Como já disse, acho que os nossos primeiros deveres na pandemia são manter a sanidade mental e ser solidário. Estamos em uma guerra silenciosa com um inimigo invisível, mas que já atingiu de maneira letal mais de 130 mil brasileiros. É natural que sejamos, de alguma maneira, afetados pela irresponsabilidade dos governantes, o confinamento forçado, as incertezas sobre o presente e sobre o futuro.
Bem sei que cada um vive a situação de maneira diversa em uma sociedade tão desigual. Mas, de qualquer maneira, temos de nos empenhar para manter a saúde física e mental. De minha parte, sou praticante de tai chi chuan há mais de 30 anos.
Certa vez, nesta longa estrada da vida de repórter, fui fazer a cobertura da festa do Padre Cícero em Juazeiro do Norte. Os hotéis da cidade estavam abarrotados, só encontramos vaga em uma pousada, com quarto pequeno e precário.
Mesmo assim, eu acordava, religiosamente ou marcialmente, às 6h da manhã e fazia o meu tai chi, com acrobacias para me mover em espaço tão acanhado. Começava no chão e subia na cama para espanto do fotógrafo parceiro na aventura jornalística. É algo que me traz concentração, foco, serenidade e energia para enfrentar as batalhas cotidianas.
Eu acho que o tai chi é uma prática tão saudável que deveria ser massificada por todas as quadras e ruas de Brasília. Mereceria ser tema de política pública. A saúde física e mental da população melhoraria sensivelmente, com baixo custo. Além disso, sempre gostei de longas caminhadas, de observação da natureza, de meditação e de leituras.
Às vezes, saía de férias para a praia, caía uma borrasca, o tempo fechava e alguns diziam: “Que tédio!”. Eu replicava: “Que tédio, nada! Para quem lê não existe tédio”. Claro que não tinha ido à praia para uma invernada. Mas, já que a metereologia nos aprontara aquela peça imprevista, tentaria aproveitar para viver uma outra experiência rica.
Assisti a uma interessante live do doutor Drauzio Varella com o médico psiquiatra doutor Cleber Firmino. Ele definiu saúde mental como a maneira saudável de lidar com nós mesmos, com os outros e até com o universo. Segundo o doutor Cleber, é natural que tenhamos experiências de sofrimento durante um período de tantas limitações quanto é o da pandemia.
Mas, a situação deve preocupar quando nos incapacita de realizar as tarefas cotidianas: trabalhar, cuidar da casa, estudar, jogar futebol, jardinar. Neste ponto, é preciso procurar ajuda médica. Segundo ele, o SUS deveria avançar no sentido de oferecer acesso amplo a terapias para quem tenha algum tipo de sofrimento. Isso evitaria muitos problemas de saúde.
Quem puder, faça caminhadas, cultive plantas, leia, ouça música, pratique tai chi, medite, reze, contemple as noites brasilianas cravejadas de estrelas. Cuidem-se, pois a saúde é o nosso bem mais precioso.
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