ENTREVISTA

"O comércio foi sacrificado demais durante a pandemia", diz empresária Janine Brito

Conselheira do Sindivarejista aponta como o setor foi atingindo no DF

Cibele Moreira
postado em 14/10/2020 06:00
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A pandemia da covid-19 impactou diretamente o setor produtivo. Muitas empresas precisaram fechar, temporariamente, as portas e enfrentaram a queda no faturamento e corte de pessoal. A Conselheira Superior do Sindicato do Varejo do Distrito Federal (Sindivarejista), Janine Brito, destaca que o maior impacto gerado ao longo dos últimos seis meses foi o desemprego no setor. “Afetou demais, mas eu acredito em uma retomada”, pontuou Janine durante entrevista ao programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília. Para a empresária e integrante da Câmara de Mulheres Empreendedoras da Fecomércio e do Conselho de Mulheres Notáveis do DF, Janine acredita em um aquecimento de 2% nas vendas para o Natal deste ano.

Qual a sua opinião sobre o fechamento da W3 aos domingos e feriados para o lazer?

Eu tenho a certeza de que os empresários estão atravessando a fase mais difícil de suas vidas. O comércio foi sacrificado demais durante a pandemia, desnecessário esse fechamento da W3, tendo ao lado um dos maiores parques da América Latina, senão o maior, que é o Parque da Cidade. Um espaço totalmente disponível para o lazer, totalmente adequado, e a poucos metros da W3, com ciclovia, com área para pedestre andar com todo o apoio necessário. E, do outro lado, nós temos o Eixão do Lazer. A gente não consegue entender por que fechar a W3, isso acaba prejudicando todo o comércio ao longo daquela avenida (nesse momento de pandemia).

Quais foram os principais impactos e maiores dificuldades enfrentadas pelo setor durante a pandemia?

O maior impacto foi o desemprego. O desemprego afetou demais a sociedade. As áreas de gastronomia, turismo e eventos terão uma dificuldade enorme para retornar à sua normalidade. Não será fácil, porém, eles estão fazendo todo o possível. Eu acredito numa retomada em forma de V. Desceram ao fundo, mas vão subir também como um foguete.

Quais são os principais desafios nesse momento de retomada?

Um dos maiores problemas que nós vamos enfrentar é justamente a questão da empregabilidade e do abastecimento. Nós temos que lembrar que é preciso que o governo se sensibilize com relação aos encargos trabalhistas. O empregador quer gerar emprego, mas ele não pode fazer isso sem muita cautela. É muito importante que o Estado se lembre que quem gera emprego é justamente o setor produtivo.

O Refis (Programa de Regularização Fiscal) poderia ser uma alternativa?

O Refis ajuda porque facilita a condição do empresário de retornar ao mercado. Contribui para que ele possa participar das ações, para que possa colocar a vida financeira em dia e possa saudar os débitos junto ao governo e, com isso, respirar um pouquinho. Só há uma forma de retornar ao crescimento, que é apoiando o setor produtivo.

Como está a expectativa do varejo para o fim do ano?

Nós imaginamos que haverá um pequeno aumento, um aumento menor do que houve no ano passado, em virtude da pandemia, mas, ainda assim, um aumento em torno de 2% a 3%. No ano passado o aumento foi de 5%.

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