Cuidar do meio ambiente é zelar pelo próprio lar. Realizar qualquer ação em favor da natureza faz toda a diferença e ajuda na preservação da fauna e da flora e na qualidade de vida da população. Pensando nisso, muitos brasilienses se reúnem, de forma voluntária, para cuidar de espaços públicos, como os parques do Distrito Federal, para recolher lixo, plantar árvores e, acima de tudo, promover a conscientização entre toda a sociedade. Não existe período certo para as atividades, todo dia é uma oportunidade para proteger e fazer algo pelo mundo.
O movimento Tempo de Plantar é um desses parceiros que a natureza tem. O grupo realiza ações todos os anos e planta centenas de árvores nativas pelos parques do DF. No ano passado, o plantio foi nos espaços administrados pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Este ano, uma grande ação será realizada a partir de 6 de dezembro e vai até março, período de chuva na capital. Jornalista e um dos voluntários, João Freire, 52 anos, conta que a época é ideal para o cultivo das árvores.
Em cada ação, realizada nos parques gerenciados pelo Ibram, o trabalho é divido. “Eles tomam conta da limpeza dos parques e nós plantamos novas árvores, mas tem de ser de espécies nativas. Além disso, fazemos a manutenção delas também, de colocar água na seca. Criamos vínculo com a árvore e com o parque”, disse João. Ele destacou que muitas pessoas criam expectativas de que o governo deve cuidar do meio ambiente, no entanto, ele discorda. “Se você joga óleo de fritura do ralo atrapalha o meio ambiente, por exemplo. Têm ações que o cidadão comum pode fazer para ajudar, são coisas básicas do dia a dia”, ressaltou.
Na ação de 2019, cerca de mil pessoas se inscreveram para participar. As inscrições ficam abertas o ano inteiro. Quem tiver interesse em participar pode entrar em contato pelo telefone do movimento ou pelas redes sociais.
No Guará, tanto o parque Ezechias Heringer quanto no Denner contam com as ações dos Amigos do Parque do Guará. Líder do movimento, o consultor e gestor ambiental Cristiano Monteiro, 42, contou que há mais de 15 anos o grupo trabalha em prol dos espaços, seja retirando lixos ou plantando novas árvores. Além dele, outros líderes ambientalistas e moradores da região estão à frente da força-tarefa. “Fazemos o monitoramento da fauna e da flora para minimizar os impactos ambientais. É um trabalho de formiguinha mesmo, as pessoas vão se sensibilizando e engajando. Temos muitos parceiros, como o Instituto Sagres, que nos ajuda com incentivo das mudas para plantio”, disse.
Para ele, os brasilienses têm se envolvido mais nas questões ambientais nos últimos anos. “Está melhorando o engajamento, a participação. Tem gente que entra na Justiça, sozinha, pedindo manutenção dos parques. Fazer parte de um trabalho assim é gratificante, porque fazemos parte da natureza. Então, quem for caminhar no parque, cuida da saúde e aproveita para ajudar a natureza de alguma forma”, incentivou.
Pioneiro
Há 32 anos, o produtor de cinema Carlos Valadares, 64, está à frente do movimento Amigos do Parque da Cidade, que atua de forma voluntária e independente no espaço público. O intuito é proteger o parque e mantê-lo para o bem-estar dos frequentadores. “Nesse tempo, fizemos de tudo. Plantamos árvores, cuidamos de quadra. Entendemos que o parque tem de ser do cidadão, até por isso somo contra a privatização. Por nós, nem carro passaria aqui dentro para que todos possam aproveitar de forma livre”, destacou o voluntário.
Durante um período da pandemia, o grupo espalhou poesias pelo Parque da Cidade para deixar o momento de tensão mais leve. “As pessoas estão cheias de problemas gerados pela pandemia, e isso acarretou problemas psicológicos em muitos. Nossa ideia era espalhar poesia para melhorar o dia das delas. Foi bem positivo”, disse.
Além das ações corriqueiras, o grupo pretende propor ao Governo do Distrito Federal (GDF) um espaço para ciência, destinado a crianças e jovens. “Nos reunimos com a secretária de Esportes, Celina Leão, para propor novidades. A ideia é um lugar onde eles aprenderiam sobre as grandes expedições científicas, iam brincar de cientistas. Está na hora de transformar o parque, recriar. E queremos fazer parte disso”, afirmou Carlos.
Mudas
O grupo Voluntários do Parque Ecológico Águas Claras, que soma mais de 80 pessoas, e os agentes de parque lotados na unidade, com apoio do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), concluíram ontem o plantio local de cerca de 800 mudas. A área do parque que está recebendo as plantas ganhou o nome de Bosque dos Voluntários, em homenagem aos que atuam por livre e espontânea vontade no lugar.
“É uma homenagem mais que merecida a essas pessoas que têm um grande sentimento de pertencimento ao parque, e que cuidam dele como se fossem sua própria casa, dedicando tempo e energia”, explica o agente de parque André Luis dos Santos Leopoldino.
Revitalização de praças
Assim como os parques, as praças são espaços públicos, usadas para o lazer e divertimento da população. Sendo assim, há mobilização de voluntários para revitalizá-las também. Em Ceilândia, o grupo Jovem de Expressão, em parceria com outros movimentos e moradores da cidade, realiza ações de manutenção e cuidados. A primeira aconteceu em 2006. Passaram-se 14 anos, e o grupo ainda se movimenta para levar melhor qualidade de vida para quem utiliza as praças.
Coordenador pedagógico do Jovem de Expressão e morador de Ceilândia, Max Maciel, 37, ressalta que o intuito é incentivar a participação popular na gestão da cidade. “Conhecemos a narrativa de que praça é um lugar perigoso e que ninguém deve ir. Assim, a população não frequenta e quem ocupa não cuida. Não temos o objetivo de substituir o Estado, mas de dar uma cara nova para as praças para que as pessoas tenham onde ter lazer”, destacou.
Hoje, ao todo, o grupo conta com 36 pessoas. Perto das ações, eles se dividem e passam de casa em casa para informar os vizinhos da ação e conseguir doações e mão de obra para as revitalizações. Em 14 e 15 de novembro é a vez da Praça da QNP 10 receber o movimento. “Estamos fazendo uma vaquinha on-line para arrecadar doações e investir na revitalização. Vamos contar com o SLU (Serviço de Limpeza Urbana) para capinar, um serralheiro para ajudar com os brinquedos e vai ter plantio de árvore também”, adiantou Max.
Os interessados em ajudar o movimento pode entrar em contato com o grupo pelas redes sociais @jovemdeexpressão. “Pode ajudar com mão de obra, doação em dinheiro, se não quiser doar com dinheiro pode doar material, que a gente busca. Todo o trabalho que fazemos é pelo aumento da interação social. Quando vemos as praças cheias temos uma sensação boa, de dever cumprido. Não achamos que isso vai revolucionar, mas, se toda comunidade fizer, todos poderão usar”, completou Max.
Como participar
» Tempo de Plantar
(61) 99610-0812
Facebook: Tempo de Plantar
» Amigos do Guará
Facebook: Amigos do Guará
» Amigos do Parque da Cidade
Facebook: Amigos do Parque da Cidade
» Jovem de Expressão
Instagram: @jovemdeexpressao
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