Eficácia duvidosa de testes de covid-19
Segundo a investigação da Operação Falso Negativo, o diretor do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF), Jorge Chamon, levou menos de uma hora para avaliar tecnicamente todas as sete propostas comerciais encaminhadas para compra de kits de testes para covid-19. “Esse prazo exíguo, a par de colocar em risco e dúvida a funcionalidade dos testes e sua acurácia na identificação do vírus da covid-19, revela que não houve efetivamente uma checagem idônea dos documentos por parte do denunciado Jorge”, afirmam os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Procuradoria-Geral de Justiça do DF, na denúncia.
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Perda do foro
Se o governador Ibaneis Rocha (MDB) nomear um novo secretário de Saúde, a denúncia da Operação Falso Negativo contra Francisco Araújo Filho vai baixar para a primeira instância.
Testes a mais
Numa das interceptações telefônicas da Operação Falso Negativo, uma funcionária da Farmácia Central do DF comenta que não havia lugar para guardar testes de covid-19, porque a Secretaria de Saúde do DF estava comprando mais do que utilizava.
Debate sobre universidade distrital
Uma universidade pública do Distrito Federal? O tema está em discussão na Câmara Legislativa. Projeto de lei complementar encaminhado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) estabelece a instalação da instituição. O tema será debatido em audiência pública nesta terça-feira pela Comissão de Educação, Saúde e Cultura da Casa, por iniciativa do deputado Jorge Vianna (Podemos), em videoconferência. Pela proposta do Executivo, o campus terá faculdades de ciências humanas, cidadania e meio ambiente, gestão governamental de políticas públicas e serviços, educação e magistério, letras, artes e língua estrangeira, ciências da natureza e matemática, educação física e esportes, segurança pública e defesa social, engenharia, arquitetura e ciências da saúde. Os deputados já apresentaram 48 emendas.
Causas "pro bono"
O Instituto de Garantias Penais (IGP), que reúne um grupo de renomados criminalistas de Brasília, criou um programa “pro bono” para defender judicialmente pessoas que estejam desamparadas pelo sistema de Justiça. Com experiência acumulada em grandes causas criminais, os integrantes do instituto vão oferecer voluntariamente a estrutura de seus escritórios para a defesa dos assistidos. As causas serão selecionadas por um comitê de avaliação. O projeto poderá fechar convênios com órgãos públicos, instituições de ensino e do terceiro setor.
Mandou bem
O Congresso aprovou projeto que aumenta penas para maus-tratos a cães e gatos. Se for sancionada, a lei estabelecerá prisão de até cinco anos para ferimentos ou mutilações de animais.
Mandou mal
A umidade relativa do ar no DF atingiu, na semana passada, a casa dos 10%, cenário propício para doenças respiratórias. Situação grave em tempos de pandemia de covid-19.
Só papos
“Nós últimos dias, segundo os boatos, já fui candidata à vice-presidente, àsenadora, à deputada e, agora, até mesmo à ministra do STF, mas ninguém pergunta o que quero mesmo ser. Pois bem, eu quero é ser astronauta!”
Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves
“O mero fato de se cogitar o nome de Damares para o STF é ilustrativo de que estamos vivendo um roteiro de filme inimaginável, uma mistura de morbidez moral com a absoluta falta de bom senso”
Defensor público federal Caio Paiva, professor de Processo Penal e Direitos Humanos
A pergunta que não quer calar….
Segundo a Reuters, o Canadá não reportou nenhuma morte por covid-19 na última sexta-feira. O Brasil registrou 874. O que eles estão fazendo de diferente de nós?
Enquanto isso... Na sala de Justiça
Na abertura da denúncia contra 15 pessoas acusadas de integrar um esquema criminoso para direcionar a escolha de duas empresas para venda com preços superfaturados de testes de covid-19, o Ministério Público do DF fez a seguinte citação: “Os ‘sangradores’– como os denomina um comissário francês – são pouco visíveis. Seus crimes são cometidos na penumbra. Eles avançam ocultos, detestam a luz do dia. Fogem do olhar dos povos como da peste”. O texto integra a obra Os senhores do crime, do suíço Jean Ziegler, professor de Sociologia na Universidade de Genebra e na Sorbonne, de Paris. O livro fala sobre o surgimento do crime organizado e a lavagem de dinheiro por meio da globalização do sistema financeiro.
À QUEIMA-ROUPA - Alex Galvão
Presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF)
Há uma articulação no Congresso para aprovar a criação de um plano de saúde para policiais civis. Como está essa negociação?
Sim. Estamos buscando dialogar com os parlamentares do Distrito Federal para criar um fundo que garanta assistência à saúde dos policiais civis, física e mental. Assim como a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, a nossa categoria também necessita desse amparo, inclusive para garantir a melhor prestação de serviço para a população. Apresentamos ao relator, o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), uma emenda à Medida Provisória em tramitação 971/2020 em que propõe a criação de uma assistência integral à Saúde do Policial Civil do DF.
Acredita que o Congresso vai aprovar essa proposta, em meio a uma crise econômica grave?
Sim. Essa proposta não gera, inicialmente, impacto financeiro aos cofres públicos. Mas sabemos que, conforme ele seja regulamentado em toda a sua amplitude, será preciso rever os investimentos feitos na saúde dos policiais, que hoje é zero. Precisamos sair desse estado e a pandemia do novo coronavírus evidenciou isso ainda mais.
Policiais civis queixam-se de, principalmente nesses tempos de pandemia, ter de pagar tratamentos de saúde do próprio bolso. O sindicato acompanha isso?
Recebemos queixas diariamente e acompanhamos todas. Somente na última semana, morreram quatro policiais civis aposentados que não tinham planos de saúde. Sabemos o quanto é difícil, principalmente para os idosos, arcar com esses gastos no nosso país. E não ter esse suporte, que deveria ser dado pelo Estado, faz com que percamos cada vez mais colegas, ativos e inativos.
Como tem sido a proteção de policiais civis na pandemia, para evitar contaminações?
Foram tomadas diversas medidas para tentar diminuir as exposições dos policiais civis na sua rotina de trabalho. Mas, temos relatos de delegacias que até hoje não possuem barreiras de distanciamento no atendimento à população. E a natureza do trabalho, em si, também tem diversas atividades, como as operações, que fazem com que a nossa categoria esteja sempre exposta ao risco de se contaminar. Assumimos esse risco, mas ele poderia ser bem menor do que é hoje. Conseguimos que colegas mais vulneráveis, como policiais gestantes ou com comorbidades, por exemplo, estivessem em teletrabalho. Mas, a exposição, em geral, ainda é preocupante.
Temos notícias de muitos casos de depressão na categoria. A pandemia agravou muito esse quadro?
Lidar com as piores faces da sociedade, por si só, já afeta a saúde mental dos policiais civis. E a depressão é um dos efeitos colaterais mais frequentes. Na pandemia, isso só se agravou. O distanciamento social, muitas vezes até do nosso círculo familiar mais íntimo e outras questões, nos colocam em maior vulnerabilidade. E não ter nenhum tipo de assistência faz com que vivamos uma outra pandemia dentro da Polícia Civil do DF. E é isso que estamos lutando para mudar.