26 DE SETEMBRO

Tiro e fogo em derrubada

Manifestantes e Polícia Militar entraram em confronto no assentamento durante mais uma operação da Secretaria DF Legal contra construções irregulares no local. Um policial civil foi baleado na coxa esquerda durante o conflito

» DARCIANNE DIOGO » JAQUELINE FONSECA
postado em 26/08/2020 23:10 / atualizado em 26/08/2020 23:10
 (crédito: Reprodução/Vídeo)
(crédito: Reprodução/Vídeo)

Invadida desde 2009, uma área do Assentamento 26 de Setembro, próximo à Taguatinga, vem sendo palco de seguidas operações de desocupação e protestos. Ontem, durante mais uma operação de derrubada de construções no local, coordenada pela Secretaria DF Legal, houve confronto entre os moradores e policiais. Os manifestantes arremessaram pedaços de pau, pedras, fogos de artifício e garrafas contra as forças de segurança. Um policial civil de 42 anos levou um tiro na coxa esquerda. Pouco tempo depois, alguns dos que protestavam atearam fogo em um ônibus no Km-9 da DF-095, Via Estrutural.

De acordo com o DF Legal, as equipes desocuparam duas chácaras, com retirada de cercas, postes e um transformador clandestino, além de dois galpões de alvenaria e bases para edificação. Em nota, a pasta informou que nenhuma construção habitada foi removida.

Os manifestantes montaram quatro barreiras com fogo e pregos para impedir a ação dos fiscais. Além disso, os protestantes lançaram contra os policiais diversos itens, como pedras, bolinhas de gude, rojões e pedaços de pau. Militares usaram bombas de efeito moral para conter o grupo. Dois policiais militares ficaram feridos, um com uma pedrada e o outro com um objeto perfurocortante. Ambos precisaram de atendimento médico, mas passam bem. Um homem foi preso por lesão corporal.

De acordo com a PMDF, um homem efetuou vários disparos de arma de fogo contra a cavalaria do Batalhão de Choque. Um agente da Polícia Civil, de 42 anos, que auxiliava na operação, levou um tiro na coxa esquerda. A princípio, ele foi encaminhado ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) consciente e orientado. O Correio apurou que o paciente foi transferido de helicóptero a um hospital particular, onde passou por cirurgia. Até o fechamento desta edição, o suspeito não havia sido preso.

Ônibus queimado
Um ônibus ficou totalmente destruído após manifestantes atearem fogo no veículo. O ato de vandalismo ocorreu poucas horas depois da operação de derrubada no assentamento. O coletivo é da empresa São Francisco e fazia a rota Estrutural/Setor O, em Ceilândia. Conforme o Correio apurou, o automóvel transportava 50 pessoas no momento do incêndio, incluindo o motorista e o cobrador. Ninguém se feriu. Investigadores da 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires) apuram o caso.

Segundo informações do Corpo de Bombeiros, no momento em que a equipe chegou ao local, não havia mais passageiros no interior do veículo. O trabalho para apagar as chamas durou cerca de uma hora, e duas faixas da via de rolamento foram interditadas. O local permaneceu aos cuidados da PMDF.

Por meio de nota oficial, a empresa São Francisco repudiou o ato. “Os ônibus são equipamentos públicos, que precisam ser protegidos. O prejuízo maior é da comunidade que necessita do transporte coletivo para se deslocar para o trabalho, hospital. A Expresso São José repudia esse tipo de atitude e espera que as autoridades competentes elucidem o caso e os responsáveis sejam punidos de acordo com a lei”, esclareceu a instituição.

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Histórico conturbado

Essa não é a primeira vez que ocorrem protestos no Assentamento 26 de Setembro. Em 19 de agosto, a ação de derrubada também gerou confusão no local. Moradores montaram uma barricada e começaram a atirar pedras contra a tropa. A PMDF utilizou bombas de efeito moral para conter os manifestantes.

Roger Brasil, um dos moradores do assentamento, diz que a ação realizada ontem derrubou cinco comércios da região. “Eles falaram que vão derrubar tudo que tem pela frente por ordem do governador. Mas a gente está aqui desde 1996. Foi um decreto do Cristóvão Buarque, que era governador à época, que colocou a gente aqui”, defende.

Segundo ele, a ocupação do Assentamento é legal e, na região, moram aproximadamente 30 mil pessoas. Ele contesta a informação de que apenas construções desocupadas estão sendo destruídas.

O DF Legal, no entanto, afirma que não há motivo para a população oferecer resistência, pois, nesta fase, as ações não atingirão casas habitadas, sobretudo considerando a pandemia causada pelo novo coronavírus.

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