MANIFESTAÇÃO

Pela paz no trânsito

Ciclistas reuniram-se na praça do Palácio do Buriti para homenagear 12 colegas que morreram nas vias do DF

» SAMARA SCHWINGEL
postado em 05/11/2020 21:50
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Ciclistas, familiares e amigos reuniram-se, ontem, na praça do Palácio do Buriti para homenagear os ciclistas que perderam a vida nas vias do Distrito Federal em 2020. O ato foi organizado pelo Instituto Rodas da Paz, em parceria com grupos de pedal do DF e Entorno. Segundo os organizadores, cerca de 100 pessoas participaram do ato. Além da homenagem, eles também pediam mais segurança no trânsito.

Os manifestantes lembraram 12 colegas mortos neste ano no Distrito Federal e no Entorno — até setembro, o Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF) contabiliza sete ciclistas que morreram na capital federal. Cruzes com os nomes de cada uma das vítimas foram instaladas na Praça do Buriti. Os homenageados foram: Edson M. Farias, Ilda Barbosa, Eduardo Carvalho, Renato dos Santos, Jailson B. de Oliveira, Francisco de Sales, Ricardo C. Aragão, Rodrigo R. da Silva, Antônio Silva, Vitor Pullig, Anísio de Souza e Francisco Lourenço Filho. As pessoas falaram o nome de cada um seguido pelo grito de “presente”.

Os grupos responsáveis pelo ato redigiram um manifesto com reivindicações em relação à segurança do trânsito. De acordo com Eduardo Guimarães, um dos organizadores do ato, o texto dispõe de diversas ideias construídas para garantir um bom convívio entre todos que utilizam as vias do DF. “Algumas já foram apresentadas a gestões anteriores, mas nunca foram realmente implementadas. Com a manifestação, esperamos conseguir apoio para mudar. Sabemos que não será do dia para a noite, porém, precisamos dar o primeiro passo”, afirma.

Presente na manifestação, Aline Henninger, 26 anos, pedala há seis anos. Além de ter sofrido acidente enquanto pedalava, ela perdeu um amigo atropelado em 2017. “A perda me traumatizou muito, pois eu estava com ele quando um carro o atingiu na L2 Norte. Eu o vi partir”, relata. Aline pensou em largar o pedal, mas, como trabalha realizando entregas de bicicleta, precisou continuar.

Além da manifestação em frente ao Palácio do Buriti, os participantes homenagearam um colega em especial. A pedido da família de Cláudio Mariano, morto em atropelamento em frente ao Hospital São Mateus, em 2017, eles instalaram uma ghost bike — bicicleta branca — em frente à unidade de saúde. “É um sinal para mostrar que ali uma vida foi tirada por um motorista inconsequente. Queremos mostrar que não estamos calados diante dos acidentes”, explica Eduardo.

Diálogo
Uma das reivindicações do grupo é a criação de uma comissão composta por membros de diversos órgãos do Distrito Federal e da sociedade civil que trate de mobilidade urbana e segurança pública. A intenção é criar uma agenda de ações a serem realizadas para amenizar e solucionar os fatos geradores de mortes de ciclistas no DF.

O secretário de Transporte e Mobilidade, Valter Casemiro, e o diretor-geral do Detran, Zélio Maia, foram ao encontro dos manifestantes durante o protesto. Após alguns minutos de conversa, as autoridades reuniram-se, em particular, com seis membros do grupo organizador do ato. O secretário de Mobilidade reconheceu que Brasília ainda precisa de mais ações para minimizar o número de acidentes com ciclistas, mas afirmou que a pasta trabalha para entregar operações neste sentido. “Precisamos estudar as demandas deles e ver o que pode ser atendido. Apesar disso, a construção de ciclovias e políticas que visam a diminuição de veículos na cidade são ações já implementadas, que têm o objetivo de garantir maior segurança no trânsito”, considera.

Zélio Maia reiterou que o Detran-DF trabalha para diminuir as ocorrências de acidentes no trânsito da capital federal. “A missão do Detran é promover campanhas educativas, e temos buscado conscientizar a população em relação à existência dos ciclistas”, afirmou o diretor-geral da autarquia. “Só vamos conseguir efetiva mudança com campanhas educativas. Mostrar que, no trânsito, não há competição, e que o maior defende o menor”, complementa.

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