Móveis e eletrodomésticos

Venda de móveis e eletrodomésticos cresce 87,1% em julho, aponta IBGE

O setor registrou o melhor resultado do mês no Brasil, em comparação com o mesmo período do ano passado. No entanto, segmentos que comercializam artigos de vestuário, escritório, livraria e combustíveis sofreram queda

Tainá Seixas
postado em 11/09/2020 06:00
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press - 13/4/20 )
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press - 13/4/20 )

A pandemia alterou hábitos de consumo da população, e os artigos mais cobiçados, atualmente, pelos brasilienses, são móveis e eletrodomésticos. É o que mostra a Pesquisa Mensal de Comércio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem. Segundo o estudo, houve aumento de 87,1% nas vendas desses itens em julho, em comparação com o mesmo período do ano passado. Esse é o maior percentual entre unidades federativas do Brasil.

Outro setor que demonstrou variação positiva foi o de material de construção, veículos, motos, partes e peças, com aumento de 11,8%, em relação a junho. O segmento de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos cresceu 8,3%, depois de três meses consecutivos de quedas. E, atividades de supermercado, produtos alimentícios, bebidas e fumos têm registrado acréscimos consecutivos durante o ano, com variação de 2,3%.

Para o vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista/DF), Sebastião Abritta, a alta procura por essas mercadorias aconteceu por uma série de fatores. “Essa explosão de venda em julho foi devido ao período da pandemia, porque a pessoa estava dentro da residência e viu a necessidade de comprar uma geladeira maior, uma televisão maior, com o acumulado dos R$ 600 (auxílio emergencial). Outra coisa que está ocorrendo é que várias pessoas perderam o emprego. Houve um aumento de microempreendedores individuais, então eles tiveram que adquirir algumas coisas, como fogão industrial, para poder adequar a atividade e, por questão de sobrevivência, passou a fazer comércio”, avalia o vice-presidente.

Francisco Maia, presidente da Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio/DF), acredita que, com a extensão do auxílio financeiro dado pelo governo até o fim do ano, mesmo que reduzido, será mantida a atividade econômica. “Claro que muitas pessoas vão deixar de receber e vai haver uma diminuição, mas, como as empresas estão voltando a funcionar, volta a haver emprego e isso vai compensar”, argumenta.

Outros setores não tiveram o mesmo sucesso. Em julho, o grupo de tecidos, vestuário e calçados teve queda de 39,9% em relação ao mesmo período do ano passado. No segmento de livros, jornais, revistas e papelaria, a diminuição foi de 35,5%; a venda de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação caiu em 30,5%; combustíveis e lubrificantes registrou queda de 23,8% e outros artigos de uso pessoal e doméstico variaram 17,6% negativamente.

Mudança na rotina

Valdemir Pereira é gerente da loja Tina Móveis, na Asa Sul, e relata que observou um aumento, de 70 a 80%, na venda de cadeiras ergonômicas no estabelecimento. “Os clientes estavam se queixando, com dor nas costas, porque trabalhavam, no serviço, 8 horas por dia e foram trabalhar em casa, da mesma forma, sem uma cadeira adequada”, explica.

O casal João Vitor Oliveira, 26 anos, e Jéssica Jerônimo, 26, mudou-se, recentemente, para um apartamento no Cruzeiro e precisou investir em mesa, cadeiras, chaleira elétrica, barbeador e um equipamento de cafeteria. Esse último é para Jéssica trabalhar. A barista resolveu empreender durante a pandemia, com o Dengo Café, onde vende pães e produz o próprio café. “Achei que era uma boa aquisição para o momento, porque ele vai melhorar a qualidade do produto que eu vou entregar ao consumidor”, afirma.

 

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