sobre o caso para garantir que as crianças sejam protegidas e, se necessário, afastadas da família. “Além das agressões, vamos esclarecer a participação da mãe para saber se ela é coautora, já que ela sabia das surras”, ressaltou a investigadora.

"Ficou configurado que ele agredia com a conivência da mãe com o fim de educar, o que se encaixa perfeitamente o crime de tortura”
Jane Klebia, delegada do Paranoá


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