política

Políticos do DF decidem por apoio discreto às candidaturas no Entorno

Figuras como Ibaneis Rocha (MDB) e Rafael Prudente, presidente da Câmara Legislativa e correligionário do governador, não devem sair às ruas de regiões vizinhas para fazer campanha. Ao menos não por enquanto

Jéssica Eufrásio
postado em 29/09/2020 06:00 / atualizado em 29/09/2020 08:21
 (crédito: Alan Rios/CB/D.A Press)
(crédito: Alan Rios/CB/D.A Press)

Com a oficialização dos nomes dos candidatos para as eleições municipais de 2020, os diretórios dos partidos começam a se articular para definir os apoios às candidaturas. No caso do pleito no Entorno, as escolhas ainda acontecem de maneira tímida. A movimentação por parte de políticos que estão em fase de mandato começou discreta. Figuras como Ibaneis Rocha (MDB) e Rafael Prudente, presidente da Câmara Legislativa e correligionário do governador, não devem sair às ruas de regiões vizinhas para fazer campanha. Ao menos não por enquanto.

Na sexta-feira, terminou o prazo para registro de candidatos junto à Justiça Eleitoral. Por isso, interlocutores de partidos e políticos ouvidos pelo Correio acham o momento “muito preliminar” para listar possíveis nomes de concorrentes que contarão com apoio. Inicialmente, eles atuam em campanhas voltadas a todos os filiados que disputam uma vaga pela sigla. Esse direcionamento, contudo, vai mudar diante dos resultados de pesquisas, do envolvimento da população e de anúncios de posicionamento dos presidentes das legendas.

Em oito cidades goianas vizinhas do Distrito Federal e com os maiores números de habitantes entre os municípios do Entorno, predominaram candidaturas em siglas da direita e do centro. Nesses locais, partidos como PSL, MDB, Avante e PSC superaram a legenda do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). Esse cenário vai na direção contrária dos números do estado, onde o Democratas ficou em primeiro lugar com a maior quantidade de candidatos inscritos, seguido pelo PP e pelo MDB.

Ontem, a diretoria executiva do Democratas no DF se reuniu para definir as estratégias de campanha. Nesse sentido, os políticos da sigla seguirão as indicações de Caiado. Na Cidade Ocidental, por exemplo, o DEM formou coligação pela reeleição do prefeito Fábio Corrêa (PP).

Para tentar mais destaque nas eleições do Entorno, o PT aposta na mobilização dos cerca de 60 mil inscritos na sigla no DF. Na sexta-feira, o partido anunciou a criação de um grupo composto por três dirigentes da regional distrital que cuidará da campanha dos candidatos petistas. Outros oito dirigentes se dividiram entre quatro coordenações — norte, sul, leste e oeste — para trabalhar na militância em municípios goianos que compõem a região vizinha à capital federal. A sigla quer nacionalizar a campanha estimulando todos os filiados a apoiar essas candidaturas, seja virtual, presencial ou financeiramente.

Alianças

Entre as principais bandeiras que os partidos pretendem levar para o pleito estão emprego, inflação, saúde e segurança pública. No entanto, os candidatos esbarram em três novos cenários: a proibição da formação coligações entre os partidos dos concorrentes ao cargo de vereador; a proibição de financiamento de campanha com recursos privados; e as limitações para o contato próximo com eleitores durante a corrida eleitoral, devido à pandemia. Para especialistas, as eleições de 2020 refletirão tendências de resultados vistos em 2018. Além disso, a crise provocada pelo novo coronavírus deve favorecer, novamente, táticas voltadas às mídias sociais.

Professor de ciência política do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Edvaldo Fernandes considera que o panorama nacional levou ao desgaste de partidos tradicionais, o que favoreceu a polarização e um número considerável de candidatos que tentou “surfar na onda bolsonarista”, elegendo-se pelo PSL, antigo partido do presidente da República. O especialista acredita que políticos do DF vão buscar benefícios nas eleições municipais do Entorno, apesar de estarem fora do jogo, em busca de alianças informais com governo e oposição. “Outro ponto a ser analisado é o impacto que o benefício assistencial terá nas regiões do Entorno. Ele fez muita diferença na vida das pessoas e é atribuído ao presidente (Jair) Bolsonaro”, completa.

A cientista política Noemi Araujo afirma que as tendências conservadoras, de direita e militarizadas vão continuar neste ano. Ela observa que a situação das eleições municipais será significativa para mostrar quais alianças serão formadas para 2022 e acrescenta que o fim das coligações afeta, principalmente, eleitos por partidos menores. “Agora, as siglas terão de investir em candidatos com grande potencial de sucesso eleitoral, não mais puxadores de votos”, comenta. “O MDB, atual partido do governador do DF, e o DEM, por causa do Caiado, em Goiás, acabam tendo força maior por causa dos nomes que influenciam nas escolhas (de candidatos)”, diz.

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