A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga o sumiço de 20 coroas de flores do túmulo de uma idosa, de 89 anos, que morreu vítima da covid-19 na madrugada deste sábado (29/8). Filonilia Coelho da Rocha Ribeiro faleceu no Hospital Brasília e foi sepultada no mesmo dia.
O Correio conversou com a filha da idosa, a funcionária pública Fernanda da Rocha, 45. Ela conta que, na manhã seguinte, após o sepultamento, precisou retornar ao cemitério, pois havia esquecido de acender velas. “Como minha mãe era mais velha, a maioria dos amigos não pode ir ao sepultamento. Eles enviaram cerca de 20 coroas de flores para ela. Quando cheguei ao local, no outro dia, não tinha mais nenhuma flor. Todas foram retiradas”, disse.
A família se revoltou com a situação e procurou a administração do Cemitério Campo da Esperança. Segundo Fernanda, ao informar sobre o suposto furto das coroas de flores, uma funcionária do local respondeu que a própria equipe do cemitério havia retirado os arranjos. “Fiquei atônita e até disse à ela que eles não poderiam mexer, pois não havia nenhuma regra sobre isso”, destacou.
Como consta no boletim de ocorrência registrado pelos parentes na 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro Velho), a funcionária do cemitério disse, ainda, que, após o sepultamento, a retirada das flores era procedimento habitual. A filha da vítima chegou a solicitá-la a devolução das coroas, mas a mulher teria dito que as mesmas estavam no lixo.
Mistério
No dia seguinte, um outro familiar retornou, novamente, ao cemitério e pediu para conversar com um dos administradores. “O homem veio com outra conversa e disse que os funcionários haviam passado a informação errada, que, na verdade, a retirada das coroas só era feita três dias depois do sepultamento”, disse Fernanda.
Por meio de nota oficial, o Campo da Esperança Serviços Ltda esclareceu que os funcionários da empresa só retiram as coroas quando as flores estão secas ou apodrecidas, e que o procedimento é necessário para manter o cemitério limpo. Alegou, ainda, que os arranjos postos pela família não foram retirados por funcionários do local, diferentemente do que a funcionária havia informado à filha da vítima.
A empresa complementou, ainda, que a segurança da unidade da Asa Sul é feita por quatro equipes de quatro seguranças desarmados, que fazem rondas em automóveis em toda o terreno. “O trabalho é feito 24 horas. No entanto, por se tratar de área pública, a empresa não pode impedir a circulação de pessoas”, informou o Campo da Esperança.
O advogado da família, Hugo Sarubbi, defende que o serviço de sepultamento é como qualquer outro, mas que, nesse caso, trata-se de uma concessão pública. “A empresa tem por obrigação zelar pelo espaço do cemitério. O argumento de que pessoas entram, levam e furtam objetos no local não poderia ser dito de maneira trivial. As coroas não foram abandonadas pela família, elas foram depositadas. Dessa forma, pretendemos entrar com uma ação judicial para que os fatos sejam esclarecidos”, argumentou.
Agora, a família quer justiça. “Minha mãe sofreu com essa doença. Ela era uma pessoa muito católica e não pôde ter um sepultamento cristão devido ao coronavírus. Um carinho dos seus familiares lhe foi tirado. Como que alguém sai com 20 coroas de flores e ninguém vê nada? Vou defender minha mãe sempre”, finalizou a filha.
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