TEMPO

Calorão será ainda maior no DF até o fim da semana, apostam meteorologistas

Ontem, a capital registrou a segunda maior temperatura do ano no DF: 36,4ºC. No Plano Piloto, a máxima foi de 35,2ºC, recorde da região em 2020. Zoo adotou estratégias para aliviar calor dos animais

Thais Umbelino
Jéssica Moura
postado em 08/10/2020 06:00 / atualizado em 08/10/2020 06:26
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Nada como um banho refrescante para diminuir a sensação térmica causada pelas altas temperaturas e baixa umidade registradas nos últimos dias na capital federal — ontem, os termômetros no Plano Piloto marcaram 35,2ºC (recorde de calor na região, em 2020), e a umidade relativa do ar variou entre 12% e 58% no decorrer do dia. No Gama, a máxima foi de 36,4ºC, segunda maior temperatura do ano registrada no Distrito Federal. E a previsão, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), é que o clima esquente ainda mais até amanhã, com temperatura de até 38ºC. Há quase 20 dias sem chuva, os brasilienses têm sentido os efeitos da onda de calor. No Zoológico de Brasília não é diferente. Os animais refrescam-se como podem: na sombra das árvores ou aproveitando os reservatórios de água nos recintos.

Para aliviar o calor e a secura de um dos bichos mais queridos pelo público, o elefante Chocolate, a instituição utilizou um carro-pipa e esguichou 1,5 mil litros de água no animal. Por cerca de 30 minutos, o elefante tomou aquele refrescante banho de mangueira. “Tem animais que se assustam um pouco com a pressão, mas o Chocolate sempre foi o mais receptivo. Ele também tem o costume de tomar o banho de lama, que funciona como um filtro solar”, explicou a supervisora de condicionamento animal do zoológico, Fernanda Vasconcelos.

Segundo a profissional, os recintos são preparados para assegurar o conforto térmico de cada animal ao longo de todo o ano. Para tanto, os espaços contam com um ponto de fuga do sol, como árvores ou coberturas, e também reservatórios de água, onde os animais tomam banhos. Alguns deles, como o rinoceronte e a onça-parda, têm até uma cascata de água. “Sempre observamos o comportamento dos animais para ver quem se afeta mais ou menos com o calor e, com isso, definirmos as ações”, contou a supervisora.

Outro cuidado durante esse período mais quente é manter os recintos arejados e os tanques cheios. Contudo, com a redução no quadro de funcionários por conta da pandemia do novo coronavírus, Fernanda destaca que manter o cronograma de bem-estar dos animais é um desafio. “Os bichos não têm culpa, então a gente se adaptou para conseguir atender às demandas deles”, acrescentou. Quando os moradores do Zoológico se recusam a comer, os tratadores têm de adotar estratégias para entregar a comida, como disponibilizá-las em trouxas para aguçar a curiosidade dos bichos. Em períodos específicos do ano, a equipe chega a preparar um picolé especial para os animais. “Ele é feito da alimentação dos bichos. Para os primatas, é de fruta, para os felinos, é de carne e sangue. A gente pega um pouco da dieta e faz picolé”, ressaltou Fernanda.

Enquanto isso...

Do outro lado da cidade, no Lago Paranoá, os brasilienses aproveitam para praticar um esporte, andar de pedalinho, ficar na sombra ou dar um mergulho. “É um privilégio ter um lago desse tamanho na nossa cidade, ainda mais com esse clima tão quente. O banho gelado ameniza”, comentou Elisângela Brandão, 37 anos. Um imprevisto no trabalho a motivou a sair do Guará, onde mora, com as três filhas, para dar uma mergulho na água. “Essa foi a primeira vez que vim para cá desde quando começou a pandemia. Optei vir em um dia de semana para evitar aglomeração e curtir ainda mais”, contou. Mesmo assim, a confeiteira surpreendeu-se com o movimento no local. “Achei que teria menos gente, mas acho que todos estão tentando fugir desse calor, também”, comentou rindo.

Água, melancia e refrigerante. Essas foram as opções que Elisângela levou para todas se refrescarem no dia quente. Outro cuidado foi o uso do protetor solar. “Como por aqui não tem muita sombra, o cuidado deve ser redobrado com o sol”, completou a empreendedora. Porém, quando estão em casa, a estratégia para fugir do calor é outra. “Dou banho de mangueira nas crianças e compro dindim ou picolé para tomarmos”, acrescentou Elisângela.

Para continuar com os treinamentos, mesmo no calor, o professor de highline, esporte radical que consiste em se equilibrar em uma fita, Matheus Waeny, 32, decidiu instalar o equipamento 4 metros acima do lago. “Normalmente costumo treinar no canteiro central, onde também ministro aulas da prática. Como o sol está muito quente e dia de semana é mais vazio, decidi treinar por aqui. É bom que se cair, refresca”, conta. Além de atenção, a atividade exige uma hidratação reforçada. “Para isso, trago 2 litros de água e reforço a proteção solar”, explica o esportista.

A pequena Ana Júlia Magalhães, 9, também teve a ideia de curtir o lago. “Estávamos indo para casa, quando ela pediu para dar uma passada na orla do Lago Sul. Como estava muito quente, concordamos”, relatou o pai da menina, Elton Magalhães, 50. A mãe concordou por ser dia de semana. “Com a pandemia, estamos fugindo de aglomerações. Durante o fim de semana mesmo evitamos vir para cá, porque é mais cheio”, acrescentou Jucilene da Silva, 48. A família chegou no fim da tarde, para se despedir do sol. “Não vemos a hora desse calor forte passar”, acrescentou Juscilene, esperançosa.

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  • Chocolate faz a festa durante banho no Zoológico de Brasília
    Chocolate faz a festa durante banho no Zoológico de Brasília Foto: Ed Alves/CB/D.A Press
  • O jacaré foge das altas temperaturas mergulhado na água
    O jacaré foge das altas temperaturas mergulhado na água Foto: Ed Alves/CB/D.A Press
  • A família Magalhães: uma parada para curtir a paisagem e se refrescar
    A família Magalhães: uma parada para curtir a paisagem e se refrescar Foto: Thais Umbelino/CB/D.A Press
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Elisângela Brandão:
    Elisângela Brandão: "É um privilégio ter um lago desse tamanho na nossa cidade" Foto: Thais Umbelino/CB/D.A Press
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