MAUS-TRATOS ANIMAL

Cavalos doentes são deixados para morrer em local de desova no Sol Nascente

Moradores relatam que carroceiros deixam os cavalos ainda com vida em uma área de lixo a céu aberto no Sol Nascente. Polícia Civil investiga o caso

A oito quilômetros da Administração Regional de Sol Nascente e Pôr do Sol, moradores de uma área rural localizada na QNR 5 vivem expostos a um espaço de lixo a céu aberto e ponto de desova de animais. Segundo relatos de moradores, cavalos doentes e que não conseguem mais puxar carroças são deixados para morrer em meio à vegetação escassa.

“Aqui, os carroceiros deixam os cavalos e as éguas que já estão à beira da morte nesse descampado aí (aponta para o local). Os bichinhos nem conseguem se mover, mas quem acaba com o serviço mesmo são os urubus, que visitam frequentemente o local. Com isso, vivemos à mercê do forte cheiro de putrefação, além dos lixos que são jogados pela área”, denuncia ao Correio uma moradora do local, considerado área rural do Sol Nascente, sob condição de anonimato. A reportagem conversou com outros residentes, que confirmaram a versão.

Minervino Junior/CB/D.A Press - Denúncia de cavalos mortos devido a situação de maus tratos dos animais na QR05 na expansão da Ceilândia.

No espaço, quatro carcaças de cavalos apodrecem. Um dos animais era uma égua, que faleceu durante trabalho de parto. A advogada Ana Paula Vasconcelos, da ONG Fórum Animal e do Projeto São Francisco, após denúncia do Correio e da TV Brasília, esteve no local e constatou o crime, além da situação de maus-tratos a animais. Um boletim de ocorrência foi aberto na 24ª Delegacia de Polícia (Setor O), que apura o caso, inicialmente.

“Após a denúncia, estive no local e realmente constatei que esses animais mortos se encontram em estado de putrefação, a céu aberto. É importante explicar que nesse local, há um curral comunitário, onde os carroceiros guardam seus cavalos quando não estão trabalhando. É um local com uma série de irregularidades e esquecido pelo Estado, sem qualquer tipo de fiscalização”, frisa.

Na tarde de quarta-feira (2/9), agentes da unidade policial estiveram no local. A reportagem procurou pelo delegado Raphael Seixas, chefe da 24ª DP, que informou que somente passará informações sobre o caso quando tudo estiver elucidado. “Por enquanto, só posso dizer que o fato está sob investigação e que a perícia será realizada no local.”

A reportagem esteve no local acompanhada da Administração Regional de Sol Nascente e Pôr do Sol. Em entrevista, Oscar Silva, chefe de gabinete, esclareceu que a situação não foi denunciada. “Apenas tomamos conhecimento sobre o caso por parte da imprensa e, por isso, viemos constatar a denúncia. Não houve busca por parte dos moradores. Com isso, ainda hoje, solicitaremos que as carcaças sejam retiradas do local, assim como lixo que se amontoa”, garante.

Oscar Silva diz ainda que situações como as constatadas na QNR 5 devem ser denunciadas pelo 162. "Na remoção dos animais, contamos com a ajuda do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e da própria Vigilância Sanitária. Nesse caso constatado aqui, os carroceiros têm os nossos contatos e, diante de tudo isso, vamos reforçar a necessidade de comunicação. Auxiliaremos nas apurações em aberto sobre o caso”, afirma.

Minervino Junior/CB/D.A Press - Na QNR 5, área rural do Sol Nascente, carroceiros deixam cavalos doentes para morrer em local de desova animal
Minervino Junior/CB/D.A Press - Na QNR 5, área rural do Sol Nascente, carroceiros deixam cavalos doentes para morrer em local de desova animal
Minervino Junior/CB/D.A Press - Na QNR 5, área rural do Sol Nascente, carroceiros deixam cavalos doentes para morrer em local de desova animal