Após quedas consecutivas durante cinco meses, o índice que verifica a intenção de consumo das famílias (ICF) do Distrito Federal subiu pela primeira vez. O resultado do indicador em agosto registrou 66 pontos, contra 96,9 no mesmo período do ano passado. Levantamento divulgado, ontem, apresentou a avaliação de 600 entrevistados, que opinaram sobre aspectos como condição de vida, capacidade de compra neste momento e nos próximos meses, nível de renda doméstico, segurança no emprego e qualidade de consumo.
A pesquisa tem produção mensal pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF). O ICF varia de 0 a 200 e, quando fica abaixo de 100, indica pessimismo por parte da população. De agosto do ano passado até fevereiro, o índice se manteve em ascensão, atingindo 103,8 pontos antes da pandemia da covid-19 chegar à capital do país. De março em diante, apresentou trajetória de queda, chegando a 65,1, em julho.
No início da crise, Flávia Damasceno, 37 anos, não tinha ideia de que precisaria trabalhar de casa pelos próximos meses. Divididos entre o home office, as tarefas domésticas e os cuidados com a família, a consultora de imóveis e o marido dela, Carlos Alberto Damasceno, decidiram pesquisar eletrodomésticos que ajudassem na rotina de casa.Um deles é um robô aspirador de pó, cujos preços variam de R$ 500 a R$ 3,5 mil. “Incluí no orçamento para comprar. Espero que, até o fim do mês, eu consiga aposentar minha vassoura”, brincou a moradora de Águas Claras.
No caso dos lares com rendimentos acima de 10 salários-mínimos (R$ 10.450,00), a intenção de consumo caiu de maneira considerável entre março e maio, mas permaneceu praticamente estável nos meses seguintes. Nesse grupo, 47,4% dos entrevistados consideraram que a renda ficou igual à observada no mesmo período de 2019, e 23,2% disseram que ela ficou melhor. Por outro lado, dos participantes da pesquisa que recebem abaixo dessa faixa salarial, 41,9% afirmaram que a renda está igual à do ano passado, enquanto 42,9% comentaram que ela está pior.
Além disso, 65,9% das famílias estão comprando menos que em 2019, sendo que 73,4% consideram o momento ruim para a aquisição de bens duráveis, como eletrodomésticos. Do total de entrevistados, 60% acredita que essa tendência vai continuar nos próximos meses. As entrevistas ocorreram nos últimos 10 dias de julho, e a pesquisa tem intervalo de confiança de 95%.
Para o economista César Bergo, presidente do conselho regional da categoria no Distrito Federal (Corecon-DF), os resultados indicam que houve interrupção da queda do índice ICF, mas isso ainda não representa uma recuperação. “É um otimismo bem moderado. Vemos que as pessoas estão mais prudentes em relação a compras. Mas elas também estão guardando mais dinheiro e pensando duas vezes antes de consumir alguns itens, porque não sabem o que virá. Não é como arroz e feijão”, comentou César.
*Colaborou Adriana Bernardes
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