ENTREVISTA

"O hábito de consumo mudou", afirma superintendente do Sebrae-DF

Convidado do CB.Poder, Valdir Oliveira alerta para a necessidade de os empresários adaptarem-se à nova realidade e avalia que a privatização da CEB é fundamental para que a companhia melhore a prestação de serviço à população

Ana Clara Avendaño*
postado em 22/10/2020 06:00
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

De acordo com o superintendente do Sebrae-DF, Valdir Oliveira, a privatização da Companhia Energética de Brasília (CEB) Distribuição é necessária para garantir o fornecimento do serviço a toda população. No entanto, é dever do Estado evitar a instauração de um monopólio na distribuição de energia elétrica. Ontem, em entrevista ao CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília — Valdir Oliveira analisou, além do processo de venda da CEB, a economia brasiliense, as oportunidades geradas pelas comemorações de fim de ano para os empreendedores e as linhas de crédito do governo para empresários.

Podemos ser otimistas na retomada da economia?

A nossa economia é baseada no consumo, por isso que o comércio é forte. O DF possui uma renda per capita privilegiada, temos o servidor público que manteve essa renda. Houve uma natural retração com a pandemia, mas o estímulo do Natal e a ansiedade daqueles que querem consumir vão ajudar na criação de um Natal de oportunidades. Precisamos alertar aos nossos empreendedores que o hábito de consumo mudou e só haverá uma grande quantidade de vendas no Natal se ajustarmos o hábito de consumo à realidade da empresa. Hoje, as formas de aquisição seguem o princípio da agilidade e comodidade, assim, os empreendedores precisam estar preparados. O dinheiro não some, ele muda da mão do empresário acomodado e vai para a mão do empreendedor que soube se adaptar.

O governo criou alguns programas para ajudar o empresariado e linhas de créditos foram facilitadas. Isto foi suficiente?

Crédito nunca é suficiente, porque a necessidade migra e cresce a todo momento, mas se a oferta de crédito foi muito grande e despejou muito recurso no mercado, não atendeu todos, principalmente os microempreendedores, que já não tinham acesso. Procuramos formas de abraçar esses empreendedores, no entanto, todas vez que você atende um grupo, aparecem outros grupos ou as próprias necessidades do grupo muda. A necessidade de crédito no mercado nunca será totalmente sanada, e isto faz parte do empreendedorismo, da busca a partir da insatisfação e de ultrapassar os limites.

Como o senhor enxerga o processo de privatização da CEB?

A privatização é uma resposta à gestão, e ela se torna necessária. As estatais precisam ampliar o atendimento para sociedade e, para que isto aconteça, urge investimento e eficiência, que são duas coisas que o Estado não tem. O Estado tem dificuldade na eficiência devido à questão legal, não tem nada a ver com incompetência, mas o DNA do setor público não favorece. Eu defendi a privatização e continuo defendendo, porque acho que é a forma de ampliar o acesso da população ao serviço. A grande pergunta que a sociedade tem que responder é se prefere ser proprietário do serviço ou ter acesso a ele. A privatização é um caminho que precisa ser debatido com os cidadãos.

Como fazer o processo de privatização da CEB sem piorar os serviços e aumentar as tarifas?

Nenhum monopólio é saudável para a economia, nem o estatal nem o privado. No caso da energia elétrica não tem como fugir do monopólio, nós temos que ter o cuidado para o interesse do acionista não destruir a necessidade do consumidor. Essa deve ser a função do Estado. O que é importante para o Estado? É garantir a energia de qualidade nas casas e que todos tenham acesso à energia. Nós temos que nos concentrar nisso.

* Estagiária sob a supervisão de Guilherme Marinho

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