» DARCIANNE DIOGO
A grávida de três meses baleada na cabeça pelo namorado sofria agressões constantemente por parte do autor, com quem mantinha relação por seis anos e tinha um filho de 2 anos, segundo informaram duas testemunhas que prestaram depoimento ontem, na 13ª Delegacia de Polícia. Lorrane de Oliveira, de 24 anos, levou um tiro na casa onde o casal morava, em uma chácara no bairro Nova Colina, em Sobradinho. Na noite de ontem, ela saiu do box de emergência do Hospital Regional de Sobradinho (HRS) e foi transferida para um leito de unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital da Região Leste (Paranoá).
Desde a data do crime, Lorrane ficou alocada na Central de Regulação com prioridade um do HRS, por falta de leito, segundo informou a Secretaria de Saúde. Somente ontem, ela conseguiu uma vaga. “O leito disponibilizado estava ocupado por outro paciente que teve alta, por isso, era necessário aguardar a remoção deste paciente, para que L.S.O. fosse transferida”, informou a pasta, por meio de nota oficial.
O crime ocorreu na manhã de quarta-feira. Investigações conduzidas pela 13ª DP revelaram que a jovem estava no quarto da residência do casal, quando o autor, identificado como Cleiton Alisson de Souza, 29, disparou um tiro contra a vítima. A bala atingiu a região cervical da jovem. Familiares ouviram o disparo e encontraram Lorrane desfalecida. Eles prestaram socorros, inclusive com a ajuda do agressor, e a levaram ao HRS. O homem fugiu, mas investigadores conseguiram capturá-lo e ele foi preso.
Violência
Duas testemunhas que prestaram depoimento à polícia, ontem, afirmaram que Lorrane era agredida pelo companheiro e que o ciúme por parte de Cleiton era constante. Em um dos relatos, uma pessoa diz que a jovem levou diversos socos na boca, na porta de um bar, em Sobradinho, por ter saído sozinha. “As testemunhas contam que, após isso, o autor teria lhe obrigado a entrar debaixo da água fria. Em uma outra ocasião, chegou a mostrar a arma e a ameaçá-la, dizendo que se Lorrane o abandonasse, mataria ela e os familiares e, em seguida, cometeria suicídio”, informou o delegado-chefe da 13ª DP, Hudson Maldonado.
A amigos próximos, Lorrane chegou a confessar que tinha a intenção de romper o relacionamento, mas que tinha pena do companheiro, pois, segundo ela, ele não tinha para onde ir. “Ela teria dito, ainda, que a gravidez não foi planejada. São relatos severos, que mostram que não era uma convivência harmoniosa”, acrescentou o delegado-chefe.
As investigações continuam no sentido de elucidar os fatos que teriam motivado a tentativa de feminicídio. Ao Correio, o delegado afirmou que solicitará ao Judiciário a quebra do sigilo telefônico do celular de Cleiton e da vítima, como um passo para auxiliar na apuração policial. “Isso servirá para que possamos vasculhar os aparelhos em busca de mensagens que mostrem algum tipo de desavença ou motivação do crime”, finalizou.
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