Entrevista

"Não aguentaríamos lockdown no Natal", avalia superintendente do Sebrae

Segundo ele, o setor produtivo do DF seria impactado de forma cruel por uma segunda onda da covid-19

Ana Clara Avendaño*
postado em 24/11/2020 06:00
 (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
(crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)

Um eventual lockdown em dezembro causado por uma segunda onda de coronavírus teria impacto cruel no setor produtivo do Distrito Federal, avalia o superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/DF), Valdir Oliveira. Ele afirma que um fechamento do comércio prejudicaria diretamente a expectativa positiva para as vendas de fim de ano. “Não aguentaríamos”, assegurou. Confira os principais trechos da entrevista.


Como estão as expectativas do comércio para as vendas de fim de ano?
Nossa expectativa é que tenhamos um bom Natal. A economia do DF é influenciada por um consumidor privilegiado, o servidor público que teve renda mantida e não foi muito afetado pelo cenário que estamos vivendo. O poder de consumo no Natal deve ser uma grande oportunidade para nossos empreendedores. Contudo, não é apenas a partir disso que o empreendedor conseguirá fazer um bom negócio, é preciso entender que o hábito de consumo mudou. O consumidor incorporou características como comodidade e agilidade que precisam ser implantadas nos negócios.

Essa mudanças ocorridas em relação à pandemia permanecerão?
Este novo mundo que já estamos vivendo será consolidado no pós-pandemia. As atuações remotas como vendas à distância e a transformação digital vieram para ficar. Até as relações que estão sendo construídas se embasam neste tipo de canal, nesta realidade. Portanto, precisa haver uma transformação digital nos negócios, se não os empreendedores perderão oportunidades.

O que os empreendedores podem fazer para se adaptar a esse novo momento?
A inovação é sempre uma oportunidade para o empreendedor avançar, principalmente o pequeno. Se o microempresário competir com as grandes empresas em valor e custo, perderá. Portanto, para conquistar espaço, é preciso ter um novo olhar e buscar um jeito diferente de fazer algo. Além de tudo, investir em canais de venda. O Sebrae oferece consultorias gratuitas de marketing digital. Esperamos ter mais de 120 mil horas de atendimentos contratados até o fim do ano. Queremos que os empreendedores do DF aprendam a utilizar esses canais.

Esse processo de inserção no marketing digital já parecia inevitável. Mas, a pandemia o acelerou?
Sim, porque a pandemia fez com que gerações que não estavam inseridas nos meios tecnológicos e entrassem nesse processo. A nova geração já está introduzida neste meio de streamings e de compra pela internet, ao ponto de não fazer ligações e usar as plataformas digitais disponíveis. As outras gerações passaram a incorporar isso e viram o quanto a praticidade e comodidade nos ajudam . Atualmente, temos um mercado diferente. E, se isso não for incorporado pelos pequenos empresários agora, será mais difícil no pós-pandemia.

Como se preparar para uma possível segunda onda de covid-19?
A pandemia não passou, o vírus está matando pessoas e nós precisamos ter cuidado. A sociedade e no âmbito dos empreendedores devem seguir todas as recomendações com negócios abertos ou fechados. No entanto, nós não aguentaríamos um lockdown no Natal, no mês do décimo terceiro e no melhor período da nossa economia. Nós precisamos manter essas condições e os cuidados a fim de sustentar essa situação dentro do controle.

Veja a entrevista completa 

* Estagiária sob supervisão de Alexandre de Paula

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