O CB.Saúde - parceria do Correio com TV Brasília - desta quinta-feira (5/11) entrevistou a médica obstetra e ginecologista Marcelle Domingues Thimoti sobre as condições de acesso à saúde da população negra no Brasil e, em especial, no Distrito Federal.
A médica explica que há estudos que mostram que pacientes negros tiveram mais complicações decorrentes da covid-19, além de ter morrido mais da doença. A razão disso é a dificuldade no acesso amplo a atendimentos médicos, além de, muitas vezes, os atendimentos serem tardios.
"Quando chega em um centro de referência de saúde, o estado já está muito grave, já é uma doença avançada. Além disso, muitas vezes essa pessoa não consegue ter a prevenção. A gente, aqui, está preocupada com máscaras, álcool em gel, mas muita gente sequer tem acesso a sabonete para fazer sua higiene pessoal", explica a especialista.
Além disso, ela ressalta os locais que registraram altos índices de mortes e casos graves, como Rio de Janeiro e Amazonas. "São estados que têm uma periferia superlotada e essa periferia é superlotada da população negra. Extrapolando para Manaus, as periferias são superlotadas de populações ribeirinhas, descendentes de indígenas, que não tem um acesso bom. As políticas estão cada vez mais restritivas quanto a essas populações", avalia Thimoti.
Outro ponto destacado pela médica são as consequências, ainda incertas, da covid-19, em especial em mulheres. Contudo, ela afirma que foi possível averiguar aumento em doenças que comprometem a qualidade de vida em mulheres, além de mortalidade, que tem sido correlacionado ao fato daquela paciente já ter tido covid.
Segundo a médica, houve aumento de morte materna, de abortos espontâneos, de mortes de fetos intrauterinos, além de aumento no número de partos prematuros.
"Várias pacientes estavam tranquilas e a única coisa que a gente conseguiu correlacionar foi que eram pacientes que um, dois meses antes do acontecimento, tinham tido covid", define a ginecologista.
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