O cancelamento do carnaval de rua e do réveillon de Brasília em 2021, decretado nesta quarta-feira (18/11) pelo Governo do Distrito Federal (GDF), deixou os brasilienses abalados. Mas, a decisão não poderia ser outra, avaliam foliões e organizadores da festa ouvidos pelo Correio.
De acordo com o Decreto nº 41.482, publicado no Diário Oficial do DF desta quarta-feira (18/11), os eventos públicos comemorativos referentes às datas em questão estão cancelados. Em outubro, o GDF já tinha falado sobre a possibilidade de isso acontecer, mas a decisão foi oficializada somente hoje. Durante a manhã, o presidente da Liga dos Blocos Tradicionais de Carnaval do Distrito Federal, Paulo Henrique, estava em reunião para debater sobre o assunto.
“Recebemos hoje a notícia do cancelamento de qualquer atividade no período do carnaval, e achamos que essa decisão vai ao encontro do que a Liga dos Blocos pensa”, explica Paulo. Para o presidente, a decisão não foi uma surpresa. “Já estávamos conversando com a secretaria e não há condições de fazermos o desfile dos blocos tradicionais de rua, um dos eventos que mais gera aglomeração, se a população não tiver sido vacinada e imune à transmissão desse vírus”, acredita.
Para Paulo, a medida deverá impactar fortemente o calendário de atividades dos blocos de rua, que possui grande atuação no período carnavalesco. “Vai impactar negativamente não só os blocos de carnaval, como o comércio todo. No período de carnaval, o comércio é fortemente movimentado, já que muitas fantasias, artigos infantis, espuma, confete, serpentina são comercializados”, ressalta. "Mas entendemos que é algo prudente a ser feito. A Secretaria de Cultura junto com o GDF tem agido de maneira prudente", avala.
Apesar do cancelamento, Paulo diz que ainda há planos para a data dos dois próximos anos. “Já estamos estudando com a própria Secretaria de Cultura alguma atividade para ser feita por meio das plataformas digitais. O feriado, a data, vai continuar existindo. Então estamos estudando algum contato virtual com nossos foliões para não deixarmos passar em branco”, diz.
A expectativa para 2022 é alta, conforme explica o presidente: “Já vamos começar a conversar sobre o carnaval, pois cremos que a maior festa de rua da nossa capital vai ter um tempo considerável pra fazer um evento extraordinário”, diz.
Além de aglomeração
O carnaval nunca passa batido pela conteudista Bárbara Rodrigues Peçanha Araújo, 28 anos. Festa favorita da foliã, ela diz que anualmente celebra a data. “Eu costumo passar o carnaval indo muito para bloquinho. Gosto muito de curtir o carnaval de rua, seja em Brasília seja em outras cidades. Eu acho que é uma festa democrática. É importante porque é um momento de conhecermos outras pessoas, de distração, de fantasias, de sair um pouco da sua realidade, se divertir, extravasar”, acredita.
Para a conteudista, a decisão de cancelamento foi acertada. “Era o mínimo que o governo poderia fazer pensando na saúde, integridade e segurança das pessoas. É uma festa muito alegre, é um momento que esperamos todo ano, mas podemos esperar pra comemorar com responsabilidade e segurança para todos”, ressalta.
Para a estudante Andressa Delfino Neiva, 19, a data vai muito além de aglomeração. “Quando eu era mais nova eu via meus primos e tios indo e eu não podia participar, achava que era só festa, bagunça. “Só que hoje eu sei da importância histórica e cultural dessa festa para o Brasil”, pondera. "Além disso, é um momento que as pessoas se liberam, conseguem usar criatividade nas fantasias, se divertir, conhecer outras pessoas e estar ali, vivendo momentos indescritíveis. Não tem palavras pra expressar o sentimento de estar lá, na multidão, feliz, cantando e dançando“, garante.
Para Andressa, o cancelamento não era o desejo de muitos foliões, mas tornou-se algo necessário com a pandemia. “Eu fico triste de saber que não vai ter, mas também sei que é por um motivo maior, pelo bem da sociedade. Realmente, o carnaval é uma aglomeração absurda. Nem saímos da pandemia, então celebrar a data tão cedo assim seria meio errado e perigoso. Eu sei que é por um bem maior, mas também sei vai fazer falta pra muita gente”, lamenta.
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