OBITUÁRIO

"Era um excelente profissional", diz ex-corregedor da PCDF sobre capitão que atuou no Panatanal

Helicóptero pilotado pelo agente da Polícia Civil caiu em Poconé (MT) em 8 de outubro, durante operação de combate a incêndios no pantanal. Após o acidente, ele passou por uma cirurgia e se recuperava no Rio de Janeiro, onde morreu de embolia pulmonar

Darcianne Diogo
postado em 27/10/2020 22:22 / atualizado em 28/10/2020 11:43
 (crédito: Arquivo Pessoal.)
(crédito: Arquivo Pessoal.)

Autêntico, companheiro, dedicado e humilde. Será assim que Renato de Oliveira Souza, de 55 anos, ficará lembrado pela família, amigos e colegas de profissão. O agente da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) faleceu na madrugada de ontem em decorrência de uma embolia pulmonar — doença em que uma ou mais artérias pulmonares ficam bloqueadas por um coágulo sanguíneo. O policial pilotava o helicóptero da Força Nacional que caiu no pantanal em 8 de outubro. Ele chegou a ficar internado, mas havia recebido alta na quarta-feira da semana passada.

O agente estava na casa de um parente no Rio de Janeiro, onde se recuperava do acidente ocorrido em Mato Grosso. “Ele estava bem e o prognóstico era excelente. Os médicos até se surpreenderam pelo meu pai já estar andando com a ajuda de andador, mesmo com a previsão de que ficaria sem conseguir se locomover até o Natal. Mas, de repente, na tarde de hoje (ontem), ele começou a ter uma falta de ar, e em questão de duas horas faleceu”, contou Karina Fernandes de Souza, 31 anos, filha única de Renato.

Desde que se mudou para o Canadá, há um ano, a filha não encontra com o pai. “Está sendo doloroso, mas ele sempre me falava que se morresse mergulhando ou pilotando, que era para eu não ficar triste, porque ele morreria feliz”, contou.

Amigo de Souza desde 2005, o comandante de helicóptero da Polícia Civil do DF Rodrigo Gouvea conta dos momentos que passou ao lado do companheiro. “Meu pai foi instrutor dele em um curso, em 1999, mas só o conheci em 2005 na Academia da PCDF. A partir daquele momento, o considerei como pai”, relembra.

O ex-corregedor-geral da PCDF e atual delegado-chefe da 4ª Delegacia de Polícia (Guará), Anderson Espíndola, lamentou a morte do colega. “Era um excelente profissional. Uma grande perda para a família Polícia Civil e toda a sociedade. Tive a oportunidade de participar de várias operações com ele. Aqui, ficam os meus sentimentos aos familiares”, frisou.

Carreira

Renato Souza nasceu no Rio de Janeiro e se mudou para Brasília em 1992, quando passou no concurso da PCDF. No DF, passou por unidades como a Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), Polinter, Divisão de Operações Especiais (DOE) e, desde 2011, era lotado na Divisão de Operações Aéreas (DOA). Em maio de 2016, o servidor entrou para a Força Nacional de Segurança Pública, especificamente na Seção de Aviação, onde era o comandante. “Há nove anos, era piloto de helicópteros da corporação. Por onde passou, sempre exerceu as funções com excelência, deixando marcas de dedicação e amor pela profissão”, lamentou a Polícia Civil, por meio de nota oficial.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública também emitiu nota de pesar pelo falecimento. “Reconhecemos e agradecemos ao policial Renato de Oliveira Souza por seu profissionalismo e dedicação pelo país. Aos familiares e amigos, manifestamos nosso sentimento de solidariedade.”

Orgulho

Nas redes sociais, o policial não escondia o amor pela profissão e postava, frequentemente, fotos em helicópteros. Renato atuou em vários estados brasileiros, comandando a aeronave Nacional 01. Em janeiro de 2019, a barragem da mineradora Vale rompeu-se em Brumadinho (MG). O policial e outras equipes da Força Nacional foram acionadas para auxiliar no socorro. Renato chegou a salvar um bombeiro que se afogava na lama. Pela atuação, recebeu uma medalha.

Entre as inúmeras operações que participou, teve destaque também nas Olimpíadas Rio 2016. No DF, o policial ajudou a mapear o Lago Paranoá e auxiliou, também, em resgates no local. Há um mês, ele foi infectado pela covid-19, relataram familiares de Renato ao Correio, mas se recuperou e foi para a missão no pantanal.

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