Não vejo a hora desta pandemia acabar, é óbvio. Se deixarem, sou o primeiro na fila da vacina, seja ela de que país for. Mas, seria bom se algumas coisas continuassem como estão nestes tempos de isolamento social. Sim, mesmo nesta tragédia, vejo alguns pontos positivos, aos quais não quero dizer adeus.
O primeiro são as aulas on-line. Alguns anos atrás, estava me sentindo meio burro e voltei a estudar. Matriculei-me em uma graduação de psicologia, que pretendo concluir no ano que vem. Porém, devido ao trabalho, só me restava estudar pela manhã, turno em que as aulas começam às 7h40. Sete e quarenta, cara leitora, caro leitor! Sabe o que é isso para alguém que nunca tem sono antes de duas da manhã? Eu sei: é o inferno!
Durante todo o curso, fui aquele aluno que chegava esbaforido para não perder a chamada. E ficava frustrado ao perceber que, mesmo com a corrida alucinada entre o carro e a sala de aula, havia chegado tarde demais para garantir a primeira presença. Agora, não. Coloco o alarme para tocar às 7h39 e ainda assim chego à aula no horário. Algumas vezes vivenciei algo inédito em minha vida: cheguei antes do professor! Na época em que tinha de acordar pouco depois das 6h na esperança de estar na universidade na hora certa, sempre sonhei com o dia em que inventariam o teletransporte. Pois inventaram. Chama-se Zoom e Google Meet. Uma beleza.
Por extensão, outra coisa que deveria continuar, na minha opinião, são as reuniões on-line. Sim, elas representam um risco imenso de você virar o meme do dia se der o mole de aparecer pelado diante dos demais participantes. Mas, esse perigo é compensado pelas inúmeras vantagens. As reuniões tendem a ser mais curtas e, na hora em que começam a falar algo que não tem nada a ver com você, é possível adiantar outros trabalhos. Sem falar na inédita possibilidade, experimentada por mim dia desses, de participar de uma reunião da firma e lavar a louça ao mesmo tempo. Nunca imaginei que isso seria possível um dia.
Um terceiro ponto que peço, encarecidamente, para que não acabe é a presença de todos os restaurantes da cidade nos Foods e Eats da vida. Ah, ter a coxinha da Torteria de Lorenzo, a pizza da Dom Bosco, o sorvete de doce-de-leite da Baccio di Latte e a esfirra do Bsb Grill a apenas alguns cliques de distância é o paraíso dos gulosos. Quantas tardes deliciosas esses aplicativos turbinados de opções me renderam nos últimos meses...
Por fim, o que deveria continuar para fazer este humilde cronista feliz é a falta das festas de casamento. Ah, não gosto mesmo. Além da gente ter de usar sapato e terno e gravata, essas festas, na quase totalidade das vezes, parecem a junção do Natal de duas famílias (o que dobra o número de tios do pavê) com um ou outro penetra, que são os amigos dos noivos que ficaram com os poucos convites que não eram da lista de “obrigatórios”. Na pandemia, não precisei inventar nenhuma desculpa para não ir a casamentos. Seria bom que fosse sempre assim.
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