Justiça

Condenado injustamente, jovem deve deixar Papuda após 3 anos preso

Lucas Moreira de Souza, de 27 anos, está lotado na Penitenciária do Distrito Federal II (PDF II) desde 20 de dezembro de 2017, quando foi preso acusado de cometer uma série de assaltos em Ceilândia. Após revisão criminal, juíza titular da Vara de Execuções Penais (VEP) concedeu alvará de soltura na noite desta quarta-feira

Darcianne Diogo
postado em 21/10/2020 22:56 / atualizado em 21/10/2020 23:05
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press -13/4/11 )
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press -13/4/11 )

A juíza titular da Vara de Execuções Penais (VEP), Leila Cury, concedeu, na noite desta quarta-feira (21/10), alvará de soltura a Lucas Moreira de Souza, 27 anos, preso injustamente em 20 de dezembro de 2017. O jovem, que está detido no Complexo Penitenciário da Papuda, foi acusado de cometer uma série de assaltos e, inclusive, uma tentativa de latrocínio.

A previsão é de que Lucas saia ainda na madrugada desta quinta-feira (22/10). A decisão proferida partiu após parecer do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). 

Era 20 de dezembro de 2017, quando o pesadelo de Lucas Moreira de Souza, de 27 anos, começou. Nesse dia, o jovem havia passado a manhã soltando pipa na frente da casa da tia, em Ceilândia, mas, sem qualquer motivo, foi surpreendido pouco tempo depois por policiais da região, que afirmaram que o rapaz havia cometido assaltos e uma tentativa de latrocínio. 

No dia em que o jovem foi preso, dois criminosos roubaram um carro Palio em Ceilândia. Com o veículo, a dupla cometeu vários assaltos até chegar no Recanto das Emas, como conta a defensora pública Antônia Carneiro. “Uma das vítimas, especialmente a do roubo do veículo, disse aos policiais que o autor era manco.” Policiais do Recanto das Emas acionaram a equipe de Ceilândia e passaram as informações sobre o suposto criminosos. “Informantes teriam passado o nome do Lucas. Um policial foi lá, mas percebeu que ele não tinha um problema na perna.”, detalhou a defensora.

Na delegacia, Lucas precisou ser submetido ao reconhecimento. Pessoas que foram vítimas dos verdadeiros criminosos compareceram à unidade policial e apontaram o jovem como o responsável pelos delitos. “Depois do fato, as vítimas ficam nervosas e querem, de alguma forma, encontrar o responsável e fazer com que ele pague. O Lucas também é negro e, querendo ou não, existe um pouco desse estigma”, pontuou Antônia.

Inocência


Lucas respondeu a três processos, dois por roubo qualificado, sendo um desses com tentativa de latrocínio. Em um dos processos, ele foi absolvido pois os elementos colhidos na investigação não estavam elucidados. No total, o jovem pegou uma pena de 67 anos de condenação.

A testemunha chave para provar a inocência do jovem foi um policial civil, que acompanhou as investigações na época e procurou a Defensoria Pública para relatar sobre o estranhamento da prisão de Lucas. Segundo a defensora pública, o que chamou a atenção foi que, mesmo depois de preso, os roubos e assaltos continuavam na região, inclusive os criminosos utilizaram o mesmo carro roubado. “Um mês depois da prisão dele, duas pessoas foram detidas dentro do veículo e, uma delas, era manca”, frisou.

Antes do caso, Lucas tinha dois registros criminais e respondia em liberdade por desacato e por tráfico privilegiado — quando o réu tem bons antecedentes e não integra organização criminosa. A reportagem procurou o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que disse estar realizando análise para ver se o réu tem outros processos e outras penas a cumprir que não façam parte desta revisão criminal.

O Correio procurou a Polícia Civil do DF, mas não recebeu retorno até a última atualização dessa reportagem.

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