OBITUÁRIO

Antonio Botelho, o "Lua"

Conhecido na cena cultural de Taguatinga, o empresário não resistiu à batalha contra a covid-19. Ele estava na UTI desde o dia 25 de agosto, e faleceu na segunda-feira. O mineiro foi dono de um dos primeiros bares alternativos da cidade, o oPTei

Correio Braziliense
postado em 08/09/2020 21:05
 (crédito: Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

» Jonathan Luiz*

A cidade de Taguatinga perdeu uma grande figura. Aos 55 anos, o empresário Antonio Luiz Botelho, mais conhecido como “Lua”, não resistiu à batalha contra a covid-19. Ele começou a sentir os sintomas do vírus em 17 de agosto. No dia 25 do mesmo mês, procurou um hospital e foi direto para unidade de terapia intensiva (UTI). Lua faleceu na noite da última segunda-feira.
Antônio Luiz era amado por amigos e familiares. Um dos filhos dele, Luan Botelho, 26, conta a admiração que tem pelo pai. “Eu poderia tentar defini-lo como um melhor amigo, mas é muito maior que isso. Um homem extremamente bondoso, compreensivo, solidário, alto-astral e companheiro. Conseguiu me ensinar os valores que definem um homem e o verdadeiro significado de ser feliz”, aponta.
Luan relembra seu momento favorito que teve com o Lua. “Algo que ficou muito marcado eram as viagens que meu pai levava a gente (família). Ele sempre gostou muito de viajar e tentou proporcionar isso para gente, conhecer novos lugares e ter experiências novas. Chegava a dirigir dois, três dias seguidos durante o dia todo. Sempre muito bom ao volante, por sinal”, lembra.
Lua deixou lembranças e boas amizades. Muito querido na QNE, em Taguatinga, ele gostava de frequentar bares sempre rodeado de amigos. A sobrinha Roberta Botelho, 39, fala do tio como um homem de coração grande. “Ele era um cara muito amado por todos. Tinha um grande coração e muitos amigos. Era mais que um tio, era um pai, um amigo, um irmão mais velho. Amava e vivia a vida intensamente. Vai deixar muita saudade”, diz Roberta.
Mineiro da cidade de Abaeté, Lua era o caçula entre 10 irmãos. Chegou à capital jovem, em 1969. Ele deixa dois filhos: Luan Rabelo Luiz Botelho, 26, e Lauro Rabelo Luiz Botelho, 23. Seu sepultamento aconteceu ontem, no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.

Legado

Além de ser querido pelas pessoas que o rodeavam, Lua fazia parte da cena cultural de Taguatinga. “Por volta de 1983, ele fundou junto com o irmão Otaviano o bar oPTei. Além de se divertir com os amigos, o local também servia de encontros para discutir cultura e questões políticas. Era bem agitado”, conta Marcio Rodrigues, 56, amigo de Antonio desde o início dos anos 1980.
Marcio aponta o legado deixado por Lua. “Esse bar alternativo abriu portas para outras tabernas. Antes do Lua, tinha o Bar do Kareka, na década de 1980, mas o Kareka foi embora de Brasília, por uns tempos, e deixou espaço aberto. Os jovens tinham a praça do DI, mas não havia um bar alternativo. Quando o Lua abriu o oPTei, a moçadinha da cidade pôde aproveitar. Esse foi um dos maiores legados que ele deixou”, aponta.
Amiga de Lua há 15 anos, Patrícia Rodrigues expressa sua gratidão que carrega por ele. “O Lua sempre foi uma pessoa muito querida por todos, com um coração pleno de bondade. Moro na Bahia há três anos, mas nunca perdi contato com ele. Inclusive, ele estava planejando vir aqui em janeiro para me visitar e viajar, algo que ele adorava”, salienta.

* Estagiário sob a supervisão de Adson Boaventura

 

Adeus

Antes de ser internado,
Lua deixou uma carta para
familiares e amigos

“Se por acaso estiverem lendo este texto, é porque parti. Para onde, quem sabe? Eu sei que vivi a minha vida sempre aos extremos e sem guardar mágoa ou sequer um mínimo de rancor de ninguém. Bom, em 2022, façam uma grande festa de Aquárius, comecem, claro, com a música (Aquárius) e terminem (Pro dia nascer Feliz, com versões do Cazuza e Frejat).Vivi intensamente, tive mulheres lindas, maravilhosas e loucas, altos e baixos. Mas principalmente, uma família que não existe igual, filhos, enteadas e noras maravilhosas, e amigos desde a infância, adolescência, juventude, e agora, fantásticos, mesmo sem ver alguns há mais de 40 anos, outros há 15, 10, mês passado. Sempre foram generosos, cada um a seu jeito. Eu só tenho gratidão pelos anos que vivi. Bom, continuem curtindo a vida, viajando muito, os que puderem. E é isso: amo todos vocês. Antonio Luiz Botelho, sempre Lua. E comam uma manga do cemitério, perto do meu túmulo, vocês vão ver, vai ser a mais doce. Coragem!”

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