Ao fazer um balanço das ações do governo em 2020 e apresentar as metas para o próximo ano, o governador Ibaneis Rocha (MDB) destacou que vai priorizar as parcerias público-privadas e as concessões para fomentar a economia da capital em 2021. Em almoço com integrantes do Grupo de Líderes Empresariais do Distrito Federal (Lide), o emedebista afirmou que a intenção é realizar contratos com a iniciativa privada para “tornar Brasília um estado governável”. O encontro ocorreu ontem, no Brasília Palace Hotel.
Presidente do Lide em Brasília, o empresário Paulo Octávio avaliou que a situação econômica do DF está melhor do que se projetava no início da pandemia, devido à parceria entre governo e empresários. “A economia teve que se reinventar. E, hoje, o que a gente vê é uma posição de cooperação entre governo e iniciativa privada. O governo de Brasília foi o primeiro a criar os mecanismos de defesa para a população e, ao mesmo tempo, o setor produtivo não parou. O setor produtivo continua trabalhando incansavelmente. Isso fez com que a economia avançasse. Nós não chegamos ao final do ano com o flagelo tão temido que se previa em março e abril.”
As concessões da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô – DF) e da Rodoviária do Plano Piloto estão entre os projetos citados pelo governador. “Não se trata só da CEB (Companhia Energética de Brasília). Nós temos que conceder, também, o nosso Metrô, a concessão está prevista para o início do próximo ano. O Metrô do Distrito Federal consome em torno de R$ 900 milhões por ano dos cofres do DF. Isso é a complementação da tarifa. Ele precisa, hoje, de um investimento de R$ 2,5 bilhões para troca dos carros, melhorias e nova energização das linhas. O Distrito Federal não tem esse dinheiro, não vai ter esse dinheiro. O Governo Federal não tem esse dinheiro, não vai emprestar para o Distrito Federal. Então, nós temos que conceder isso para o privado de modo que a gente possa ter a modernização”, justificou.
A Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) realizou audiência para discutir a transferência de gestão do Metrô-DF por 30 anos. A expectativa do Governo do DistriTo Federal (GDF) é de que a licitação ocorra no próximo ano. Com a iniciativa, o Executivo local espera reduzir os custos com o transporte e economizar R$ 175 milhões anuais.
Outra concessão prioritária, a da Rodoviária, está em fase de consulta pública. O projeto prevê um contrato de 20 anos, com investimento de R$ 190,6 milhões em obras que deverão priorizar a melhoria da mobilidade de passageiros e veículos na rodoviária, por meio da adequação do modelo operacional do terminal
“A rodoviária tem que ser concedida. O privado tem que entrar ali, o privado tem que operar, transformando aquilo num grande centro de movimentação de pessoas. Nós temos que resolver os problemas, e a parceria público-privada (PPP) é o melhor caminho para isso, como é, também, a concessão dos estacionamentos públicos”, defendeu.
Ibaneis fez as afirmações após comentar sobre a privatização da CEB. A empresa vai ser leiloada em 4 de dezembro, com valor mínimo estabelecido para a venda de R$ 1,4 bilhão. “Esse preço vai nos ajudar a pagar as contas, e as contas lá são altas, em torno de R$ 800 milhões, e vamos ter condições de investir na cidade, naquilo que é preciso”, disse o governador.
Obras
Em outra frente, o GDF deve continuar a apostar em obras para movimentar a economia. Na avaliação de Ibaneis Rocha, construções como a do túnel de Taguatinga ajudaram a gerar empregos e a reduzir os impactos da pandemia
“Temos uma visão de que 2021 vai ser o dobro daquilo que prevíamos para 2020. Nós temos inúmeras licitações em andamento na área de governo, inúmeras licitações importantes. Estamos com a maior obra de engenharia, talvez do Brasil, ocorrendo em Taguatinga, que é o túnel. Conseguimos liberar o viaduto do Recanto das Emas, estamos em via de liberação do viaduto do Riacho Fundo”, adiantou.
Pandemia
O governador foi questionado pelos empresários sobre como seria a atuação do GDF em uma possível segunda onda da covid-19 na capital. Ele prometeu que não vai decretar o fechamento do comércio, caso isso ocorra. “Nós estamos preparados, sim, para uma segunda onda. Rezamos muito para que a vacina chegue, seja lá de onde ela venha, da Rússia, dos Estados Unidos ou da própria China, onde surgiu o vírus. Não queremos passar mais por aquele movimento de fechamento que tivemos aqui naquele momento inicial.”
Segundo o chefe do Executivo local, as decisões mais rígidas tomadas no início da pandemia se deram “por incompetência do Estado”. “O Distrito Federal não tinha capacidade de atender a população, caso o número se elevasse. Hoje, caso venha uma segunda onda, nós temos toda a capacidade de atendimento”, garantiu.
Bolsonaro
Ainda durante o discurso aos empresários, Ibaneis comentou sobre as consequências da crise econômica provocada pela pandemia. Nesse momento, ele fez questão de elogiar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para o governador, a situação só não foi mais grave devido à atuação do presidente. “A culpa da pandemia não foi dele, como dizem. Pelo contrário, foi graças ao presidente que a situação não ficou pior. Graças ao auxílio emergencial, que ele assinou e evitou que milhares de pessoas passassem fome”, defendeu.
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Fortalecimento
Fundado no Brasil em 2003, o Lide é uma organização que reúne executivos dos mais variados setores de atuação em busca de fortalecer a livre iniciativa do desenvolvimento econômico e social. Presente em diversos países com 23 frentes de atuação, o grupo conta com 33 unidades regionais e internacionais, sendo Brasília uma delas. O propósito é potencializar a atuação do empresariado em ações em prol da sociedade.
Carnaval e réveillon cancelados
O Decreto nº 41.482, assinado pelo governador e publicado no Diário Oficial do DF (DODF) de ontem, cancelou, oficialmente, as festas do Réveillon 2020 e do Carnaval de 2021. Em outubro, o GDF, por meio da Secretaria de Cultura, dava sinais de que não tinha o interesse em subsidiar as comemorações. Na época, o secretário de Cultura, Bartolomeu Rodrigues, considerou que, devido à pandemia de covid-19, a capital federal não teria condições sanitárias para realizar grandes eventos públicos.