Eixo Capital

Ana Maria Campos
postado em 11/10/2020 00:21
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Indicada para a Presidência da Comissão do Orçamento

Como disse o governador Ibaneis Rocha (MDB), a deputada Flávia Arruda (PL-DF) é a mulher que parou o Congresso. Ela foi indicada pelo Centrão para presidir a Comissão Mista de Orçamento do Congresso. A candidatura é única. Mas o presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), acredita que, por acordo de líderes, o cargo é reservado a um integrante do DEM. No caso, o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA). Mas a decisão não é aceita pelo Centrão e o impasse está instalado. Os trabalhos na CMO estão paralisados desde o início da pandemia. Mas existe pressão para a retomada das atividades ainda mais agora que o país tenta voltar à normalidade e o governo enviou ao Congresso a proposta de Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2021.

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Apoio feminino

Mais do que o apoio do Centrão, Flávia Arruda ganhou o apoio de muitas deputadas que viram na indicação uma chance de as mulheres fazerem história. Nunca uma deputada presidiu a Comissão do Orçamento. Flavia ganhou apoios de parlamentares de diferentes ideologias: Maria do Rosário (PT-RS), Benedita da Silva (PT-RS) e muitas outras. A deputada Tábata Amaral (PDT-SP) postou nas redes sociais: “A deputada Flávia Arruda está prestes a fazer história”. Para ganhar no tapetão, Alcolumbre suspendeu as sessões da CMO. Até quando? Enquanto isso, Flávia Arruda, em seu primeiro mandato, surfa na popularidade: “Sinto-me muito honrada com a indicação e com a possibilidade de ser a primeira mulher a chegar lá”.

PM poderá retomar atendimentos médicos

Os atendimentos médicos de policiais militares que estavam suspensos poderão ser retomados. É que o governador Ibaneis Rocha (MDB) autorizou uma suplementação orçamentária de R$ 15 milhões para o Fundo de Saúde da PM.

Pecados e milagres

 (crédito: @giscardstephanou/Instagram)
crédito: @giscardstephanou/Instagram

Apesar de existir há quase 30 anos, no Eixo Monumental, a Catedral Rainha da Paz foi regularizada apenas na semana passada, quando a escritura pública foi assinada pelo governador Ibaneis Rocha. “Foram 29 anos esperando pela regularização do terreno. Se temos pecados, também temos milagres sendo realizados”, afirmou o líder do governo na Câmara Legislativa, deputado Cláudio Abrantes (PDT).

Crise, mas nem tanto...

Apesar da pandemia, o mercado imobiliário está aquecido. Dados da Associação dos Notários e Registradores do DF (Anoreg) indicam que houve um aumento de 30% nos registros de compra e venda nos cartórios em julho e agosto deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

Adeus

O ano não tem sido fácil. Só nesta semana, perdemos dois conhecidos jornalistas. Com complicações decorrentes de covid-19, morreu o querido Edson Luiz, o Edinho. De câncer, partiu o comunicador e ex-deputado Ricardo Noronha, na última sexta-feira.

Investimentos abaixo do previsto

Até o momento, o GDF destinou R$ 372.655.355,53, em recursos próprios, para investimentos. Corresponde a 14% do total previsto no Orçamento. A maior fatia dos investidores foi para urbanização. Foram R$ 133,5 milhões para essa destinação. Um fiasco foi a destinação para investimentos em cultura. R$ 52.828,48 foi o montante aplicado neste ano pelo GDF. O valor corresponde a 0,4% do previsto no Orçamento que já era uma reserva baixa: R$ 1,1 milhão. O levantamento é do gabinete do deputado Chico Vigilante (PT).

Siga o dinheiro

R$ 22 milhões

É o custo previsto para modernização e transformação da Feira Central da Ceilândia em Mercado Central da cidade. A obra vai quase dobrar a área útil do espaço, com criação de mezanino e setorização dos estabelecimentos comerciais,
de forma a levar segurança e qualidade
de vida para feirantes e visitantes.

Enquanto isso... Na sala de Justiça

O Ministério Público do Trabalho errou ao emitir uma série de recomendações sobre as regras para o home office na pandemia. A avaliação é do advogado e ex-juiz do Trabalho Marcelo Bessa. “Pularam o córrego e passaram a legislar, o que não é atribuição do MPT. Da forma como foram colocadas as recomendações, não só a fiscalização vai ser impossível, como simplesmente vai ser criado mais um passivo para as empresas, com o risco de seus funcionários que estão em regime de home office passarem a cobrar por recomendações que teriam sido descumpridas”, afirma. Dentre as orientações do MPT estão pausas para descanso, regras sobre ergonomia, capacitação e direito à desconexão, que seriam direitos dos trabalhadores.

Só papos 1

 (crédito: Sergio Lima/AFP)
crédito: Sergio Lima/AFP

“Eu não sabia nem o que era o SUS. Eu passei a minha vida sendo tratado em instituição pública do exército, vim conhecer o SUS a partir deste momento da vida e compreendi a magnitude dessa ferramenta que o Brasil nos brindou”

Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello

Só papos 2

 (crédito: Vinicius Cardoso/Esp. CB/D.A Press)
crédito: Vinicius Cardoso/Esp. CB/D.A Press

“Em plena pandemia, o ministro da Saúde assumiu o cargo sem ter a menor ideia ‘do que era o SUS’. Está mais do que evidente: a péssima gestão do governo Bolsonaro é responsável por quase 150 mil mortos pelo coronavírus no Brasil”

Deputado Alessandro Molon (PSB-RJ)

Mandou bem

Setembro registrou redução de 51,9% nos roubos de veículo, em comparação ao mesmo período de 2019. Queda significativa.

Mandou mal

Segundo IBGE, setembro teve a maior inflação dos últimos 17 anos. O IPCA subiu 0,64%. Em setembro de 2003, o indicador teve variação de 0,78%.

À QUEIMA-ROUPA

 (crédito: Reprodução/Instagram)
crédito: Reprodução/Instagram

Gabriela Rollemberg
Advogada

Você tem trabalhado em movimentos para aumentar a participação das mulheres na política. Acredita que tem havido avanços?
Sim, temos tido avanços, em especial nos últimos anos, com as decisões do STF e TSE sobre a destinação de percentual mínimo de recursos do Fundo Partidário e Fundo Eleitoral para candidaturas femininas. O incremento no investimento em campanhas femininas impactou significativamente no número de mulheres eleitas. Mas ainda há desvios desses recursos, candidaturas laranjas, e uma falta de compreensão dos partidos políticos quanto à importância dessa pauta, o que ainda dificulta para que tenhamos avanços ainda maiores.

Numa sociedade como a brasileira em que o machismo e a misoginia parecem estar se fortalecendo, fica difícil acreditar na ampliação da participação feminina na política?
Na verdade, é certo que há um cenário muito desfavorável, em especial nesse momento de pandemia, com uma sobrecarga ainda maior para a mulher nas tarefas domésticas e criação de filhos, aumento da violência contra a mulher, dentre outras questões desafiadoras, em especial para quem decide ser candidata. No entanto, há um grande despertar das mulheres pelo mundo, que tem resultado em inúmeros movimentos, coletivos, institutos, campanhas que têm trabalhado para fortalecer as candidatas e sensibilizar o eleitorado para essa temática. Posso citar como exemplo a iniciativa que fundamos, que é a Quero Você Eleita, uma jornada de consultoria coletiva que tem como propósito converter candidaturas femininas em mandatos.

Em que as mulheres são mais ativas e competentes do que os homens quando se trata de vida pública?
As mulheres têm um jeito particular de exercer a liderança, o qual tem especial relevância no momento atual, considerando o cenário de crise sanitária, política e econômica. Basta analisar como países liderados por mulheres têm se destacado no combate à pandemia. Há exemplos maravilhosos, tais como Angela Merkel na Alemanha, Jacinda Arden na Nova Zelândia, Tsai Ing-wen em Taiwan, Katrín Jakobsdóttir na Islândia, etc. Mulheres tendem a adotar um estilo mais democrático, empático e participativo, a ter melhor habilidade de comunicação, a dialogar mais com a população. Além disso, priorizam o aconselhamento por especialistas e cientistas.

No governo do seu pai, Rodrigo Rollemberg, havia mulheres em posições estratégicas, como a secretária Leany Lemos, no comando do orçamento e gestão. Você incentivava essa postura?
Certamente. Além da Leany Lemos, que foi uma gestora incrível que vem se destacando nacionalmente, ainda havia muitas outras mulheres admiráveis que se destacaram no governo. Apenas para dar alguns exemplos, posso citar Paola Ayres na Procuradoria-Geral do DF, Heliana Kátia Campos como presidente do SLU, Bruna Pinheiro como presidente da Agefis, Márcia Alencar na Secretaria de Segurança Pública, Leila Barros na Secretaria de Esporte, deputada distrital Luzia de Paula, dentre várias outras. Meu pai sempre elogiava a atuação e dedicação das mulheres do seu governo. Tenho certeza de que foram fundamentais para entregas relevantes em benefício da população do Distrito Federal.

Acredita que sua mãe, Márcia Rollemberg, ainda vai ingressar na política?
Não acredito que esteja nos planos dela, mas não tenho dúvidas de que ela faria um excelente trabalho.

E você?
Acredito que somos seres políticos por natureza, e há muitas formas de fazer política. Tenho sido uma ativista voluntária pela participação feminina na política, pelos direitos das mulheres, e feito a minha parte enquanto sociedade civil. Tenho atuado institucionalmente a partir da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), pela associação Elas Pedem Vista, e fundamos recentemente a Quero Você Eleita, para deixar de forma mais efetiva a nossa contribuição para acelerar a mudança que queremos ver no mundo com mais mulheres em cargos de poder.

Pode dar um exemplo de competência feminina na política?
Tenho a honra de conviver com grandes exemplos de competência feminina na política, e aproveito para mencionar algumas das mulheres que convidamos para entrevistas na Quero Você Eleita, que se destacam como lideranças importantes no cenário político, e nos inspiram pela sua trajetória de vida. A deputada federal Margarete Coelho, que foi a primeira vice-governadora do Piauí, grande estudiosa e militante da participação feminina na política; a deputada Soraya Santos, que é a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-secretária da Câmara dos Deputados, e que tem um papel fundamental no fortalecimento da Bancada Feminina; a primeira vice-governadora do Espírito Santo Jaqueline Moraes, negra e que trabalhava como camelô antes de ingressar na política; a deputada federal Perpétua Almeida, que veio do seringal, e se destacou na Presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional; a deputada Luísa Canziani que, apesar de ser a mais jovem parlamentar do Congresso Nacional, já foi premiadíssima pelo seu desempenho nesse primeiro mandato. Há vários outros exemplos a ser citados, e o que precisamos é, realmente, dar destaque ao trabalho que vem sendo desenvolvido pelas mulheres de uma forma geral, entendendo que uma maior representatividade de mulheres em espaços de poder contribui diretamente para a construção de políticas públicas de qualidade, com impacto direto no Índice de Desenvolvimento Humano e no Produto Interno Bruto do país.

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