Justiça

Sargento da PM é condenado a 24,6 anos de prisão por matar policial

Tribunal do Júri de Águas Claras condenou o sargento da PM por homicídio duplamente qualificado, por matar outro policial militar em boate em 2012

Correio Braziliense
postado em 25/09/2020 17:33 / atualizado em 25/09/2020 17:46
O tribunal do júri condenou o sargento, que deve recorrer -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
O tribunal do júri condenou o sargento, que deve recorrer - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O Tribunal do Júri do Distrito Federal, Circunscrição de Águas Claras, condenou, na quinta-feira (24/09), o sargento da Polícia Militar do DF Jamir Arthur Langkamer Júnior, 44 anos, a 24,6 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado. Ele matou, em 2012, com quatro tiros, o também policial militar Helton de Jesus Cortez Prado, à época, com 38 anos, na porta da Boate Real Show. Ele cumprirá pena em regime fechado. A defesa do sargento avisou que recorrerá da sentença.

O crime, segundo a Justiça, ocorreu por motivo fútil e sem que a vítima tivesse chance de defesa. Tudo começou quando Helton recusou-se a pagar gorjeta de 10% cobrada pela boate. Pelos depoimentos, ele e o dono do estabelecimento, Ronaldo José dos Santos, desentenderam-se. Durante o processo, o empresário disse que o policial morto estaria embriagado e armado, e, desde que chegou à casa de striptease, arrumou confusão, ameaçando matar “todo mundo”.

Diante das ameaças, Ronaldo afirmou que ligou três vezes para a PM, a fim de pedir proteção, mas não foi atendido — na última ligação, a atendente disse que a chegada dos policiais demoraria pelo menos 10 minutos. Foi neste momento que ele se deparou com o o número de Jamir em seu celular. Como eram amigos, já tinham até viajados juntos, decidiu pedir ajuda. O condenado, que ainda não estava de serviço naquele dia (30 de agosto de 2012), chegou à boate antes da polícia.

Arma apontada para a cabeça

Pelos vídeos das câmaras da boate, recolhidos pela polícia e adicionados ao processo, Jamir chegou apressado ao estabelecimento por volta das 7h da manhã. Ele passou pela vítima, que já estava do lado de fora, com um copo na mão, conversando com o gerente da Real Show, José Antonio Correa. O sargento ficou apenas 21 segundos dentro da boate, de onde já saiu com arma em punho, apontado para a cabeça de Helton, atitude considerada abusiva pelos promotores do Ministério Público.

Jamir tentou dar uma gravata no policial, que se desvencilhou. Ainda pelas imagens da câmara, é possível ver o condenado dando um chute em Helton. A partir daí, os dois desapareceram das câmaras. Foi quando aconteceu o assassinato. Em todos os depoimentos, Jamir afirmou que agiu em legítima defesa. Que, ao tentar dar uma rasteira na vítima, caiu. Nesse momento, Helton teria retirado a arma que estaria em sua cintura. Jamir, então, deu cinco tiros, acertando quatro. Da saída do condenado da boate até o desfecho do assassinato, foram apenas 14 segundos.

Nos laudos apensados ao processo, peritos criminais ressaltaram que as balas entraram de cima para baixo no corpo de Helton: duas no ombro, uma no braço direito, outra na coxa esquerda. Portanto, no entender dos promotores de Justiça, não havia como Jamir estar no chão quando atirou. O entendimento dos acusadores foi o de que, na verdade, quem teria se desequilibrado seria a vítima. Em fotos tiradas pelos peritos, é possível ver a marca de um chute na camisa do morto.

Ao chegarem ao local do crime, os bombeiros detectaram que Helton já estava morto. Com ele, foram encontradas duas armas, uma delas, de posse da Polícia Militar do Distrito Federal. Ele deixou mulher e dois filhos. Antes de o assassinato chegar à Justiça comum, houve um inquérito militar, pois, acreditou-se, num primeiro momento, tratar-se de crime entre policiais. Mas, constatou-se mais adiante, que o caso envolvia dois cidadãos. Portanto, deveria ir para o Tribunal do Júri. Quando encaminhou o processo ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal, o inquérito conduzido pela PM recomendou o indiciamento de Jamir.

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