Poucos alunos, nova rotina

Estudantes do 6º ao 9º ano retomaram as atividades presenciais e encontraram escolas bem diferentes, com sinalização de distanciamento, aferição de temperatura na entrada e uso obrigatório de máscaras. Estimativa é de que 12 mil jovens voltem a frequentar os colégios

Jéssica Moura
postado em 19/10/2020 23:13
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Mesmo com a adaptação dos colégios para reduzir os riscos de contágio pelo novo coronavírus no ambiente escolar, foram poucos os alunos do 6º ao 9º que retornaram para a sala de aula ontem. Essa segunda-feira marcou a terceira etapa de volta às aulas nas escolas particulares do Distrito Federal, que precisam seguir uma longa lista de regras e protocolos de segurança para oferecer aulas presenciais aos matriculados nos anos finais do ensino fundamental.

“Uma parcela pequena decidiu voltar e está em sala recebendo as aulas normalmente, tem sido desafiador”, afirma a professora de língua portuguesa Patrícia Queiroz. Ela trabalha no colégio Notre-Dame, da Asa Sul. “Não estamos trabalhando de modo escalonado, porque não há necessidade”, explica. Apenas 80 dos 500 alunos voltaram à escola. Quem permanecer em casa, vai acompanhar a transmissão ao vivo das aulas. A unidade passou a contar com marcadores no piso para organizar o fluxo nos corredores e escadas. Além disso, um espaço foi separado para isolar as pessoas que apresentem sintomas da covid-19.

O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF) estima que 12 mil dos 45 mil estudantes desta fase voltarão às atividades presenciais. Em outras unidades, os alunos só retornarão na próxima semana. Na escola franciscana Fátima, todos os estudantes da fase 2 e também do ensino médio ficarão no ensino remoto. “Cerca de 76% quiseram continuar remoto, não valia a pena voltar pela quantidade”, diz o coordenador do Comitê Operacional de Emergência (COE) da instituição, Aledomar Costa.

Medidas sanitárias
As instituições tiveram de se adaptar para receber os estudantes do segmento, e atender às exigências do decreto de reabertura, editado pelo governador Ibaneis Rocha. A entrada e saída dos adolescentes era feita em portões diferentes do acesso das crianças, além dos horários do intervalo e de saída terem sido alterados para que turmas diferentes não se cruzassem. Em muitas unidades, foram instalados tapetes com água sanitária e funcionários também aferiam a temperatura de alunos e professores.

Clériston Baio é inspetor escolar e controla o acesso ao colégio. Ele diz que os alunos ainda ficam espantados de ver os funcionários de máscara e face shields. Apesar dos cuidados, ele se preocupa: “Também sinto receio”. Uma decisão judicial restringiu a obrigação de que as escolas testassem todos os professores para a covid-19. Agora, a medida vale para aqueles que apresentem sintomas da doença, ou que tiveram contato com infectados.

“A gente lamenta, estávamos esperando uma decisão da Justiça para testagem de todos os professores”, afirma o diretor jurídico do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinproep), Rodrigo de Paula. “Tem muita gente que é assintomática”, frisa. No entanto, ele ressalta que a adoção do protocolo tem dado certo. “As escolas estão cumprindo as regras de afastamento, e os jovens são mais conscientes, diferente da primeira etapa”, ressalta.

Preocupação
“A escola tem responsabilidade de nos notificar qualquer coisa”, cobra a administradora Vanessa Castro, 54 anos. Ela decidiu trazer o filho Mateus Goulart, 15, para a escola. “Não estou 100% segura, mas essa decisão foi tomada baseada no bem-estar mental dele também”.

Ela conta que o adolescente teve crises de ansiedade ao longo do período de isolamento social e tinha saudades dos colegas. Contudo, ele não se animou com o retorno: “Quer apostar que vou ser só eu que estarei na minha sala?”. E não deu outra: na turma do 8º ano no Notre-Dame, Mateus foi o único aluno a voltar. “Estou torcendo para que tudo dê certo”, completa a mãe.

 


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